Um corpo que cai.



Eis que do ar ela vem caindo. Frágil, miudinha, vem queda livre, sem reação. 
Numa fração de segundos o chão aproxima-se de seu corpo miúdo, pasmo e sem reação ao que ocorre.
Não há nada entre ela e o solo.
Mas, um líder aparece e altera a natureza das coisas.
Líderes são pessoas que alteram o destino das cenas.
E a mão salvadora de seu técnico a ampara.
De forma digna, sem chamar atenção, quase como se ele ali não estivesse.
Depois, ele a ergue até a trave novamente. Para que ela continue sua série.
Esse gesto, de um dos técnicos da seleção Brasileira de Ginástica Olímpica, deveria ser tema de cursos de liderança e gestão.
Sua beleza transcende.
Expressa um cuidado extremo, uma única mão projetada no vazio, barra a força da queda, e a amortece.
Todos precisamos dessa mão que nos ampara quando em queda livre caimos
Todos. Os pais precisam assim fazerem para com seus filhos.
Gestores para seus liderados. Pastores, para suas ovelhas.
Amigos, para seus amigos.
Voltando-me para a vida corporativa, na qual temos urgência de posturas-coaching, o mais comum é ver os chefes lavarem as mãos, quando alguém de sua equipe vem caindo, ou não performa como planejado.
Vão guardando as coisas ruins, como quem faz um inventário, sem qualquer intervenção que possa corrigir rotas, alterar posturas. Sem ter as conversas difíceis, libertadoras da autonomia do ser. Emancipadora de nosso desempenho, desde que amorosas.
Um dia, eles puxam a fatura do inventário e se acham o máximo, por lembrarem-se das quedas que testemunharam, sem nada fazerem após. No sentido de recuperarem a auto-estima e carreira do caído. E o ano passa, e eles começam novo inventário de coisas ruins que vão vendo, sem tomar parte para - juntos, melhorarem como time.
Parece que não é com ele, e não é dele também a responsabilidade.
Gerentes que não acreditam, investem e despertam o melhor potencial humano de seus colaboradores, não é exceção nas organizações do trabalho, infelizmente.
Então, essa cena, durante a apresentação da ginasta Flávia é pedagógica.
Assim como o abraço que ele deu nela, ao término da apresentação, erguendo-a do solo.
Senti-me abraçado por ele. Como gerentes precisam aprender a abraçar. Como!!!
Quem já sentiu, na carreira profissional, o valor de um braço que nos segura na queda, e o de um abraço, naqueles dias em que achamos que não conseguimos, sabe de que falo.
O Valor de um braço que segura, e de dois que nos erguem pra continuarmos na luta, e depois nos abraçam - celebrando o resultado, seja qual for.

Isso sim, é atitude de líder!  O resto é ser chefe. Em qualquer instituição que a liderança atue. 

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