Não deixe para amanhã. (Autor Ricardo de Faria Barros)

Era a última das nove aulas ministradas, na turma de Pós Graduação Gestão em RH 2017, na UNIP-DF, disciplina Qualidade de Vida no Trabalho e Desenvolvimento Profissional.

A cada aula, uma emoção diferente, em ver a entrega dos meus alunos na condução das atividades, por eles planejadas com tanto esmero.  Uma turma para lá de especial.

O texto da aula de ontem, 21/08/2017, foi o Regador de Luz (veja em Um Regador de Luz  ).
Trata-se de um texto sobre meu primeiro encontro com o Sr. Valdecir (75), um anjo entre nós.
A aula foi preparada com muito carinho. 
Os alunos doarem-se por inteiro, eles queriam que a turma experimentasse o amor, e conseguiram, aliás, superaram todas as expectativas.
Sabe o que eles fizeram para que expressássemos e sentíssemos o amor?
Em primeiro lugar, após a reflexão do texto, feita com mutia participação, eles entregaram uma folha em branco para cada aluno, e para mim.
Depois, pediram-nos que escrevêssemos uma carta de amor, perdão, reconhecimento ou gratidão para uma pessoa ainda viva.
Botaram uma música inspiradora e nos deram uns 10 minutos para a tarefa.
Depois, pediram-nos que fossemos compartilhando a leitura, com a tura, carta a carta.
Confesso-lhe que se fosse nas primeiras aulas seria muito ousado esse pedido.
Mas, após dois meses de intensos encontros, e de muitas emoções vividas e trabalhadas, o pedido foi moleza.
E, cada leitura era seguida de choro, mas choro de alegria.
Alegria de poder testemunhar para a turma toda sobre aquele, ou aquela, cuja presença em nossas vidas nos torna melhores, maiores e mais fortes.
E, aqueles dezoito alunos, mostraram na prática que sabem sentir e expressar: amor, gratidão, perdão e reconhecimento.
E foi tudo tão bonito, que eu mal me continha sem chorar também.
Num determinado momento das leituras, que até então todas foram para pessoas externas à sala de aula, um rapaz ler sua carta para um outro, que está na mesma turma. 
Era uma carta tão bonita, tão cheia de cumplicidade, companheirismo, amor, que todos ficaram emocionados.
Na vez do outro, ele também escreveu para o que tinha lido. E o texto era mais carregado ainda de emoção, era quase uma declaração de amor. 
Entre eles houve reciprocidade, uma vez que ambos não sabiam para quem o outro estava escrevendo.
Não é sorte...
Um aroma de amor impregnou nossos corações. O rapaz não se conteve, de tão agradecido por ter aquele amor em sua vida, que caiu em lágrimas. E a turma toda socorreu-lhe com um abraço de urso.
Aquele abraço foi melhor do que qualquer curso de Ética e Respeito às Diferenças.  Foi a prática da coletivo vivência.
Cheios de emoção estávamos, quando os alunos que conduziam a atividade pediram-nos para colocar nossas cadeiras como se estivéssemos num cinema. 
Apagaram as luzes, e UAUUUU!!!!

Sabe o que eles fizeram?

Deixa eu explicar melhor o contexto. Na aula anterior, eles pediram aos alunos o nome e celular de alguma pessoa querida, sob o pretexto de sortearem na aula deles (a de ontem) um de meus livros, o que fizeram.
Mas, era pretexto. O que eles fizeram mesmo foi contactarem com cada pessoa e pedirem-na que gravasse uma vídeo sobre o que representava o aluno, o que deu o número do celular dele, para sua vida.
Depois,  eles coletaram todos os 18 vídeos e fizeram com ele um único filme.  quem entende de mídias digitais sabe que isso dá um trabalhão. Imagine os contatos, os formatos, as pessoas querendo saber como gravarem. Quanta dedicação! E não faltou nenhuma homenagem.  Todos gravaram.
Gente, se eu vi coisa mais bonita em sala de aula, não me lembro. E olha que já vivi cada cena magnífica em sala de aula, daquelas de arrepiar, de derreter o mais gélido dos corações.
As pessoas que gravavam os vídeos chamavam para contribui mais pessoas. Então era mãe, com pai e irmãos. Era mulher com filhos. Era amigos do trabalho. 
Eram crianças com declarações tão lindas para seus pais. Como a que meus filhos fizeram para mim.
Foi uma noite para ficar na história.
Olhem o que meus filhos, representados por Priscila, escreveram para mim:

Painho,

"Que missão mais complicada escrever sobre você. Tudo que já foi dito e vivido parece tanto que mais uma linha nunca é suficiente. E que dias intensos de aprendizado estamos vivendo! Nós, os cinco de sempre. Que só foram quatro porque você foi um. Somos o resultado das suas vitórias e renúncias. Somos uma família porque você decidiu que não haveria almoço grátis, que não se daria ao luxo da lamentação. Decidindo ser protagonista, fez da resiliência um estilo de vida. Persista em olhar os ipês verdes das ruas! Continue a nos ensinar a lutar o bom combate! Há muito mais vida a ser vivida, então desejamos que esse teu braseiro nunca se apague! Aos teus alunos, desejamos que tuas aulas inspirem o exercício apaixonado de suas profissões. Somente profissionais como você dão significado ao acumulado de pontos batidos. Que como você, vistam lentes para enxergar o capital humano onde ninguém mais o viu. Nosso orgulho e apoio são constantes! Estaremos sempre te aplaudindo na fileira da frente. Te amamos!  Tiago, Priscila, Rodrigo e João Gabriel  (JG)"

Quanta entrega, doação e generosidade daqueles jovens!
Como é bom de vez em quando poder colocar no papel e expressar o que sentimos pelo outro.
Como é bom ver em vídeos os nossos amados dizendo-nos como nos amam. 
Eu sei que muitos de nós já sabem disso, mas o que meus alunos proporcionaram foi mais uma possibilidade de explicitar isso.
E foi lindo. Gravações amadoras, sem nenhum roteiro, sem qualquer rebuscado de técnica. Era pessoas comuns, falando coisas incomuns, e para quem ama.
Deveríamos nos permitir a fazer mais dessas coisas. Deveria ter um dia do mês para que nele escrevêssemos cartas de carinho, perdão, gratidão ou reconhecimento, que em todas está implícito o amor. E, fazer isso enquanto estão vivos, sem esperar uma aula para que isto aconteça.

Nos permitir a amar bobamente, sem medos de ser ridículo, sem temer o amanhã.
Cada vídeo gravado, cada carta escrita, produziu um eco que lá no infinito de nossas vidas vai falar de quem somos, em nossa melhor essência.

Desse material, ontem produzido, fizemos compotas emocionais para degustação em tempos futuros de menor riqueza emocional. 

O que que pode acontecer quando damos o nosso melhor?  Quando nos entregamos por inteiro a uma causa, como a que aqueles três alunos se entregaram:  a de não medir esforços em regar luz em nossos corações, para que tivéssemos uma rara possibilidade, diga-se de passagem, para expressar e sentir amor. 
Eles sim, foram os verdadeiros regadores de luz daquela noite! E que luz!
Como diz a canção, "deixa fluir o amor... a paz na Terra!"
E foi o que vivi ontem á noite e com meus amados, nesse mundo virtual, compartilho.
Sim, antes que me esqueça, amo vocês meus filhos. 
E faria tudo outra vez e com o mesmo prazer! Vocês são estímulo e esperança, e na veia, e todos os dias.

Um comentário:

  1. Professor Ricardo você e top demais!!! Lindo texto e obrigado por nos procionar aulas maravilhosa.
    Abraços!

    Vera

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