Os Cinco Capitais para uma Aposentadoria Mais Plena de Sentido. (Por Ricardo de Faria Barros *)





Os Cinco Capitais para uma Aposentadoria Plena de Sentido. (Por Ricardo de Faria Barros *)

Capital Biológico

1. O exame periódico agora é por tua conta. Não relaxe nele. Doenças silenciosas avançam com a idade, e, se forem descobertas a tempo, as chances aumentam em muito de serem tratadas com eficácia. Sim, antes que me esqueça, vacine-se!

2. Alimentos mais saudáveis são muito importantes para esta etapa da vida. Fuja das gorduras, açucares, carboidratos, álcool e fumo. 

3. Encontre teu próprio ritmo de atividades físicas. Movimente-se diariamente.

4. A expectativa de vida tem crescido anualmente, então prepare-se para os cem anos, e mantenha a mente ativa. 

5. Tome muito sol cedinho. E reaprenda a brincar, sonhar, contemplar e amar. 

Capital Econômico-Financeiro

6. Não saia distribuindo pela família tudo que recebeu nos acertos da aposentadoria e FGTS. Fuja desta tentação de querer socorrer a todos. Lembre-se que precisará desta renda pelos próximos 50 anos. Inclusive para custear tua autonomia na velhice e demandas de saúde.

7. Não use suas reservas financeiras para amealhar migalhas de afeto e de atenção. E, você não é responsável pelos gastos de seus filhos, ou parentes, e nem pelas aventuras financeiras nas quais eles se metem. Estabeleça limites.

8. Não compre nada antes de um ano de aposentado. Se dê um sabático financeiro. Você terá uma febre, um júbilo, que poderá induzir péssimas aquisições, tipo comprar uma chácara ou uma lancha. Sem ter vocação para isto.

9. Muitos aposentados voltam a trabalhar. E isto não é nenhum demérito. Mas, não fique triste se as oportunidades não aparecerem logo. Então vá fazendo cursos de empreendedorismo ou de novos ofícios. O Sebrae, Senai e o Sesc têm vários. Cuidado em querer torrar o dinheiro em novos negócios, sem fazer um bom plano de mercado antes. E sem emocionalismo. Nada de querer voltar a tocar o negócio de teu pai. Só faça isto se for economicamente viável.

10. Ajuste o teu estilo de vida a uma renda que será 20% menor após aposentado. Não saia torrando os cartões de crédito e a poupança em viagens pelo mundo, investimentos duvidosos, ou no consumo desenfreado. Isto pode ser uma fuga de si mesmo, algo para compensar tua angustia. 

Capital Social

11. Participe da vida cultural de tua cidade. Muitas coisas "de grátis' acontecem nela. E a cultura é um grande continente a ser conquistado com a aposentadoria.

12. Afilie-se a grupos, de qualquer objetivo e origem deles: religiosos, voluntários, esportivos, culturais... Volto a dizer, envolva-se e participe de tudo, até da quermesse da igreja. 

13. Exercite a capacidade de  fazer novas amizades. Tem muita gente legal que ainda não conhece e que poderá lhe proporcionar bons momentos juntos. 

14. Não se isole. Evite a morte social, há vida para além da empresa que se aposenta. Promova encontros com a família e amigos, mesmo que nem todos possam participar. Reaprenda  a festar a vida e a celebrar tudo, inclusive o nada. Sim, volte a namorar caso tenha relacionamento estável com alguém, pois que o mundo do trabalho limitou muito as noites de vinho, vela e volúpia. E, caso não tenha relacionamento afetivo, sempre é tempo de arrumar uma boa tampa pra tua panela. 

15. Uma das boas formas de encontrar pessoas é descobrir onde elas se juntam. Pode ser a turma do pedal, do teatro, do futebol, da pescaria, da caminhada, da dança, do baralho, do grupo de oração, do estudo de línguas, ou outros. Pessoas amigas são o oxigênio da aposentadoria. Lembre-se sempre disso. 

Capital Humano

16. Continue aprendendo algo. Não perca a curiosidade pela vida, pelas descobertas, por novas experiências. Não é tarde para tocar aquele projeto acadêmico que adiou ao entrar na empresa. E, muitos cursos podem ser feitos a distância.

17. Encontre algo que lhe dê prazer para ocupar o tempo com significado: jardinagem, hobbies, artesanato. Cursos de gastronomia, artesanato, fotografia, vinhos e cervejas, também são prazerosas ocupações do tempo.  

18. Crie valor com o que sabe, viveu e aprendeu. Quem sabe assumir outra profissão. Ou abrir um blog para contar suas histórias. Ou ensinar na academia e ensino médio. Ou criar cursos e ofertá-los no mercado. Muito conhecimento há em você para ficar estacionado.

19. Crie objetivos de autodesenvolvimento, inclusive em espaços que promovam o autoconhecimento. Tais como fazer cursos de yoga, mindfulness, tai-chi-chuam, arteterapia e capoeira.

20. Não deixe que ninguém diminua seus sonhos em adquirir e aplicar novas atitudes, habilidades e conhecimentos. Há preconceito contra gente de cabelo grisalho que continua ativa, não ligue para isto. E, se quiser, aprenda até a surfar. A juventude é uma conquista do avançar da idade. Pense nisso! 

Capital Espiritual-Existencial

21. Compre uma agenda. E vá colocando nela coisas bacanas que fará todos os dias. Tipo, visitarei um amigo, conhecerei melhor meu bairro, irei na academia, escreverei  uma crônica. Nesta agenda, escreva com as tintas da esperança, do otimismo, da resiliência e da gratidão.

22. Alguém precisa de tua liderança. Não deixe de ser líder ao se aposentar. Continue inspirando pessoas. Continue transformando situações, ambientes e pessoas, e para o melhor.

23. Escreva um diário com as cem coisas que irá realizar como aposentado. Este diário é flexível. Você poderá repensar alguns itens, e substituí-los por outros. Mas, faça seu plano de vida para este momento.

24. Cuidado com as emoções negativas que podem tornar tua aposentadoria um inferno. São elas,  as mágoas de estimação, a negatividade extrema, a rabugice rancorosa, a falta de perdão e gratidão, e o saudosismo mórbido.

25. Cuide do tempo como um recurso maravilhoso que recebe todos os dias. Haverá tempo do não fazer nada. Tempo do fazer algo. Tempo de ficar consigo mesmo, silencioso. Tempo de se aventurar em algo novo. Tempo de ler. Tempo de descobrir novos prazeres. Não deixe que a ausência do tempo, antes ocupado com a produtividade laboral, te enlouquecer. Pessoas ficam agoniadas, após as férias da aposentadoria, porque acham que o tempo livre precisa ser ocupado. Como se ainda estivessem trabalhando. Chegam a ficar com culpa. Esqueça isto. Pinte o tempo de teus dias com coisas legais pra fazer diariamente. Que não precisam ser difíceis, caras ou que exijam grande esforço. 

26. Tenha paciência com a família e com seu cônjuge (caso tenha). Principalmente se eles não se aposentaram ainda. Não queira suprir teu vazio com a presença deles. Isto pode sufocá-los. E é preciso respeitar também a agenda de vida deles, com a sua própria dinâmica de vida. Não atrapalhe o casamento de teus filhos.

27. Entenda que a fila anda. Desapegue-se de muita coisa. E não vá ao antigo local de trabalho para rever amigos, nem para matar o tempo. Será normal não ser convidado para alguns happy-hours e não foi por mal. Ou não ser lembrado no aniversário.

28. Quando tiver que resolver algo, na empresa em que se aposentou, trate bem todo mundo. Tenha respeito e cortesia por quem está na linha de frente.

29. Uma vez por mês escreva uma carta de gratidão, relembrando pessoas importantes na tua trajetória de vida, ou fatos marcantes, pelos quais sente e na carta expressa gratidão.  

30. Cultive a espiritualidade. Se professar algum credo religioso participe dele com mais frequência. A oração é um bálsamo na vida. Mas, existem também outras formas de  espiritualidade: a poesia, a música, as pinturas, ou colecionar pôr do sol, lua cheia, abraços encantados, empatias engajadas, flores e pássaros da cidade. Encontre maneiras de se conectar a algo maior do que a si mesmo. 

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1, O autor é aposentado do BB, escritor, psicólogo, mestre em gestão social e trabalho, especialista em gestão de pessoas e em psicologia positiva.  Ele publica conteúdos no seu blog e canal do youtube em:  http://www.bodecomfarinha.blogspot.com.br  e http://www.youtube.com/user/mrricardim
2. Para comprar o livro impresso, sobre aposentadoria, e que é a capa deste texto, entre na loja virtual do site do autor em: https://www.animodh.com.br/online-store

Contemplar pode. Mas, não avance o sinal! (Por Ricardo de Faria Barros)




Quem deu o direito a algumas pessoas de se acharem superiores às outras por conta da cor da pele, da opção sexual, do sotaque, da cultura em que nasceu, ou do gênero?
Acho tão pobre uma pessoa que desqualifica negros, nordestinos, mulheres, gays, ou que acha que o local em que vive é superior aos demais, colocando-os todos na conta de inferiores e ruins. Que tipo de influência sobre a vida e o viver move-se dentro deste ser humano?
Pessoas arrogantes, aprendizes de autoritários, pequenos tiranos que devem tem um profundo vazio interior. Um dia, quando estiverem num leito de um hospital, sendo cuidadas justamente por quem despreza, será que estas pessoas terão uma iluminação interior, e crescerão? Não sei. Quando começou esta pandemia eu disse em vários eventos de que participei de que haveria uma lente sobre o bom e sobre o mal. Que não acreditava que a humanidade teria uma segunda chance de se redimir do que vem se tornando. E que os ruins continuariam ruins, e os bons, idem. Essas pessoas sempre existiram, mas não tinha palanques digitais para se projetarem, com toda carga de ódio, intolerância e antipatia ao que ela tem como diferente. Hoje, estão soltos e ativos. E sem pudor algum. Quem os critica recebe a alcunha de estarem com mimimi, de serem os chatos, e de não saberem "brincar". Então, é necessário que eduquemos nossos mais próximos noutros valores, para que este povo do mal não continue a reproduzir tanta violência atitudinal.
Também se faz necessário que falemos sobre o assunto. Que mostremos nossa indignação e que estas pessoas comecem a responder juridicamente pelos atos, "brincadeiras", ou toda uma merda mental que produzem e disseminam sem piedade.

O que dá direito a alguém a achar que uma mulher que toma um chope sozinha é sua presa, para investidas nada classudas? Chegando ao ponto de incomodá-la?

O que dá direito a alguém a achar que pode "pegar" uma mulher, dá uma encoxada nela, porque avalia a roupa que ela usa como "chamativa"? Por que na estética do corpo feminino a mulher não tem a liberdade de vestir o que bem quer, sem ficar sendo assediadas por pessoas que acham que "se ela se veste assim é porque quer dá..."? O que pensa um gestor que usa o poder do cargo para se lançar sobre as que trabalham na empresa dele? O que pensa um homem ao ver um decote, um lance de pernas, uma traseira torneada feminina? Ele acha que pode avançar o sinal, que tem direito? Será que o fato de mostrar as pernas, os peitos, ou o que venha a ser, é um indicativo de "pode chegar que a casa é sua...?" Escrevo este texto puto de raiva. Isto não era mais pra ocorrer em pleno Século XXI. Não era pra existir pessoas que discriminam negros, gays, nordestinos, mulheres... Mas, elas existem e aos montes. E, são nem sempre são pessoas sem formação e conhecimento, ou chamados ignorantes funcionais. Muitas destas pessoas são letradas e defensoras da moral e dos bons costumes. E até possuem trabalhos bem legais na sociedade. Só que não valem nada. São podres e pobres. Tenho 4 filhos, uma moça e três rapazes. Dois netos, uma bebezinha e um bebê. Cabe a mim educá-los, e com veemência, para que não reproduzam este germe do mal que tá solto por aí.

Lembro quando o meu pequeno JG, de onze anos, nascido em Brasília, falou que achava estranho o sotaque paraibano. Ele falou na inocência, sem maldade, numa recente ida nossa à Paraíba, meu estado natal. Na mesma hora eu perguntei o que era estranho? E que para nós, paraibanos, também seria estranho o sotaque brasiliense. E que os sotaques são o dna musical da língua de um povo que habita determinada região. Expliquei para ele que até nos EUA, dependendo do estado natal, a pronuncia, as expressões idiomáticas, e a ênfase das palavras em inglês mudam. E que isto não os tornam menos americanos que os outros. Ele abriu um sorriso e entendeu. Então, prometi-lhe levar ao Ceará, em 2022, para ele ter a oportunidade de se deliciar com um povo que fala cantando. Percebem como podemos educar para a convivência?

E isto vale para todas as questões para as quais o mundo cria preconceitos: índios, mulheres, pobres, negros, asiáticos, gays... É preciso que façamos a nossa parte, e que, como sociedade, exijamos respeito às pessoas, e responsabilização criminal de quem assim não o faz.

Não podemos deixar que o mundo volte à idade das trevas!

Pronto, desabafei.

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