Esperança



Esperanças são como as flores bobas da Caatinga,

que ao menor sinal de chuva

abrem-se sequiosas e florescem todas,

entregando-se despudoradamente à vida.

Acreditando na força do orvalho,

quando lhes faltarem os pingos.

Somos esperança,

e esperanças renovam-se ao sopro

de simples e duvidosos amanhãs.

Quem se angustia prevê mutações

A angústia pede seu tempo de choca. 
Pede um tempo de maturação.
De cuidado.
A angústia nos apequena.
Nos faz frágeis.
Impotentes frente aos desmandos, 
ao que sobre ele não temos controle.
A angústia nos priva de ar.
Mas, paradoxalmente,
nos alimenta de renascenças.
Pede um conforto de um ninho
para se recuperar.
Pede amigos, abraços, 
palavras de carinho.
A angústia pede um tempo.
Pede paciência para consigo mesmo.
A angústia pede mudança.
Pede metamorfoses.
Pede um regaço onde deitar a cabeça.
Pede Deus.
A angústia pede respeito, 
solidariedade, empatia.
Pede abrigo, segurança,
pede até o nada.
Silêncios, pausas melodiosas,
eternidades.
A angústia pede você a amparar 
a quem do teu lado finge,
suporta, encena.
A angústia é uma mãe-pássaro 
chocando sua cria.
Quem se angustia prenuncia 
o novo, antevê liberdades.

Podemos ser ninho para o outro que sofre. 
E, ninhos não falam. 
Acolhem.
Não dão conselhos, pregam piedosas intenções ou pitaqueiam. 
Ninhos protegem. 
Cuidam. 
Socorrem. 
Escutam.
Apoiam. 
Respeitam o outro e a sua dor.
Não há dor fácil, 
por mais que já tenha sido 
também vivida pelo ninho-amigo. 
A dor que sentimos é egoísta. 
Nossa, e de mais ninguém. 
Só precisamos de um ombro,
meigo e compreensivo, 
que fale pouco e 
escute muito, 
para nos recuperar. 
Um belo dia, de nossa dor, 
brotará vida, tal qual o ovo 
após a choca.
Uma pessoa que sofre, 
que se angustia, 
é um otimista profeta e que 
fará algo com o que aprendeu
e sairá da crise melhor. 
"Eles passarão, nós passarinhos".

Conecte-se ao que importa




Comprei um desses carregadores de celular para usar no carro, conectando-o ao acendedor de cigarros.
Fiquei impressionado com a quantidade de opções de conexão que ele tinha, umas dez.
Para todo tipo de celular, e até Ipad, Tablet e Notebook. Uma Brastemp.
Na prática, aquele monte de cabos dificultava minha vida. Meu celular só tem uma conexão possível, e até achar a que dava certo nele, na pressa de ligar o carro, era uma novela.
Aí tomei uma decisão radical. Cortar os cabos que me atrapalhavam.

Um a um fui cortando.

O povo do setor dizia: "Por quê?"

Eu ria.
E dizia: "Porque não me servem mais".
Outros diziam: "Mas se..."

Eu pensava: "Para que guardar algo só na expectativa de um dia vir a usar, se carregá-lo hoje me causa transtorno?"
Temos que ter coragem de cortar os cabos desnecessários em nosso viver.

Aqueles que não fazem mais sentido. Desapegar-nos de nossas tranqueiras emocionais.
E o pior, tem gente que tem um prazer danado em continuar com elas.
Uma coisa masoquista.
Mesmo que não façam mais nenhum sentido às suas vidas.
Conheci uma senhora que se separou há 15 anos. Ela fala da separação com tintas tão reais, tão nítidas, que parece que foi ontem.

Tem que cortar esse cabo.
Tá roubando energia dela.
Tem gente que conecta o cabo da ira, quando se vê já está no meio do trânsito com porrete em punho, pronto a agredir o motorista que lhe deu uma trancada.

Para que?


Tem horas que é preciso coragem para cortar o cabo de força. O cabo que te conectará a sentimentos não nobres.
Mesmo que possa soar ao mundo como covardia.
Desconecte-se de tudo que te faz mal.
Use a razão para isso.
Saia dessa posição de vítima das circunstancias, de ação e reação, e reaja diferente às intempéries da vida.

Têm pais que nunca perdoam os filhos. Que ainda possuem o cabo do desprezo em seus corações.
Têm cônjuges que nunca perdoam seu par.

Ficam com o cabo da ira, do ressentimento, do desamor um dia sofrido, pronto a espetá-lo no peito do outro, à qualquer crise que venha a sofrer.

Estão sempre pagando prestações de si mesmo.

Carregando dívidas emocionais.

Têm filhos que não desconectam os cabos da falta de atenção que receberam de seus pais.

Falam de suas infâncias desamorosas como se fosse ontem.

Corte esse cabo. Passou.

Têm casais que não se permitem renovar seu amor.

Vez por outra conectam o cabo do ciúme no coração e tome energia ruim na relação.

Nada que fará vai alterar a rota já vivida.

Mude a si mesmo, na forma como aquilo lhe atingiu.

Têm famílias que se matam mutuamente, anos a fio,

Rixas eternas, até que um deles corte o cabo da violência histórica que se estabeleceu, rompendo o círculo nada virtuoso de crimes pela “honra”.

Precisa-se de coragem para cortar alguns cabos emocionais que terminam em se afixar em nosso viver.


Tem que ter sabedoria, usar de fortes doses de razão.

De tão emaranhados que vamos ficando em nossos cabos tóxicos e emocionais, guardados para um dia vir a usar, sufocamos nosso crescimento.

Envenenamo-nos com nosso próprio guardar de coisas ruins.
Chego a dizer que tem que voltar a gostar de si mesmo.
Esses cabos nos dão uma falsa sensação de segurança, de fortaleza, mas na verdade, são frágeis.
Não se sustentam sem o ódio, sem a pobreza de espírito, sem a mediocridade de almas.

Tomei coragem e cortei coisas chatas que ficava remoendo.

Puxadas no tapete organizacional.

Ingratidões passageiras.
Besteiras que fiz vida afora, e que é tarde para voltar atrás e consertar as coisas.
As lembranças ativam a conexão dos cabos. Por isso é preciso trabalhá-las também.

Guarde as lembranças que lhes fazem bem.

Reprograme, recondicione seus comportamentos, sua ação e reação, diante das situações parecidas com as que já viveu.

Tem gente que carrega consigo o cabo da ira. Pronto a conectá-lo ao menor problema. Que tal cortá-lo também?

Tem gente que carrega consigo o cabo da vingança.

O do ódio.
O da inveja.
O do ciúme.
O do pessimismo.
O da ganância.

Tem gente escrava do cabo do consumo, da vaidade.

Com ele sempre conectado.

Precisa sempre tá se conectando à moda, à valores materiais, para se sentir bem.

Isso não vai dar certo.
Tem gente que perdeu um processo seletivo. E fica remoendo, remoendo, remoendo.
Fala daquilo, meses depois, como se fora ontem. Não conseguiu processar o luto. Aprender com ele. Dar a volta por cima, voltando a sentir emoções pesadas que um dia já sentiu.
Aliás, as emoções materializam presenças e trazem para bem perto, em lembranças, cenas já vividas.
Lembrar e trazer presente. Por isso ninguém morre totalmente.
Não sou sangue de barata.
Mas, depois de uns anos, vou me livrando dos cabos tóxicos que acumulei.
São cabos que tornam nossa jornada mais áspera. Mais dificultosa. Cabos que um dia podem até ter sido necessários, diante de algum um revés que sofremos, mas que hoje não fazem mais sentido.
Deixá-los em nosso coração, só pela segurança que nos dão caso algo aconteça novamente, será muito pernicioso. Será inibidor de nosso desenvolvimento.
Hoje conversei com um jovem que se sentia um lixo. Estava amargurado pela culpa. Sentia vergonha de si mesmo, culpa do que fez.
Mas, o que é a culpa?
A culpa é uma condenação que recebemos de nossa consciência.

Só sente culpa quem tem consciência.
Portanto, a culpa é a sentença do tribunal da vida que comparecemos.
A culpa é como um cheiro fétido de carniça em nosso viver. Por mais que a gente tome banho, se perfume, sempre estará por perto.
Após o julgamento da culpa, vem a sentença, a pena.
Cumprimos a pena da culpa em prisões emocionais que adentramos.
Ficaremos nelas encarcerados, até que consigamos expiá-la.
Contudo, expiar a culpa pede um tempo. Um tempo de processamento.
Não é do dia para a noite.
 

Dos cabos que vamos carregando vida afora, muitos que se colam em nosso ser; até nos darmos conta, a culpa é o mais difícil de cortar.

Cortamos de maneira até simples o sofrimento, a mágoa, a violência que sofremos.

Mas a culpa. Ah! a culpa...
Pense num cabo difícil de desconectar. De cortar.
Não tente cortá-la de uma vez só. Não vai funcionar. Ela ficará mais forte ainda.
Tente ir cortando-a aos poucos.
Se aceitando. Parando de se julgar novamente.
Parando de se autoflagelar, de se agredir.
Parando de dizer que você não tem valor. Que é um lixo.

Aceitando-se inclusive nas limitações, nas coisas não tão legais que fez, mas entendendo que não tem o dom de voltar às cenas de seu viver e vivê-las de um jeito diferente.
Passou. Vire a página. Conserte o que der para consertar.
Sempre ficarão danos e perdas. Paciência
Viver a vida toda olhando no retrovisor e se punindo não ajudará a cumprir sua pena emocional que você mesma se condenou.
Não ajudará em nada.
 

Olhar no retrovisor só para aprender com o que fez de errado e crescer como pessoa.

Olhar no retrovisor só para não repetir os erros velhos.

Não fique olhando para voltar a se condenar, pare com isso.

Sua sentença já saiu, você é culpado. Pronto.

O que fará com o resto da sua vida, após a sentença, é o que fará toda a diferença.

Pare de esperar uma resposta da vida. Dê uma resposta à vida.

Como cumprirá sua liberdade condicional será fundamental ao seu renascer.

Com a culpa a gente tenta aprender. Ver o que conseguimos fazer para minimizar os estragos que fizemos.

Tentar salvar algo.

Reduzir danos. Compensar, mudar procedimentos.

A culpa é pedagógica. A mais cruel de todas as pedagogas da vida.

Com a culpa, sempre haverá uma parte de nós mesmos que morreu junto dela.

Uma espécie de necrose da alma.
Um luto que gruda.
Nosso coração, de culpas e culpas, vai ficando cheio de sequelas. Sequelas da vida e do viver.
 

Mas, com o que restou ainda funciona.
E bem.

Lembre-se, você a partir de agora está em "construção".

Tijolo a tijolo, reerguendo sua estrutura emocional, reaprendendo a viver consigo mesma.

Agora é recolher os cacos, administrar o que restou e seguir em frente.

Quem não tem seus próprios cabos que jogue a primeira culpa. 

Toda dependência é mórbida. 

Até de amores. 
Nascemos com um único cabo, que depois se desconecta. Temos que saber desapegar do que nos faz mal. 
E seguir nossa trajetória. 
Sem nos colocar novamente em amarras reais ou imaginárias.

E, cuidado com cabos desnecessários já cortados, eles são como unhas, toda semana crescem.

Um tempo que se chama agora.

Já peguei celular dentro do vaso sanitário, ano passado.
Enrolei o ferido em papel higiênico, e, dois dias depois, tive coragem de ligá-lo, e num é que funcionou.
Dias desses foi minha carteira.
Fui tirar o paletó e pimba, carteira ao vaso.
Não contei conversa, mergulhei a mão e a resgatei.
Quando o risco vale a pena, para resgatar aquilo que damos valor, até botamos a mão na merda.
Pense nisso!
Agora ficar só olhando, não vai ajudar em nada!
Mova-se e corra atrás de seus objetivos.
Saia da arquibancada do jogo de sua vida.
Deixe de arrastar seu caixão na estrada de seu ser.
Quanto às mãos sujas... ninguém cresce sem isso.
Sem se envolver, se entregar, se comprometer com o que ama e bota valor.
E preciso aprender a superar o luto, o sofrer, a culpa. Aprender a meter a mão no vaso, recuperando nossa essência, antes que caiamos na tentação de dar descarga de nós mesmos.

Isso mesmo.
Tem muitos de nós que de tanta pancada que foi tomando da vida, foi se vendo como um "sem valor". Foi perdendo a auto-estima.
Pergunto-me se esse "sem valor" lhe visse caído num vaso sujo, ainda assim teria forças para lhes resgatar a si mesmo.
Muitos desistiriam.
Iriam buscar forças em pseudos-alegrias, se encheriam de drogas de todos os tipos, e cada vez mais afundariam vaso adentro. 
Esse texto poderia terminar por aqui. Mas estaria incompleto. 
Pois falaria tão somente do humano que temos.
Que é belo.
Porém, muitas das vezes, insuficiente para falar de vidas transformadas.
De pessoas de valor que estavam vivendo em vasos sanitários e que não se viam mais saindo daquela situação. 
Independente de quão sujo, de quão asqueroso se sinta. Do quão pobre, sem formosura e graça, se sinta.
Conheço um Deus de Amor, chamado Jesus, que mete a mão no vaso para nos resgatar.
Ele te dá valor. Não importa as circunstâncias.
Por mais feio, sem graça e chato que esteja se sentindo.
Tenha calma, é só uma fase!
Todos temos as nossas. Embrulhe-se no papel higiênico da fé. 

Ela absorverá tuas dores, mal-humores, descaminhos mal-cheirosos e te fará funcionar novamente, puro e límpido, tal água de fonte cristalina.
Mas, dê-se um tempo. Tenha paciência consigo mesmo. Logo você voltará a funcionar.
Mas, acredite em mim. Não fique olhando seus valores, ou as coisas não-materiais que já atribuiu valor,  partindo vaso abaixo.

Lute por elas. 
Pelos seus filhos.
Cônjuges.
Amigos.
Familiares.
Funcionários.
Não embruteça teu coração, não se vacine com os anticorpos da indiferença. 
Que a menor infeção de amor que tiver, de compaixão pelo outro, logo se multiplicarão em teu ser anestesiando-te para com o sofrer do outro, para com o pesar do outro.
Passando a olhar a tudo que ama pelos olhos opacos da indiferença.
Cuidado.
Se tem valor, vale o resgate.
Vale brigar por aquilo que te faz feliz.
Vale doar-se. Vale até sofrer, pense numa mãe que teve que internar seu filho viciado em droga, e à força. Quanta dor!
Ela meteu a mão no vaso sanitário. 
Tirou ele de um mundo de morte. Resgatou-lhe.
Pense naquele casal que um deles ainda aposta no outro. Vale o preço. 
Que não desiste de perdoar, de tentar mais uma vez.
Que mete a mão no vaso e diz que espera que ele, ou ela, "seque-se no papel higiênico" e volte a ser quem era. O amor acredita. 
Arrisca pelo outro, pois sabe de seu valor.
Portanto, não se deixe partir vaso adentro.
Idem para quem ama. 
Tudo tá tão descartável ultimamente, é tão fácil deletar, mudar de fase, buscar atalhos, que coisificamos e banalizamos sentimentos, até a morte.
Não entre nessa.
Relações são edificadas e forjadas lentamente, com dores, renúncias, alegrias aqui e acolá.
Isso as tornam melhores, como quem malha o ferro no fogo.
O pessoal agora desiste à primeira pancada. Não investe mais.
É a cultura do fast-love. 
Não embarque nessa. Uma vida com sentido e plena, exige paciência, perseverança e fé.
Mexa-se enquanto há tempo.
Resgate-se.
Resgate a quem ama.
Meta a mão no vaso e recupere o sentido de viver.
Mas, quando lhe faltarem forças. Quando de tão destruído não acreditar nem mais em você.
Quando pensar que é o fim, que não conseguirá mais renascer, depois de tantas derrotas, ou tão doloroso luto, lembre-se de quem apostou em ti e deu a vida por nós.
Nos amou incondicionalmente. 
Ele todos os dias te resgata, me resgata.
Me acolhe em seu "papel higiênico".
Me espera, me respeita no meu livre arbítrio. 
Me purifica, me limpa, me energiza, me motiva.
Ele sabe que sempre valerei a pena.
Mesmo que eu não me veja mais assim.
Mesmo que eu sinta que não valho mais nada. 
Mesmo que eu me veja como a brasa que perdeu o fulgor, o pássaro no laço do passarinheiro.
Mesmo que sobre mim venha todo tipo de imprecação, de escarnio, gozação e até de humilhação.
Mesmo que ninguém mais veja em mim algo que valha a pena por ele lutar.
Mesmo que eu mesmo não me veja superando a dor, a culpa, o sofrimento e o luto.
Digo-lhe com a convicção de quem já esteve na merda, Ele não te ver assim. Não te quer assim. 
Ele está pronto a te ninar, aninhar, amparar, socorrer e despertar em ti a força interior que nem tu mais sabia que ainda existia.

Tenha coragem de despir-se e abraçar o novo.

Amanhã abrace o novo, 

como se fosse beijo de primeiro amor. 

Permita-se novos olhares, 

novos tocares,

novos sentires.

Mude-se emocionalmente para o lugar que estará.
Seja pleno e intenso em tudo que fizer, até ao tirar xerox.Não fique cobiçando o lugar do outro, a vida do outro.Acredite, você vê a versão editada da vida dele.
Ele também tem problemas.Acredite em mim, 

lugares não desejados acabam sendo os melhores para muitos. 

Entregue-se ao trabalho com afinco e disciplina. Não esqueça suas asas metades: seus amigos.Ajude a todos. 

Seja bom, ético, manso e sábio.
Não bote os pés pelas mãos, embrutecendo o coração e se entorpecendo de ambição.Tudo tem o tempo de amadurecer. 

Até sua carreira e vida pessoal.Acredite em seu potencial, acredite em qualquer coisa, mas acredite!Quando cremos a natureza conspira a favor.
Não desejo sorte para tua semana que inicia.Desejo amor.Desejo realizações conquistadas com suor e força de vontade.
Viver não é para fracosLembre-se dos Vikings, um povo que aprendeu que quando faltassem os ventos bons - ao navegar, restariam fortes braços a remar.Reme e não se perca do "Norte" dos valores.Não importa o quanto já sofreu: persevere. 

Não importa o quanto está cansado. Levante e ande mais uma légua.


Não importa o que falam de você. Aproveite o que lhe faz sentido, e dê descarga no que não faz. (Se aprender a técnica me ensina).


Não importa o quanto sofreu. Passa.

Não importa o quanto sente-se frágil. Finja.

Mas cedo do que pensa você estará novamente contando estrelas no céu.

Amanhã abrace o novo como quem abraça recém-nascido.

Com cuidado, com jeitinho, com carinho.

Mas abrace-o.


Mude de roupa.
De prato no almoço.Mude de caminhos.Mude de si mesmo nas coisas que já não lhe fazem mais sentido.Mas, aprenda, tudo é feito de mudança na vida de quem avança.Vai se sentir sozinho, às vezes? Vai.Inseguro? Vai.Confuso? Claro que sim.Nunca vi uma vida autêntica, livre e bela - por mais simples que seja, que não sente sentimentos similares.

Tenho um monte de prisões que não consigo me libertar.

De outras, chuto o balde.

A razão é o fiel da balança. 

Não podemos fazer tudo que der na telha. 

Isso seria tão ruim como não fazer nada.

Achar a justa medida é uma arte.

Não há caminho, o caminho acontece no caminhar.

Foi minha escolha escolher atalhos, não ir por aí.
Assim trilho meu viver.
Não me apetece falsas considerações, intenções, puritanas preces.
Sigo na trilha de meu viver, pelos trajetos do corações, com suas desvairadas emoções.
Sigo.
Não me satisfez currais, gaiolas, formas - de nenhum tipo.
Sempre desconfiei de verdades puras. De radicais ideologias.
Prefiro o barro, a lama, o calor de um sol do meio dia; do que a segurança de falsos pisos, a beleza de personagens, a estética do que está na moda.
Não sei o que é moda.
Siga seu caminho. Respeitando as pessoas, ajudando a quem lhe rodeia, pregando velhos valores e fora de uso: bondade, coerência e ética.
Leio minhas cartas antigas.
Vejo-me em cada linha.
Sou e fui andarilho.
Não me confortam piedosas maritacas gritando duvidosos conselhos.
Sigo o caminho de quem me liberta e quem admiro.
Caminhos simples, pobres mas limpinhos, de pouca ostentação, vaidade, orgulho besta.
Caminhos das coisas que no fim das contas são as que de fato valem a pena por elas viver.
Libere a força de seu coração das amarras das mágoas, ciúmes, invejas, ou sentimentos de baixa estima e consideração.
Libere a energia que tem em si mesmo e transcenda.
Renove-se e ilumine pessoas.
Você tem esse dom. Suas mãos curam, confortam, acalmam, acariciam.
Suas palavras estimulam, animam, motivam, ajudam.
Seus comportamentos constroem, agregam, transformam projetos complexos em garatujas infantis.
Acredite, tudo passa.
Acredite em mim quando digo, você morrerá.
Assim, ame de montão.
E, releve tudo que te incomodou.
Perdoe.
Use a tecla do coração Alt F4 e feche janelas que te agrediram.
Passou.
Respire.
Respire.
Respire.
Pronto, agora sinta em teu interior a força vital que teima em viver.
Ela renova-se no outro, amando o outro.
Portanto acredite em mim quando falo: o espelho de nós mesmos são as marcas que deixamos nos outros.
Foi minha escolha.Assim trilho meu viver.Não me apetece falsas considerações, intenções, puritanas preces.Sigo na trilha de meu viver, pelos trajetos do corações, com suas desvairadas emoções.Sigo.Não me satisfez currais, gaiolas, formas - de nenhum tipo.Sempre desconfiei de verdades puras. De radicais ideologias.Prefiro o barro, a lama, o calor de um sol do meio dia; do que a segurança de falsos pisos, a beleza de personagens, a estética do que está na moda.Não sei o que é moda.Siga seu caminho. Respeitando as pessoas, ajudando a quem lhe rodeia, pregando velhos valores e fora de uso: bondade, coerência e ética.Leio minhas cartas antigas.Vejo-me em cada linha.Sou e fui andarilho.Não me confortam piedosas maritacas gritando duvidosos conselhos.Sigo o caminho de quem me liberta e quem admiro.Caminhos simples, pobres mas limpinhos, de pouca ostentação, vaidade, orgulho besta.Caminhos das coisas que no fim das contas são as que de fato valem a pena por elas viver.Libere a força de seu coração das amarras das mágoas, ciúmes, invejas, ou sentimentos de baixa estima e consideração.Libere a energia que tem em si mesmo e transcenda.Renove-se e ilumine pessoas.Você tem esse dom. Suas mãos curam, confortam, acalmam, acariciam.Suas palavras estimulam, animam, motivam, ajudam.Seus comportamentos constroem, agregam, transformam projetos complexos em garatujas infantis.Acredite, tudo passa.Acredite em mim quando digo, você morrerá.Assim, ame de montão.
E, releve tudo que te incomodou.Perdoe.Use a tecla do coração Alt + F4 e feche janelas que te agrediram.Passou.
Respire.Respire.Respire.Pronto, agora sinta em teu interior a força vital que teima em viver.Ela renova-se no outro, amando o outro.Portanto acredite em mim quando falo: o espelho de nós mesmos são as marcas que deixamos nos outros.

Lustre seus amores.


No caminho para um evento de colação de grau me assustei.
Percebi que dormira bem na noite anterior, não tivera lapsos de insônia.
Não. Não era noite de dormir bem. Era noite de acordar ansioso, esperando.
Nas outras 6 colações, em anos anteriores, era assim.
Acordava, ligava o HD mental, pensava no dia seguinte - ansioso, e voltava a dormir.
Contudo, durante a formatura algo de bom me aconteceu.
Um sentimento de amor foi me invadindo e lavando a indiferença.
Renovei meu amor por aqueles garotos e garotas que acompanho em sua trajetória de carreira.
Reencontrei-me em meu gostar. E passei a me senti potente, feliz, motivado, tal qual um garoto serelepe que vai se encontrar com a namorada.

O amor precisa de lustramentos. De se levar para polir, para renovar o brilho, o encanto.

E não falo exclusivamente de amor de amantes, de namorados ou cônjuges.

Falo de todos os amores. amor por uma comunidade, por uma causa, por um animal, por uma planta, pelo sol, pelos amigos, pelo trabalho... amor em todas as suas expressões.

Como aquela pintura de carro novo, que mesmo sendo novo, de tanta poeira que levou durante a semana, nem se parece com o que já foi, esses amores precisam de paradas de renovação.

A rotina dos dias previsíveis, com o sempre vivido e do mesmo jeito, sem mais mistérios, sem medos e ansiedades, vai anestesiando o sentir.

A exemplo de quando levamos nosso carro naquelas oficinas de revitalização de pinturas, o amor também pede esse procedimento.

O gostar pede momentos de revitalização. Pode ser uma viagem, um novo projeto, um desafio.

Uma parada reflexiva e de autoconhecimento. Uma contemplação.

O amor pede cuidado. Esse talvez seja o maior problema dos desamores, deixamos de cuidar. De adubar, podar, acreditar no potencial da semente.

O amor precisa de desequilíbrios, de renúncias, de medos, de ansiedades, de apriscos prazerosos, de lantejoulas de admiração.

Saí rejuvenescido da formatura. Voltando a acreditar, voltando a me emocionar.

Nada pior do que o efeito da rotina no olhar amoroso. Vai criando uma opacidade, tal uma catarata, uma névoa por cima do olhar que não mais ver o brilho existente, mas a falta dele. Olha-se para o antes amado, agora pelas lentes da indiferença.

E a indiferença é a traça do amor. Como um cupim que corrói, que destrói a estrutura que antes existia, ela ataca no raiz do sentir, imobilizando-o.

Não deixe envelhecer seu sonhar, seu encanto.

Renove-o periodicamente.

Mesmo que tenha levado pancadas, sofrido decepções, vivido frustrações, se o que corre no leito mais profundo é amor, ele renascerá.

Só precisa de um novo cultivar, de algo que o lustre para que seu brilho volte com todo fulgor.

Próxima colação de grau quero ter insônias homéricas, e das boas!
Nada melhor, para oxigenar as artérias do coração, do que as insônias de apaixonados.
Aquelas que temos por antever e ansiar as vivências de alegrias futuras que nos esperam, ao vivermos - mais uma vez, e com intensidade o que já amamos. O amor tem o dom da autopoiese.

ALT F4 - A hora certa de teclar é o segredo do bem viver.


Depois que instalei o windows 8 senti falta de umas facilidades que o Win 7 tinha e que
na versão modernosa tiraram do ar.
Uma delas, era a de fechar as janelas de um aplicativo, quando queríamos dele sair, com um clique no (X), no canto superior direito da tela.
Pronto, fechava facim facim.
Já com os aplicativos que rodam na interface Metro, que vem no Win 8, o bicho pega.
Pense num moído. Numa fuleiragem.
Você faz até mandinga e quando menos espera, ao passar o mouse pelo canto superior esquerdo da tela, elas brotam do .
e ainda ficam te gozando dizendo: "Ei, passei aqui só pra te ver".
E tome consumo de hardware da máquina.
Aí descobri um atalho.
Com a aplicação aberta, é só clicar ao mesmo tempo ALT F4.
Como num passe de mágica elas desaparecem.
Ufa!
ALT + F4, juntinhos, que beleza!
Varinha de condão.
Quantas vezes precisei fechar janelas em meu viver para prosseguir e não consegui.
Quantas!
Fiquei carregando esquifes meses a fio, remoendo quase tragédias, valorando decepções e ruminando desilusões. Ou seja, não conseguia virar a página, fechar a página.

Todos temos nossas páginas abertas, que não mais fazem parte de nossas vidas, mas que estão ali pertinho, e quando menos esperamos, lá vem novamente a nos importunar.

Acho que virar páginas, ou fechar páginas, é uma arte que se aprende ao longo do viver.

Crianças são exímias professoras.

Depois, com a consciência adulta, vamos emburrecendo nessa arte.

Vai ficando difícil teclar Alt F4.


Vamos ficando racionais demais, caretas demais, prepotentes demais, orgulhosos demais para fechar páginas.

Para desnudar-nos de tudo que carregamos de tranqueiras emocionais que dificultam nossa jornada.

Nos apegamos até às páginas abertas, mesmo que não mais nos deem prazer ou que façam parte de nosso viver.

Nos apegamos aos traumas, perdas, lutos e coisas que não nos animam a continuar pelo medo de assumir nosso próprio destino.

Mudar dói e é arriscoso. É para os fortes.

Conheço pessoas que separaram-se há anos, e ainda continuam com as páginas abertas, machucando-se mutuamente.

Conheço pessoas que levaram rasteiras no trabalho, década atrás, e ainda hoje contam o faco, a cena, como se tivesse acontecido m~es passado.

Conheço gente que odeia o trabalho, odeia a empresa que trabalha, e não consegue teclar Alt F4 - fechar essa janela de seu viver, e abrir outras.

E, de janelas abertas, mal resolvidas, e janelas abertas mal resolvidas, a vida vai ficando um fardo.

Uma certa dose de janelas abertas faz parte do viver.

Se assim não o fosse seríamos cínicos conosco mesmos.

Para tudo que desse errado: Alt F4.

Seria muito ruim.

Algumas janelas abertas e mal resolvidas precisam continuar ali - no canto esquerdo do monitor de nossa vida.
Ali a nos assustar, a nos incomodar, a nos angustiar para que possamos com o fedor que por elas passa e nos incomoda algo aprender e mudar.

E, com isso, não repetir erros.

Janelas mal resolvidas da alma pedem um tempo para serem fechadas.

Mas precisam ser fechadas.

Antes que seja tarde demais.

Antes que a morte chegue sem nos pedir licença.

Não há teclas de atalhos, fases, macetes, dicas, vidas extras e bônus no game do Ser.

Não há.

Há o autoconhecimento que ativa o GPS da consciência crítica e nos tira das posições de alienação para as de transformação.

Há os valores que norteiam nossa existência e que apontam caminhos possíveis.

Fechar algumas janelas que teimam em ficar abertas em seu viver é necessa´rio para que outras possam se abrirem.

Descobrir quais delas, e o momento adequado de assim fazer, é arte, é dom, é sabedoria.

Ficar preso a vivências de sofrimento do passado, e por uma eternidade, não lhe fará uma pessoa melhor.

Aliás, sugará tuas energias tão necessárias ao teu sobreviver.

Olhe no retrovisor da vida só para aprender com as dificuldades que passou.

Olhe para pegar impulso.

Descubra qual conjunto de teclas de teu coração fecha as janelas de tua vida que te importunam, entristecem-te.

Mas, use essas teclas de atalho com moderação.  Na dose certa.

Os lutos pedem seu tempo para serem processados.

Não antecipe curas.

Lembre-se algumas janelas precisarão continuar abertas - ainda por um tempo, mesmo que de teu viver não façam mais parte.

O papel delas é pedagógico.

Contudo, uma ou outra janela aberta é sadio.

Não colecione janelas abertas.

Não colecione rancores, mágoas, desamores. Sofreres de todos os tipos.

Nas janelas boas, nas janelas que te dão prazer, plante jardineiras.

Enfeite-as com gerânios, violetas e orquídeas.

Faça molduras bem bonitas destacando essas janelas boas.

Libere-as de qualquer obstáculo para que o sopor da vida, que delas emana, chegue pleno até você.

Escancare-as para que outros possam também delas se valer.

Tome sol debruçado nela, namore em suas jardineiras.

Publique em seu viver as janelas boas que abriu.  Celebre. Seja grato. Comemore.

Agradeça por elas existirem.

Pode ser a janela de teus pais ainda vivos.

Pode ser a da cura de uma doença.

Pode ser a dos sentidos do trabalho que possuí.

Pode ser a dos amigos.

Pode ser a dos filhos, da amada(o).

Pode ser a mais simples de todas, e a mais poderosa, aquela que faz teu coração e pulmão funcionarem, independente de tua ordem cerebral para que parem.

Aquela janela da alma que por ela passa o sopro de tua ida.

Pense nisso. Abra janelas boas. Feche janelas ruins, que já processaram sua dor.

E, mantenha aberta janelas doloridas, mesmo que sofridas, para que com elas tome posições, se mexa e transforme a si mesmo.

E, no caso de não poder mudar uma situação que lhe incomoda, ou seja, fechar uma janela aberta e ruim, mude a si mesmo.

Na forma pela qual a percebe aberta e a deixa agir em você.

Mude-se de lugar, de emprego, de setor, de casamento, de cidade, de curso superior, de personagem no teatro da vida.

Mas se mude, caso necessário seja!!









Não pare de esculpir a sua obra


Não pare de esculpir a escultura de sua vida só porque passou do ponto o corte que fez, 
com o cinzel e marreta na pedra bruta,
e já não conseguirá fazer aquele projeto 
que um dia planejou, com o que sobrou da rocha. 
Calma. 
Continue esculpindo-a, com outros projetos 
agora em mente, adequados ao material 
e as condições que lhes restaram. 
Ainda assim será tua obra, tua identidade, tua jornada, tua essência quem estará em jogo. Se pensa que passou do ponto de fazer a bela escultura que um dia sonhou, com a tua vida, não desanime. Todos somos assim. 
Persevere, continue com o cinzel e marreta esculpindo a pedra de sua história.
Talvez não dê mais para fazer uma estátua em tamanho natural de algo belo, mas com o que restou, 
e dentro da realidade que convive, 
e nas condições lhes apresentada, 
ainda assim poderá reverter a situação, 
alterar rotas e cursos de ação 
dando uma resposta à vida.
Não fique sentado, à beira do caminho, reclamando que errou o ponto do esculpir.
Não ajudará em nada. 
Continue a sonhar em fazer algo com o que restou.
Algo teu. 
Que, ao final, ao contemplá-lo saberás que ele foi
feito de lutas, de suor, de resistir,
de não desanimar diante das dificuldades.
Será tua bela obra em vida, esculpida com esperança nas dificuldades, e pequenas alegrias, 
mesmo fugidias.
Esculpe a pedra de teu viver, 
teu ser, com afinco. 
Dessa tua entrega, em ser melhor para a humanidade, 
em melhorar o jardim ao teu redor,
a cada golpe do cinzel, 
nascerá novos frutos e muitos se beneficiarão deles. 
Tenha coragem de admitir que sonhos, 
sonhados com afinco, não serão mais atingidos. 
Mudaram as estações.
Porém, mais que uma coragem resignada, 
pergunte-se o que fará com os anos que lhe restam, 
com o que tem disponível, 
com coisas que poderiam até ter-lhe passado despercebidas, e que agora, diante da crise, serão de imenso valor na recomposição da estrutura de teu ser. 
Não desanime amigo.
Não é fácil cair. Perder. 
Não é fácil admitir que passou, que perdemos o prumo, a rota, o traçado.
Não, não é fácil. 
Mas, repito-lhe, coragem! 
Um simples anjinho de pedra que escupires, 
com as migalhas do que te sobrou, 
e que o coloque sorrateiramente, 
na cabeceira da cama de uma criança, 
poderá alegrar-lhe dias a fio. 
Não importa o tamanho da escultura, a forma, o tipo, 
é tua escultura, é tua vida e ela merece ser vivida
na alegria e na tristeza, na doença e na saúde, 
quase como num casamento, mas contigo mesmo.

Parar é preciso, viver não é preciso!

Fim de tarde, na rádio toa a Ave Maria de Bach/Gounod, choveu bastante. A natureza exala aromas de terra molhada. 
Tudo é silêncio, mas ao longe um som de um riacho que tomou água, muita água, irrompe impotente sua melodia de turbilhões.
Um casal de gavião dá vôos rasantes por sobre a relva úmida.
O sol se esvai mansamente.
Na confusão noite que enlaça o dia, no ocaso, pessoas silenciam.
ao lado uma pombinha contempla o horizonte.
Está só.
Que acontecera com seu par?
São aves que combinam a dois. Vê-las sozinhas é raridade.
Será que o gavião aprontou?

Faço conexão com ela.
Ao seu lado, de cima da varanda, também espero, esperançoso como toda espera, que seu avoante-par chegue.
Vez por outra ela olha para os lados.
Noutras, fita fixamente o horizonte á frente.
Está encharcada, foi muita chuva e acho que teve que sair ás pressas de seu ninho.
Ela contempla o infinito.
Parou, parou por uns bons 20 minutos.
Parar é preciso.
Restabelecer o ciclo da vida, fazer contato conosco mesmo, é o que pede o anoitecer.
Não, não é hora de adormecer nossos sonhos.
É hora de contemplá-los, mesmo a distancia, de aguardá-los numa espera ativa, numa espera que age.
Não, não e hora de adormecer.
A pombinha, serena e em paz, como todas de sua espécie, olha pra mim.
Que olhar manso, cheio de expressão.
A fito pelo zoom de minha câmera, mesmo assim fico petrificado com tamanha beleza daqueles pequenos olhos.
Como que a me dizer: obrigado por esperar comigo.
A noite cai, já a vejo com dificuldade.
Mas sei que ela ali está, velando seu amado, esperando-o.

Entre nós brota sentimentos de compaixão, de empatia, de entes que aprenderam a esperar.

Aprenderam que só espera quem ama, quem enebria-se com o vinho da vida, todos os dias, e sob todas as suas formas.

Boto uma música para nós.

Trago o notebook para a varanda e coloco de Rod Stewart Sailling 

http://www.youtube.com/watch?v=9Ooq7WPqd5s

Ouvimos juntos, sei que ela me escuta. Posso vê-la dançando nessa parte:

"I am flying, I am flying,
Like a bird across the sky
I am flying, passing high clouds
To be near you, to be free"

O labrador Balu sente nosso diálogo e aproxima-se pelo pomar. Late e balança o rabo.

Todos embalados pela noite e revirando-se em si mesmos antigas lembranças de quando tudo era tão mais simples.

Coloco outra música pára nós, ela diz assim: 

http://www.youtube.com/watch?v=qC6Gn-9bF1o

"Se avexe não
Se avexe não, amanhã pode acontecer tudo
Inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia
Em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade
Nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta
Da sua casa
Se avexe não
Toda caminhada começa
No primeiro passo
A natureza não tem pressa
Segue seu compasso
Inexoravelmente chega lá
Se avexe não
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa ou seja lavadeira
Pra ir mais alto vai ter que suar"

Um sentimento de paz e amorosidade nos preenche.
Rompendo a barreira das nuvens carregadas uma tímida estrela aparece, deve ser a dos navegantes, a Estela D'Alva (Vênus).
Olhamos juntos para o além e nos reconhecemos. Não, não é noite de adormercer os sonhos.
É noite de plantar sementes, noite de ninar corações, noite de se levar para passear, sentido o aroma das flores e folhas agradecidos pela chuva lavadora que receberam.
É noite de contemplar nossa jornada,  de acordar nossos sentimentos mais puros e olhar para o longe.
Aliás, "longe é um lugar que não existe" para os que se permitem amar.
Parar é preciso, viver não é preciso.  Parar e buscar o autoconhecimento.
Parar, permitir-se parar.
Sem nada agendado para daqui a uma hora.
Parar. 
Parar e ouvir sons que na maioria das vezes passam despercebidos.
Parar e meditar sobre nosso viver. 
Parar e agradecer, ao Deuses de todas as formas que nutrimos em nosso ser, agradecer até ao não-deus para os quem não o tem.

Desacelere. Desligue-se um pouco. Fique como esse avoante, num fim de tarde, contemplando.
Desacelere, esvazie-se, libere o tudo que mora em você, para que o nada faça-se presença trazendo novos tons, sons, cores e agires.
Desacelere. 
Gestos, palavras, comportamentos, rotinas e padrões de ação: desacelere-os.
Dê espaço para crescer sua paz interior. 
Elimine toxinas emocionais, tralhas sentimentais, mágoas encardidas.
Pare e sinta-se.
Toque-se.
Curta sua respiração, seu coração batendo, sensações de frio e calor.
Curta-se e compartilhe-se com a humanidade, revelando o que tem de melhor.
É preciso coragem para parar e se ouvir.
Estamos sempre cercados de tudo que nos tira da escuta de nós mesmos.
Talvez por medo. Ou falta de costume.
 Não há direito mais sagrado do que o parar.
Nem sempre possível, na frenética luta pela sobrevivência.
Contudo, ainda assim, há formas inovadoras de parar seu cérebro. Seus pensamentos. Para abrir-se ao que lhe rodeia, ou para sentir seus sons mais interiores, abafados por problemas e sua luta diária pela sobrevivência.
Quando paro contemplo o nada. 
Foco um instrumento tocado numa canção e o acompanho por toda a melodia.
E aí descanso de mim mesmo.
Relaxo.
Falar em parar nos tempos atuais parece uma utopia. É uma utopia.
Mas busque em algum momento do seu dia parar.
Desacelere.
Enquanto nos esvaziamos do barulho interior que emitimos, nos enchemos de outros sons de nosso coração, sons que sempre estão tocando, mas pelo nosso barulho interior, nunca os percebemos.
Sons que evocam vida, amorosidade, perdão e liberdade.
Sons que nos alimentam do que temos de melhor em nosso ser.
Sons que nos lembram que tudo passa, que somos pó, e que morríveis que somos não temos a ideia de quando partiremos.
Sons que pedem mudança, que nos denunciam, que nos incomodam.
Sons que pedem ação e renovação de nossos valores.
Para ouvi-los precisamos parar. E conectar nosso aparelho interior ao que temos de mais profundo, nossos sentimentos.
Parar é um ato de amor, de ousadia e coragem nos tempos atuais.
Adorei parar uns 30min com o avoante e Balu.
Repetirei com mais frequência. 
Agora miro na estrela bela e uno-me a todos os seres da humanidade,  nos rincões mais longínquos do planeta, que ainda param e olham as estrelas.
Nutro-me das estrelas, luas cheias, entardeceres, amanheceres, flores no cio, pássaros misteriosos, quando paro, e alimento meu interior, saindo das paradas melhor do que cheguei.
Não menos confuso, apenas melhor!

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