Fusíveis Emocionais (Autor Ricardo de Faria Barros)


Saí para almoçar com amigos do trabalho. Uma sensação de dejavour acompanhou-me por todo almoço. Saber das últimas da CIA era algo que soava familiar, e ao mesmo tempo distante.
Os presentes estranharam minha última aquisição, de lixo de calçadas. rsrs Uma placa de circuitos eletrônico, a da foto, sabe-se lá de qual equipamento.
Luizinho chamou a atenção de todos para a delicadeza das chaves de retirar os fusíveis.
Aí o estranhamento foi geral. Primeiro, onde estavam os tais fusíveis, depois o que seriam as chaves.
Aí ele nos catequizou, mostrando os três fusíveis, uma espécie de cilindro de vidro com um filamento em seu interior, e umas hastes metálicas neles afixadas.
"São para facilitar sua retirada dos soquetes, sem quebrar o frágil mecanismo. Os fusíveis só são lembrados que existem no caso de um pico de voltagem provocar uma distorção elétrica".
Fiquei matutando e de cara já gostei deles.
Curioso, descobri que aqueles três cilindros de vidro são os anjos da guarda de um circuito elétrico, em caso de sobrecarga no sistema. O filamento que passa por seu interior, ao receber uma carga maior do que a dimensionada, se derrete, rompendo-se. Sem deixar mais passar a corrente excessiva para o resto dos componentes, evitando-se um mal maior.
Uauuu, que coisa bacana que inventaram.
Lembrei que em nosso aparelho de proteção emocional também temos os benditos fusíveis. E que devemos preservá-los, ao extremo.
Eles são também protegidos por chavinhas mágicas, e que não deixam, ao estourar, danificar tudo. Morro abaixo de nossas emoções.
Um desses fusíveis emocionais, que protegem nossa psiquê, muitas das vezes de nós mesmos, em picos de emoções descontroladas,são nossos amigos.
Lembrei de Pauletta e Flavinha, que ao término do almoço me chamaram para um cafezinho. Quantas das vezes cheguei na Companhia, pronto a estourar, pelo cultivar desnecessário de pequenos aborrecimentos cotidianos, e meu circuito era salvo por eles. O vídeo de minha despedida do BB foram eles que filmaram, numa generosidade tremenda, amigos mais que preciosos.
Amigos tornam nossa vida melhor, pois sabem amortecer no peito deles as nossas angústias e sofreres; Que, uma vez com eles divididos, tornam-se mais palatáveis e com menor energia destruidora de nosso circuito emocional.
O outro fusível que temos, bom para todo tipo de descarga emocional para além da conta, daquelas que entornam o caldo e desaguam um turbilhão de pensamentos negativos, é a oração.
Saindo do café, em direção ao meu carro, lembrei-me de entrar na Igreja de Nossa Senhora da Esperança, na Asa Norte (307/308) em Brasília. Independente de seu credo religioso, e até se não tiver credo algum, é impossível não sentir paz ao contemplar aqueles afrescos iconográficos, pintados nas suas paredes.
Tem uma música que sempre me acompanhou, nos momentos de dificuldades, daqueles que a tensão está enorme e vai se deixar que ela continue ela irá destruir minha vida. Quem quiser ouvi-la está aqui: https://www.youtube.com/watch?v=KzRO8HWUxjk

Bem, já falei de meus dois fusíveis para o bem estar emocional. Agora vou falar do terceiro.
Desviar o foco da atenção, centrada nas aflições e preocupações, para a periferia da consciência, para suas fronteiras, prestando atenção àa vida que ocorre para além de nossos pensamentos opressivos. A vida que ocorre na avenida do contorno de nós mesmos. O excesso de cortisol e adrenalina, presentes em excesso no sangue, após dias de enfrentamento de situações limites, bloqueia nossa percepção do bom, belo e virtuoso, que ocorre apesar de...
Entende?
Esse hormônios causam um entupimento no fluxo do amor sobre nós mesmos, os outros e a realidade. Ao acionarem acionam a tecla Sobreviver, com seus três comportamentos instintuais: atacar, fugir ou se defender.
O problema é que ela fica acionada, até que conscientemente tomemos posse de nós mesmos, e acionemos a tecla do prestar atenção ao que de bom, belo e virtuoso, ainda ocorre ao nosso redor, apesar de...
O terceiro fusível é a consciência de nós mesmos e do que queremos e escolhemos ser, naquele momento concreto, diante daquela dificuldade. Não é uma panaceia, uma alienação. O problema continua ali, contudo, a tensão sobre o filamento de nosso ser, de nosso fusível emocional, diminui ao deixar passar por ela outras energias, mais positivas, mesmo que vinda de fatores externos, tais como prestar atenção numa criança brincando, num passarinho cantando, num amanhecer eternizando mais um dia.
Quem tem pelo menos uma dessa chaves, para trocar fusíveis queimados, e possibilitar que nosso aparelho emocional volte a funcionar bem, tem um tesouro.
Lembre-se disso sempre que estiver se sentindo como um fusível queimado. Use uma das chaves, troque o fusível, e respire mais um dia!
Afinal, o amanhã será melhor, e isso também passa.
E, amanhã será você que ajudará a outros que de ti precisarão, diante de vexames que os deixam agoniados.

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