Das Razões para Se Casar (*) (Autor Ricardo de Faria Barros)


1. Case-se com alguém que valoriza a família e que goste de seus pais, tios, primos, sobrinhos, avós, agregados. Que seja amigo de teus amigos e que faça você se sentir parte da família dele.
2. Case-se com alguém que quando foi ao “Bar do Cuscuz’, permitiu que se abrisse uma janela no infinito de possibilidades. E, além disso, vez por outra se oferece para ser “o amigo da vez”.
 3. Case-se com alguém que aprecie teu jeito de ser, que goste de tua cultura, de teu perfume e risada. Que enfrente baratas com a valentia de um Dom Quixote, além de notar que você pintou os cabelos e fez as sobrancelhas.
4. Case-se com alguém que seja parceiro: da balada à missa, por exemplo. E que preencha com vida todas as tuas programações.
5. Case-se com alguém que, quando seu time jogar contra o dele, no caso o Campinense contra o Náutico, aceite ficar na torcida de seu time... mesmo que seja com a camisa do time dele por debaixo da outra.
6. Case-se com alguém que não estrague tudo por ciúmes ou insegurança de que o amor possa acabar por ser vivido à distância.
7. Case-se com quem veja em você mais motivos de admiração do que de recriminação. Que se contente com o que você tem e não fique procurando e torrando sua paciência com o que lhe falta.
8. Case-se com quem não tem nojo de limpar a caixa de gordura de onde mora e não se canse em varar a noite dançando forró.
9. Se tiver sorte, fé ou o que valha, case-se com um devoto de Nossa Senhora Aparecida. Pessoa má não poderá ser. E, que você seja aparição na vida dela. Daquela das boas, tipo quando achamos a chave do carro perdida na areia da praia ou quando o chefe nos elogia.
10. Case-se com quem gosta de ouvir Roberto Carlos e que não se aborreça quando você botar para tocar, pela enésima vez, “Louca de Saudade” (Jorge & Mateus). E que sussurre um verso dos “Tribalistas” no teu ouvido: "Meu riso é tão feliz contigo. O meu melhor amigo é o meu amor".
11. Case-se com uma pessoa que goste de cavalgar, que respeite os vaqueiros, as coisas do sertão e que não tenha medo de se embrenhar na caatinga atrás de você.
12. Case-se com quem goste do cheiro da jurema em flor e que te convide para ver a babuja crescendo, após as primeiras chuvas no sertão. E ainda se encante com o luar do sertão.
13. Case-se com alguém que faça pequenas coisinhas para você, tipo uma deliciosa sopa, daquelas que te dão sustança ao chegar cansada e que diga aos amigos que o seu estrogonofe é o melhor do mundo!!!
14. Case-se com alguém que goste de seu jeito de ser e que não lhe faça cobranças ou imposições.
15. Case-se com alguém que é a calmaria e leveza e nas horas dos aperreios lhe diz:
- “ Esquecesse a palavra stress, Suzy? ”
16. Case-se com que tem a inocência de uma alma perfumada, daquelas difíceis de serem vistas ultimamente.
17. Case-se com o outro por inteiro e que seja humano demais para te fazer feliz, esquecendo-se dele por alguns momentos. E que também acredite nos teus projetos “mais estranhos” aos olhos dos outros
18. Case-se com uma pessoa mansa, boa, justa e solidária, que não se envergonha de ser da tribo do bem. Ah! E que seja resposta às tuas orações. Mas nunca queira se casar com príncipe, princesa ou cara-metade. Eles só prestam para capa de revistas.
19. Case-se com quem te considera um presente de Deus e uma companheira. E que fale baixinho ao teu ouvido que contigo vai atravessar e compartilhar todos os momentos da vida: os bons e os mais difíceis.
20. Por fim, case-se com quem quer celebrar a aliança do matrimônio contigo, numa tarde, em 07/01/2017, na praia do Bessa, João Pessoa-PB. Afinal, essa pessoa deve ser muito especial, como Suzana e Yuri!!!
(*) Qualquer semelhança não será mera coincidência, inspirado nas trocas de mensagens recebidas dos noivos.

Fusíveis Emocionais (Autor Ricardo de Faria Barros)


Saí para almoçar com amigos do trabalho. Uma sensação de dejavour acompanhou-me por todo almoço. Saber das últimas da CIA era algo que soava familiar, e ao mesmo tempo distante.
Os presentes estranharam minha última aquisição, de lixo de calçadas. rsrs Uma placa de circuitos eletrônico, a da foto, sabe-se lá de qual equipamento.
Luizinho chamou a atenção de todos para a delicadeza das chaves de retirar os fusíveis.
Aí o estranhamento foi geral. Primeiro, onde estavam os tais fusíveis, depois o que seriam as chaves.
Aí ele nos catequizou, mostrando os três fusíveis, uma espécie de cilindro de vidro com um filamento em seu interior, e umas hastes metálicas neles afixadas.
"São para facilitar sua retirada dos soquetes, sem quebrar o frágil mecanismo. Os fusíveis só são lembrados que existem no caso de um pico de voltagem provocar uma distorção elétrica".
Fiquei matutando e de cara já gostei deles.
Curioso, descobri que aqueles três cilindros de vidro são os anjos da guarda de um circuito elétrico, em caso de sobrecarga no sistema. O filamento que passa por seu interior, ao receber uma carga maior do que a dimensionada, se derrete, rompendo-se. Sem deixar mais passar a corrente excessiva para o resto dos componentes, evitando-se um mal maior.
Uauuu, que coisa bacana que inventaram.
Lembrei que em nosso aparelho de proteção emocional também temos os benditos fusíveis. E que devemos preservá-los, ao extremo.
Eles são também protegidos por chavinhas mágicas, e que não deixam, ao estourar, danificar tudo. Morro abaixo de nossas emoções.
Um desses fusíveis emocionais, que protegem nossa psiquê, muitas das vezes de nós mesmos, em picos de emoções descontroladas,são nossos amigos.
Lembrei de Pauletta e Flavinha, que ao término do almoço me chamaram para um cafezinho. Quantas das vezes cheguei na Companhia, pronto a estourar, pelo cultivar desnecessário de pequenos aborrecimentos cotidianos, e meu circuito era salvo por eles. O vídeo de minha despedida do BB foram eles que filmaram, numa generosidade tremenda, amigos mais que preciosos.
Amigos tornam nossa vida melhor, pois sabem amortecer no peito deles as nossas angústias e sofreres; Que, uma vez com eles divididos, tornam-se mais palatáveis e com menor energia destruidora de nosso circuito emocional.
O outro fusível que temos, bom para todo tipo de descarga emocional para além da conta, daquelas que entornam o caldo e desaguam um turbilhão de pensamentos negativos, é a oração.
Saindo do café, em direção ao meu carro, lembrei-me de entrar na Igreja de Nossa Senhora da Esperança, na Asa Norte (307/308) em Brasília. Independente de seu credo religioso, e até se não tiver credo algum, é impossível não sentir paz ao contemplar aqueles afrescos iconográficos, pintados nas suas paredes.
Tem uma música que sempre me acompanhou, nos momentos de dificuldades, daqueles que a tensão está enorme e vai se deixar que ela continue ela irá destruir minha vida. Quem quiser ouvi-la está aqui: https://www.youtube.com/watch?v=KzRO8HWUxjk

Bem, já falei de meus dois fusíveis para o bem estar emocional. Agora vou falar do terceiro.
Desviar o foco da atenção, centrada nas aflições e preocupações, para a periferia da consciência, para suas fronteiras, prestando atenção àa vida que ocorre para além de nossos pensamentos opressivos. A vida que ocorre na avenida do contorno de nós mesmos. O excesso de cortisol e adrenalina, presentes em excesso no sangue, após dias de enfrentamento de situações limites, bloqueia nossa percepção do bom, belo e virtuoso, que ocorre apesar de...
Entende?
Esse hormônios causam um entupimento no fluxo do amor sobre nós mesmos, os outros e a realidade. Ao acionarem acionam a tecla Sobreviver, com seus três comportamentos instintuais: atacar, fugir ou se defender.
O problema é que ela fica acionada, até que conscientemente tomemos posse de nós mesmos, e acionemos a tecla do prestar atenção ao que de bom, belo e virtuoso, ainda ocorre ao nosso redor, apesar de...
O terceiro fusível é a consciência de nós mesmos e do que queremos e escolhemos ser, naquele momento concreto, diante daquela dificuldade. Não é uma panaceia, uma alienação. O problema continua ali, contudo, a tensão sobre o filamento de nosso ser, de nosso fusível emocional, diminui ao deixar passar por ela outras energias, mais positivas, mesmo que vinda de fatores externos, tais como prestar atenção numa criança brincando, num passarinho cantando, num amanhecer eternizando mais um dia.
Quem tem pelo menos uma dessa chaves, para trocar fusíveis queimados, e possibilitar que nosso aparelho emocional volte a funcionar bem, tem um tesouro.
Lembre-se disso sempre que estiver se sentindo como um fusível queimado. Use uma das chaves, troque o fusível, e respire mais um dia!
Afinal, o amanhã será melhor, e isso também passa.
E, amanhã será você que ajudará a outros que de ti precisarão, diante de vexames que os deixam agoniados.

Um Ano Sabático para as Mágoas (Autor Ricardo de Faria Barros)



Antes do almoço, fui deixar um quadro para trocar a moldura, infestada por cupins. Esse quadro irá decorar meu consultório de psicologia, e é muito especial para mim, pois mostra a integração Homem-Deus-Cosmos-Terra. Ele tem uns 25 anos, e nunca deixei que ele se fosse, nas várias mudanças pelas quais ele passou. O senhor da vidraçaria perguntou-me qual moldura e tipo de vidro eu queria.
Sem entender nada do traçado daquela pergunta, soltei um: daqueles que o cupim não estrague neles a minha envelhescência, tendo que trazer-lhe aqui novamente, em 2050.
Ele sorriu e saiu com uma pérola.
"O ferro é corroído pela ferrugem; o aço pela água do mar; a madeira, como sua moldura, pelos cupins; e o Homem pela mágoa que cultiva".

Uauuu, pare o tempo!

"Agricultores de mágoas". Era isso que ele queria dizer.

Somos agricultores de mágoas, cultivando-as até que se transformem em nós mesmos.

Voltei com aquilo pensativo nas caramiolas. Agricultores de mágoas.
E acho que ele tem razão. Não somos educados para destilar mágoas. Somos educados e reforçados continuadamente para cultivá-las, para enaltecê-las, para falar delas pela enésima vez, e sempre com o mesmo ar de quem tem razão de estar sentindo-se infeliz.
E, como o senhorzinho da vidraçaria bem falou, ela vai corroendo o tecido emocional de nosso ser.
Seja aquele processo seletivo que não passamos, e que dele saímos magoados.
Ou aquela relação afetiva, a que atribuímos somente ao outro os antecedentes da pisada na bola que nos magoou.
Ou aos filhos, em alguns casos verdadeiros canteiros de mágoas em cultivação.
Ou aquele chefe/empresa que nunca nos valorizou, como esperávamos, em anos de serviço.
Pense numa de suas mágoas e verá que ela está ali, pertinho de ti, como um canteiro de ervas daninhas.
No Antigo Testamento tem um preceito interessante ao tema dessa crônica
Era o ano sabático. Naquele ano, não se podia cultivar, a terra precisava descansar, as dívidas eram perdoadas e os escravos libertados. Isso acontecia de sete em sete anos.
Qual é a nossa mágoa que está fazendo 7 anos? Pela etimologia da palavra, que vem de mancha, nódoa, o que manchou nosso tecido da alma por tanto tempo?
Não será hoje o dia do sabático, de sua libertação do canteiro de nosso coração, na qual veio sendo cultivada por meses a fio?
Sendo periodicamente rememorada, ressentida e até, de certa forma, endeusada. Pois, deus em que se tornou, a mágoa velha nos diz que estávamos certos em nos ofender, e eles-ou a realidade, foram os vilões.
Seria muito legal, ao tecido emocional da humanidade, que a cada sete anos pudéssemos jogar fora nossa mágoas encardidas.
Seria a libertação dele de nosso coração. E, paradoxalmente falando, a nossa também.
Eliminando esse cupim que vez por outra acorda e rouba de nós, mesmo naquele dias mais bonitos, naqueles de perfume mais cheiroso, naquele de paladar mais agradável: a luz, o aroma e o gosto. Gosto por viver.
O vidraceiro está certo. No ferro, a ferrugem. No aço, a maresia. Na madeira, o cupim. E, no Homem, a mágoa.
Decretemos, para nossa própria saúde emocional, o ano sabático delas, a cada sete anos. Como quem faz um balanço. Sete anos é tempo suficiente para purgá-las. Para colecioná-las e alimentá-las. Agora já deu.
Como diz a amiga Ieda Amui, ao ler esse texto: Acredito que uma forma de mantermos o brilho nos olhos seja nos libertarmos do que vem nos intoxicando. Falo de pessoas pesadas, dos movimentos passados e mágoas antigas que dificultam nossa evolução. É sabermos separar as âncoras das velas das nossas embarcações saindo da nossa zona de conforto na busca íntima do nosso mundo melhor!!

Saber separar as âncoras das velas, uaauu, falou tudo. 

Pois, se não tivermos cuidado, de mágoa em mágoa, com maestria cultivada, vamos perdendo o encanto de viver.
Não falo de guardar mágoas. É mais grave, o que falo, é o cultivar.
É como se você visse aquela mancha de vinho no sofá, e após umas vinte lavadas, ela fosse ficando imperceptível. Aí, um belo dia, você ressente novamente a mágoa. e joga, propositadamente, vinho no tecido do sofá.

A isto chamo de cultivar mágoa. E ela nunca se vai, nunca é destilada, processada.  Não nos libertamos do seu poder sobre nós. Poder destruidor.

E aí, ao abrirmos os olhos, a vida já passou! E, aqueles que nos magoaram estão pouco se lixando se ainda estamos os guardando em nossos corações. Aliás, nem de nós se lembrarão.
Vamos lá, força, faça um inventário no seu coração, tudo que tiver mais de 84 meses, e que seja da categoria da mágoa, jogue fora.
Podendo para isso usar o perdão, a grandeza interior, o acolhimento, a sabedoria.
Se nada funcionar, no seu sabático de perdão das mágoas encardidas, ligue o cagando e andando e vá ser feliz!
Pare de colecionar razões para justificar tua infelicidade. Para ter razão em ficar triste. Ao tornar-lhe um rabugento e descrente de tudo. Um agricultor de mágoas.
Que possamos nos libertar, periodicamente, dos ressentimentos e tranqueiras: do tipo nódoa na alma, mágoa, que tiram o brilho de nosso olhar, o viço de nosso agir e a esperança de nosso sonhar.

Apeando do Carrossel do Destino (Autor Ricardo de Faria Barros)



Dirigindo de João Pessoa para minha cidade natal, Campina Grande-PB, pela BR 230, sinto um frêmito de emoção, como daquela do primeiro beijo tão ansiado.

Volto livre de um CNPJ a ditar a ocupação de meu tempo, após 34 anos de carteira assinada.

A estrada está vazia, a metade dos campinenses já deve estar na praia. Nosso segundo lar, em janeiro.

Passo por campos abertos, com relva miúda, primeiras babujas (tenra grama) das tímidas chuvas.

Ao longe, avisto as torres de rádio e TV, na Serra do Cajá. Elas marcam o meio da estrada, sei que só faltam 60 KM.

Minha Paraíba querida, da qual um dia saí com a minha vida entrando num carrossel, tão jovem, e nunca nela voltei do mesmo jeito, sem se sentir liberto.

Agora sim, sentia-me livre. Aumentei o som do carro e até com as propagandas me encantei.

Aqueles quilômetros percorridos iam selando um reencontro com minha vida, largada em algum lugar perdido de mim mesmo, restabelecendo conexões interrompidas, em relação ao destino de meu viver.

Amadureci às pressas e nunca mais fiquei verde novamente. Agora me sinto retomando o frescor da juventude, um garotão.

Após uma curva descortina-se à minha frente a "cordilheira da Borborema". Uma serra que se estende por 200 KM, como quem represasse os ventos que vem do litoral, em direção ao Sertão.

Minha cidade também é chamada de Rainha da Borborema, pois fica encravada no alto da serra, uns 600 metros e tem um clima muito bom.

Olhava para aquela Serra tentando imaginar quantas cidades estarão à sua jusante e à seu montante, espraiando-se pelo costelão de morros e vales.

Perto da cidade do Riachão, sei que estou a 30 KM de casa, e vejo os campos abertos com suas frondosas algarobas e umbuzeiros, que servem de sombreamento para o raro gado, ovelhas e bodes.

São imensos umbuzeiros, juazeiros e algarobas, que viram verdadeiros chalés, lugar de descanso e alimentação, para homens e animais que se escondem do tórrido sol.

Das primeiras damas do Sertão, só me falta o Juazeiro. Mas, já tenho uma muda prometida pelo Marquinhos.

São paisagens impressionantes de belas. Aqui e acolá, um maciço de rocha eclode do nada, ao que as chamamos de lajedo, dando um ar mais bonito ainda ao conjunto da cena.

Os açudes estão com solo rachado, e vejo um bando de garças, disputando minguada água que lhe restam.

Estou voltando pra casa.

Como é boa essa sensação. Chego na casa dos meus pais e a festa se completa.

Pego meu velho e saímos para fazer o tour de uns pé-sujos históricos que eu frequentava. Damos sorte, os dois proprietários, já uns setentões, estão nos estabelecimentos.

Nos cumprimentamos efusivamente, como velhos amigos.

No outro dia, perambulando pela feira, encontro o Bar da Tereza, com uma inscrição na parede: Reduto de Poetas e Cantadores.

Agora a festa seria completa. Entro nele e começo uma gostosa prosa com cantadores que iam chegando: Zé Balaeeiro, Ascendino, Dona Joana, e Dona Tereza, a idealizadora e proprietária do local.

Nele, um mini palco, caixas de som montadas e microfones, e umas poucas mesas.

Todo sábado tem show, mas começa 11hrs e precisava partir.

Não sem antes fazer amizade e juras de um retorno em breve.

Gosto de povo simples, de poetas e repentistas.

Volto para João Pessoa e dirijo em estado de graça. Contemplo a paisagem com olhos de quem as ver por inteiro, e pela primeira, vez. O que não deixa de fazer sentido.

Em vários lugares quis parar o carro, para fotografar e senti o perfume da caatinga, mas estava com tempo marcado, para casamento das 15hrs.

Eu não estava pronto para aquela paisagem. Agora, sinto que qualquer lugar pode se tornar um infinito particular. Do bar de Dona Tereza, ao encontro com amigos no Fulanos Bar.

Tudo vai se revestindo de um outro olhar. Mais amoroso e atento.
Tudo agora é presença novamente, não mais de uma ausência dolorida.
Tudo se acalma e pede preces.

Essa estrada, com suas léguas tiranas, humanas e profanas, suas chegadas e partidas, e os encontros e despedidas, místicas e mágicas, foi para mim uma epifania dos novos tempos.

Não é sobre pegar o buquê (Autor Ricardo de Faria Barros)

Voltava de meu primeiro trabalho como aposentado do BB, uma celebração leiga e ecumênica de um casamento que conduzi na Paraíba.
O Aeroporto de João Pessoa fervia, era perto das 14hrs. Gente se acotovelando pra despachar bagagem, para receber parentes, pra pegar táxis, locar carros, ou pegar fila nos restaurantes.
Fiz o meu check-in com 3 horas, batendo todos os recordes, e me dei bem. Na hora em que entreguei o carro na locadora, perceberam um pequeno arranhão no para-choques dianteiro, ainda com marca do resto de tinta da parede que tirou.
E aí o procedimento foi mais demorado e aborrecente, afinal não fui eu quem fez aquilo. Paciência, ainda saí no lucro, R$ 300,00 em dez vezes não vai me quebrar. E, não vou acusar os manobristas do hotel.
Mas, que era resto de tinta de parede da garagem isso era. 
Corri para despachar as bagagens, e subi para área de alimentação e para filar um rango.
Na fila, eu tentava equilibrar minha bolsa de couro, e uma bandeja, já que não podia dar vacilo de deixa-la em cima de uma mesa, enquanto me servia. 
Atrás de mim, uma jovem senhora vivia drama pior. Sempre tem um pior do eu nós, nos dramas da vida. 
Ela equilibrava o filho de uns 3 anos, no braço; uma bolsa daquelas que tem de tudo de nenê dentro, e a bolsa dela, na outra. E, com uma força descomunal, ainda erguia a bandeja e colocava o que queria no único prato dele. Mãe ninja.
Deu até vontade de lagar minha bandeja e ajuda-la. Mas, em se tratando da Paraíba, é bom ter cuidado em se aproximar de mulheres com bebês. Por melhor intencionado que esteja. rsrs
Então, segui à frente e fiquei à distância torcendo por ela.
Acomodei-me num resto de mesa, com uma cadeira disponível. As outras ocupadas por bolsas de senhoras e não senhoras. E que se danasse quem estivesse sem cadeiras. Primeiro as bolsas. Uma falta enorme de empatia com o outro esse lance de botar bolsa nas cadeiras vazias, sem se importar com que está em pé. 
Fitei a senhora e vi que ela se dirigia para uma única cadeira, sem bolsa, e ainda vazia. Até que uma família se ergueu de uma mesa redonda, fechando a conta, e ela desviou caminho para lá.
Pude perceber seu sorriso de alívio. E o carinho com o qual acomodava o filho, o prato, as bolsas e só depois a ela mesma.
A primeira colherada foi para o bebê. Que era dos bons de garfo.
Fiquei tão feliz, por vê-la bem, que pedi à garçonete uma Stela Artois.
Aí, a vejo acenando para alguém, mostrando aonde ela estava. 
Olho em direção ao aceno e percebo que vem chegando o jovem maridão, de uns 30 anos, bem-apessoado, roupa de grife, tênis da moda, todo bacana.
Ele vem do Bobs, com um sanduiche de uns 3 andares, e um copão de Pepsi.
Nem puxa a cadeira já dá a primeira dentada. 
Então, nessa hora, tive nojo daquele cara. 
Que foi se servir de seu sanduiche deixando sua esposa naquela situação tensa para alimentar-se a ao próprio filho.
E é isso que está condenando os casamentos a terem datas de validade cada vez menores: 1 ano, 3 anos... 
O egoísmo dos cônjuges. Dos dois, ou de um dos dois, tanto faz, quando acontece ele mina a relação feito cupim em madeira.
Essa garotada sendo criada podendo tudo. Sem limites, sem sofrer perdas, frustrações, sem ter que lhes eduque para a coletiva-vivência esta casando.
Todo mundo sarado, geração malhação física. Todo mundo bonito. Mas, com pouca inteligência emocional.
Muita vaidade, muito orgulho, muita aparência e pouca essência.
Essa garotada criada sem educação para vida, que não aprendeu a cultivar valores, a respeitar e se doar para o próximo, quando se casa é uma desgraça. 
Aliás, quando chegam ao poder também. 
Gente que só se curte, se posta, se compartilha, gente que se acha Deus. Narcisistas ao extremo, como podem dividir a vida com alguém? Como pode renunciar, se flexível, acomodar o tempo do outro ao seu próprio tempo, se aprenderam que a vida gravita em torno deles, ou delas? Gente que investe e planeja o casamento, um ano antes, como se fosse a produção de um filme de Hollywood.
Só esquecem que a cena principal começará depois do “Sim”. E, para essa, não há agência casamenteira, cerimonialista, votos, flores, pregação bonita, ou fornecedores caprichosos que facilitem as coisas.
Será com eles mesmos, na outra margem do rio da vida deles, a de solteiro, que o filme iniciará. 
Terão que se adaptar a menos baladas, menos noitadas com amigos, menos eu, e mais nós. Terão que cultivar o sentido de família, coisa que se aprende de criança.
Casamento não é uma história sobre ser feliz. É uma história sobre fazer o outro feliz.
Não se casa com o outro. Se casa para o outro.
Para fazer pequenas coisinhas para ele, cuidar!
Para se interessar pelas coisas que ele se interessa, admirar
E para resgatar as pontes destruídas, pela rotina e dificuldade do dia a dia, iluminando esperança e perdão no relacionamento.
Mas, ainda creio na força do amor. Para mim, mesmo sendo cada vez mais numerosos, os jovens estão aprendendo a amar. Melhor do que nós, os velhos. 
Tirando uns malas como o garotão do Bobs. Tem muito jovem que quer dar certo, numa vida a dois. 
Vejo isso nos meus filhos, no cuidado deles com suas esposas e esposo. Vibro internamente, e sei que meu genro e noras também fazem isso para com eles, aliais: testemunho.
Vi isso na Suzanna e no Yuri, um amado casal que casei nesse final de semana que passou.
Yuri prepara uma sopinha para a Suzana, esperando-lhe com aquele prato quando ela chega cansada do trabalho.
Suzana, sabedora do amor do Yuri pelo Náutico, já foi para o campo com ele.
E, o segredo é conjugar os três verbos, que só funcionam usados no outro, e – gravem bem, sem exigir reciprocidade para assim fazer, não se trata de uma barganha, de um comércio. Fazemos por não sabermos mais ficar sem fazer isso para o outro, ficar sem saber fazê-lo feliz, talvez sendo essa a maior utopia e presença do amor. Ser para o outro os três verbos abaixo: 
Cuidar do outro. Estar presente. Se oferecer para deixa-lo na rodoviária, mesmo que ele ache que de taxi é melhor. Fazer um chá para ele. Celebrar com ele o nada, fazendo-lhe se sentir protegido e presente. Arrumar a cama dele. 
Admirar o outro: Sendo amigo dele. Companheiro. Daqueles que trocam mil whasts durante o dia. Gostando do mundo dele, das coisas que ele se interessa, dos seus amigos, da sua família, da empresa que ele trabalha. Ouvindo-lhe pela enésima vez falar daquele gol que o seu time perdeu. 
Iluminar o outro: perdoando, arejando esperança, restaurando pontes do diálogo, relevando pequenos aborrecimentos, diminuindo expectativas e cobranças, aceitando o outro, não como você quer que ele seja, mas como ele é. Vendo o bom, o belo e o virtuoso dele. O que ele tem, e não o que ele anda em falta. 
À minha frente no vôo, um jovem casal e duas filhas. Uma de colo e outra de uns 4 anos. 
Uma das crianças chorava, a mãe disse que deveria ser fome. Então, ele dirigiu-se à frente do voo, junto às comissárias para fazer a mamadeira dela. Depois, foi a vez da mãe que pediu que ele ficasse um pouco de pé, para que ela pudesse trocar a bebê de modo mais fácil.
Olhei pela janela do voo, lágrimas a disfarçar, no horizonte um belo pôr do sol e Brasília ao fundo.
Sim, amados amigos, há esperança para o amor. 
Só precisamos reaprender a cultivá-lo na educação de nossos filhos, preparando-os para a vida adulta. Mesmo que possamos nos aborrecer com eles, não podemos dar-lhe tudo, criá-los sem valorizar os outros, sem aprenderem a ser solidários, éticos, bons, mansos e justos.
Não podemos terceirizar o futuro da vida de nossos filhos. Tercerizar a educação para o amor. 
Entupindo os filhos de quereres, sem refletir sobre os "porqueres".
Criando pequenos reis e rainhas, que serão péssimos amantes. Só ficando bons em capas de revistas e colunas sociais. Gente que não sabe amar. Muitas das coisas que na educação doméstica, para o coletivo, lhes ensinarmos, serão fundamentais na manutenção de uma relação afetiva de qualidade e significativa.
Estaremos plantando neles a felicidade futura de uma vida a dois.
Bem melhor do que torcer que elas peguem o buquê, torça para que o amado dela tenha aprendido a ser Nós, no lugar de EU.
O oposto também, no caso de pegar as caixas de uísque. Que ela tenha aprendido a conjugar o três verbos, que só se consegue ao se conceber com um Nós.
É impossível a um coração egoísta admirar, cuidar e iluminar o outro.
Só se ele passar pela maior das revoluções, a do amor, e se transformar, aí sim, haverá salvação!

Raízes da Amargura (Autor Ricardo de Faria Barros)


O dia seguia mansamente. No escritório, preparava a crônica Case-se, para minha afilhada Suzana que celebrará suas bodas em janeiro.
Até Cida irromper no escritório, atabalhoadamente, dizendo: o esgoto da pia está subindo.
Ergui as sobrancelhas, daquele tipo de quem diz: "Agora lascou, Inês, Maria e Preá". Trata-se de uma expressão nordestina para quando uma coisa sai dos prumos, e de forma grave!
Botei minha capa de AFDT (Aposentado Faz de Tudo) e saí lá fora para encarar o problema. Primeiro, verifiquei se as caixas de passagem do esgoto estavam cheias. A da varanda estava sequinha sequinha, com um filete de água escorrendo lá embaixo.
Pedi para Cida dar descargas e nada da água chegar até ela.
Bem, deveria ter algo entre a caixa e os canos, impedindo o fluxo.
O caso era mais grave ainda, não era a fossa cheia.
Para fossa cheia, Limpa-Fossa resolve.
Aqui não temos ainda rede pública de esgoto, e as casas têm fossas.
Lembrei-me que havia uma outra caixa de passagem, perto do quintal, e fui em direção dela. Quando abri, não vi os canos que nela desaguam. Estava tudo tomando por uma espécie de raiz-musgo. Uma relva das trevas. Nojenta, escura e fétida. Que se alimentava das fezes, qual um monstro gosmento.
 Botei umas luvas, peguei uma faca, e movido de súbita coragem, comecei a rasgar aquele tapete de "grama" para que os canos pudessem novamente deixarem fluir suas próprias merdas.
Um a um fui liberando o fluxo deles, sentindo uma paz tremenda.
Vi agora a água correr límpida, varrendo toda a imundície para ser naturalmente decomposta, em receptor próprio.
Fiquei orgulho e feliz.
Que tipo de organismo é aquele que se alimenta de tudo que não presta e se desenvolve sem luz, impedindo que a sujeira seja processada, em local apropriado.
Se não sabe, direi: são as emoções negativas. Aquelas que impedem o processamento do luto, da tristeza e decepção,a cumulando-as num recanto de nosso coração e fazendo-lhes crescer.
Aquela relva que se desenvolveu nas trevas, alimentada pelo que temos de pior, é a inveja ensimesmada, a mágoa encardida, e a falta de esperança em si mesmo, no outro e na vida.
As emoções negativas produzem isso em nosso coração. entopem as artérias do amor. Da paz, da mansidão, da bondade.
Tiram-nos de nossa essência amorosa e fraterna.
Escondida, no mais interior, elas vão criando raízes em nosso viver, a cada re-sentimento das mesmas, ou projeção noutras situações e pessoas.
Um dia, a caixa de nosso coração, pela tampa que ficou de sujeira, explode e perdemos definitivamente a luz de viver.
Não há mais como sentir-se alegre com a alegria do outro, ou confiar nele, mais uma vez.
Tudo passa por essa fétida caixa de gordura entupida de nosso coração e passamos a ver a vida por esse prisma.
Ninguém presta, nada presta, todos são ruins, maus, e ameaçadores, objetos de nossa desconfiança.
Expectativas irreais, decepcões ou frustrações de expectativas, comparações com o mundo do outro, tudo vai alimentando essa relva maligna.
E perdemos o encanto de viver. Perdemos a ternura de acolher o outro como ele é, aliás, como nós somos, imperfeitos.
Perdemos capital emocional positivo, tornando-nos escravos de nossos pensamentos negativos sobre nós mesmos, eles e a realidade.
É preciso ter a coragem para nos autoconhecermos e parar com isso.
Parar de buscar coisas para ser infeliz, no que o outro tem que lhe falta.
Parar de julgar o outro pelo seu lugar de ser.
Parar de arranjar justificações para justificar sua razão de estar chateado e triste para com ele.
É preciso coragem para deixar-se ir, cano adentro, as pancadas que levamos da vida.
Sem ficar idolatrando-as, ou criando-as como erva daninha, nos recônditos de nosso ser..
Não deixando que se fixem em nosso coração, como raízes da amargura.
“Atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura, que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados”. (Hebreus 12. 15)
Ser + feliz é uma escolha racional, daquilo que realmente queremos alimentar, valorizar e guardar dentro de nós mesmos.
A faca que usei para retirar as raízes da amargura chama-se aceitação do outro como ele é. Com suas pisadas de bola, carências, limites e jeito de ser.
Libertando-as, essas raízes malignas, de você mesmo pela força do perdão. acolhimento e aceitação!
Sendo maior que elas.
É preciso muita coragem para ser livre. De si mesmo, dos outros, ou das circunstancias.

Pedacinhos de Céu (Autor Ricardo de Faria Barros)




O paraíso pode acontecer quando o telefone toca e Sr. Valdecir nos lembra que é a noite da canja em seu lar. Ali nos recebendo, junto com sua família, e nos fazendo sentir amados e acolhidos, e Deus.
Nossa amizade começou a poucos meses do término de 2016. Naquele dia de outubro, no caminho à feira de São Sebastião-DF, numa manhã de domingo, o flagrei regando umas mudinhas de planta, na calçada da rua à frente de sua casa. (Veja em http://bodecomfarinha.blogspot.com.br/…/um-regador-de-luz.h…
)
Não amigos, não era na sua calçada. Era na da frente, numa área baldia que ele adotou e fez dela um jardim. A cena era tocante. Sr. Valdecir do alto de seus 74 anos, e sob um sol escaldante, atuava no palco da a vida com um panelinha, usada para tirar água de um balde, molhando plantinha à plantinha. Parei, fiz foto, e uma bela amizade com ele.
Desde então, é meu ponto final todos domingos. Volto da feira e para em seu lar, para tomar um cafezinho gostoso. Já tenho até minha cadeira e local na mesa. Ali falamos das coisas simples e boa da vida.
De prosa em prosa, resolvemos tocar umas melhorias na sua casinha. Ele não pediu nada, Sr. Valdecir é homem de poucos quereres. Articulei uma rede de amigos e fizemos uma vaquinha. Com o dinheiro pintarmos o interior da casinha e colocarmos cerâmica e forro no WC.
Ao término das "obras", como forma de agradecimento, ele nos convidou para uma janta com família. No que batizamos da Noite do Angu, em 26/11.
Mas, ainda faltava outras pequenas reformas. Ela não queria que fizéssemos, dizia que era muita gastura.
Insistimos e tocamos mais umas pequenas reformas.
Ficou linda sua casinha. Por a parede foi revestida de cerâmica banca, com um metro de altura, acima dela pintada de cor mostarda. Perto do natal estava tudo renovado e bonito. Ele estava muito feliz e queria juntar todo mundo novamente (6 filhos no DF, netos, bisnetos e agregados) para comemorarmos mais uma etapa.
Perguntou-me o que seria o prato. Disse-lhe: "Que tal uma canja de galinha?". Perguntou-me o melhor dia. Disse-lhe: "Que tal na noite de primeiro de janeiro, para começarmos o ano com sustança?"
Disse aquilo tudo, lá pelas véspera de natal e esqueci-me completamente. Ele não esqueceu. Sr. Valdecir não esquece de ser grato.
Ontem, após uns dois chás de boldo, lá pelas 18hrs, eis que ele me liga e diz: "Que horas vai chegar?
Putz, lembrei-me que era a noite da Canja. Avisei a ele que em uma hora estaríamos lá.
Nos trocamos apressadamente e seguimos para lá.
Ao chegarmos uma comunhão de abraços. Cinco de seus sete filhos estavam presentes, com cônjuges, netos e bisnetos. Uma festa de comunhão de pessoas tão boas: humildes trabalhadores de um Brasil tão desigual.

Fomos acolhidos no clã. E era uma noite de alegria, de fé, com direito à reza, e de muitas trocas de afetos, daqueles de pessoas que se irmanam.
Na geladeira ele ainda guardava o resto do champanhe de 26/11 e minha Pitu. Por telefone, fez questão de nos conectar aos dois filhos que não puderam se fazerem presentes.
Umas 20 pessoas fazia daquele espaço um templo. Não tinha nada chique. Não tinha buffet, mesas, louça, bebidas ou decoração caprichada.
Na única mesa, duas panelas: a da canja e a do chambaril.

Este foi um adicional que ele fez, e teve que andar uns 6 km até achar açougue , e fez como um mimo, um algo a mais, temperado por ele mesmo. A canja foi a filha que fez, a Linda.
Fazíamos os pratos e nos sentávamos lá fora, vendo as estrelas, conversando sobre nossas vidas severinas e ouvindo boa música, que ele fez questão de que houvesse.
"Bote seu carro pra dentro e coloque música para nós, a de que o Sr. gosta. "
Sentir parte daquilo foi uma experiência significativa, nesse início do ano.
A sustança não veio da canja, ou do cozido de chambaril.
Veio de sentir o amor, sentir-se presença, sentir-se cuidado e acolhido num lar tão amoroso.
Foi muita coisa boa que vivi, e que não poderia ir caminhar com os cachorros sem antes compartilhar com vocês.
Não sem razão o Sr. Jesus falou que o Reino de Deus pertence aos pobres.
Eles sabem agradecer, sabem reconhecer as pequenas vitórias, vivem cada dia pela graça apenas.
Sabem se irmanarem, se congregarem em volta de uma mesa, sabem ser felizes com tão pouco, e sem nenhuma segurança para com o futuro.
Sabem ajudarem-se mutuamente, com o nada que possuem. Sabem se alegrar com as alegrias dos outros, e sabem o valor de um abraço.
Sabem, construir com suas vidas pedacinhos de céu, para nele habitarem, apesar de todos os pesares de sua peleja diária, pela sobrevivência.
E que pedacinhos de céu!

Crônicas Anteriores