ALT F4 - A hora certa de teclar é o segredo do bem viver.


Depois que instalei o windows 8 senti falta de umas facilidades que o Win 7 tinha e que
na versão modernosa tiraram do ar.
Uma delas, era a de fechar as janelas de um aplicativo, quando queríamos dele sair, com um clique no (X), no canto superior direito da tela.
Pronto, fechava facim facim.
Já com os aplicativos que rodam na interface Metro, que vem no Win 8, o bicho pega.
Pense num moído. Numa fuleiragem.
Você faz até mandinga e quando menos espera, ao passar o mouse pelo canto superior esquerdo da tela, elas brotam do .
e ainda ficam te gozando dizendo: "Ei, passei aqui só pra te ver".
E tome consumo de hardware da máquina.
Aí descobri um atalho.
Com a aplicação aberta, é só clicar ao mesmo tempo ALT F4.
Como num passe de mágica elas desaparecem.
Ufa!
ALT + F4, juntinhos, que beleza!
Varinha de condão.
Quantas vezes precisei fechar janelas em meu viver para prosseguir e não consegui.
Quantas!
Fiquei carregando esquifes meses a fio, remoendo quase tragédias, valorando decepções e ruminando desilusões. Ou seja, não conseguia virar a página, fechar a página.

Todos temos nossas páginas abertas, que não mais fazem parte de nossas vidas, mas que estão ali pertinho, e quando menos esperamos, lá vem novamente a nos importunar.

Acho que virar páginas, ou fechar páginas, é uma arte que se aprende ao longo do viver.

Crianças são exímias professoras.

Depois, com a consciência adulta, vamos emburrecendo nessa arte.

Vai ficando difícil teclar Alt F4.


Vamos ficando racionais demais, caretas demais, prepotentes demais, orgulhosos demais para fechar páginas.

Para desnudar-nos de tudo que carregamos de tranqueiras emocionais que dificultam nossa jornada.

Nos apegamos até às páginas abertas, mesmo que não mais nos deem prazer ou que façam parte de nosso viver.

Nos apegamos aos traumas, perdas, lutos e coisas que não nos animam a continuar pelo medo de assumir nosso próprio destino.

Mudar dói e é arriscoso. É para os fortes.

Conheço pessoas que separaram-se há anos, e ainda continuam com as páginas abertas, machucando-se mutuamente.

Conheço pessoas que levaram rasteiras no trabalho, década atrás, e ainda hoje contam o faco, a cena, como se tivesse acontecido m~es passado.

Conheço gente que odeia o trabalho, odeia a empresa que trabalha, e não consegue teclar Alt F4 - fechar essa janela de seu viver, e abrir outras.

E, de janelas abertas, mal resolvidas, e janelas abertas mal resolvidas, a vida vai ficando um fardo.

Uma certa dose de janelas abertas faz parte do viver.

Se assim não o fosse seríamos cínicos conosco mesmos.

Para tudo que desse errado: Alt F4.

Seria muito ruim.

Algumas janelas abertas e mal resolvidas precisam continuar ali - no canto esquerdo do monitor de nossa vida.
Ali a nos assustar, a nos incomodar, a nos angustiar para que possamos com o fedor que por elas passa e nos incomoda algo aprender e mudar.

E, com isso, não repetir erros.

Janelas mal resolvidas da alma pedem um tempo para serem fechadas.

Mas precisam ser fechadas.

Antes que seja tarde demais.

Antes que a morte chegue sem nos pedir licença.

Não há teclas de atalhos, fases, macetes, dicas, vidas extras e bônus no game do Ser.

Não há.

Há o autoconhecimento que ativa o GPS da consciência crítica e nos tira das posições de alienação para as de transformação.

Há os valores que norteiam nossa existência e que apontam caminhos possíveis.

Fechar algumas janelas que teimam em ficar abertas em seu viver é necessa´rio para que outras possam se abrirem.

Descobrir quais delas, e o momento adequado de assim fazer, é arte, é dom, é sabedoria.

Ficar preso a vivências de sofrimento do passado, e por uma eternidade, não lhe fará uma pessoa melhor.

Aliás, sugará tuas energias tão necessárias ao teu sobreviver.

Olhe no retrovisor da vida só para aprender com as dificuldades que passou.

Olhe para pegar impulso.

Descubra qual conjunto de teclas de teu coração fecha as janelas de tua vida que te importunam, entristecem-te.

Mas, use essas teclas de atalho com moderação.  Na dose certa.

Os lutos pedem seu tempo para serem processados.

Não antecipe curas.

Lembre-se algumas janelas precisarão continuar abertas - ainda por um tempo, mesmo que de teu viver não façam mais parte.

O papel delas é pedagógico.

Contudo, uma ou outra janela aberta é sadio.

Não colecione janelas abertas.

Não colecione rancores, mágoas, desamores. Sofreres de todos os tipos.

Nas janelas boas, nas janelas que te dão prazer, plante jardineiras.

Enfeite-as com gerânios, violetas e orquídeas.

Faça molduras bem bonitas destacando essas janelas boas.

Libere-as de qualquer obstáculo para que o sopor da vida, que delas emana, chegue pleno até você.

Escancare-as para que outros possam também delas se valer.

Tome sol debruçado nela, namore em suas jardineiras.

Publique em seu viver as janelas boas que abriu.  Celebre. Seja grato. Comemore.

Agradeça por elas existirem.

Pode ser a janela de teus pais ainda vivos.

Pode ser a da cura de uma doença.

Pode ser a dos sentidos do trabalho que possuí.

Pode ser a dos amigos.

Pode ser a dos filhos, da amada(o).

Pode ser a mais simples de todas, e a mais poderosa, aquela que faz teu coração e pulmão funcionarem, independente de tua ordem cerebral para que parem.

Aquela janela da alma que por ela passa o sopro de tua ida.

Pense nisso. Abra janelas boas. Feche janelas ruins, que já processaram sua dor.

E, mantenha aberta janelas doloridas, mesmo que sofridas, para que com elas tome posições, se mexa e transforme a si mesmo.

E, no caso de não poder mudar uma situação que lhe incomoda, ou seja, fechar uma janela aberta e ruim, mude a si mesmo.

Na forma pela qual a percebe aberta e a deixa agir em você.

Mude-se de lugar, de emprego, de setor, de casamento, de cidade, de curso superior, de personagem no teatro da vida.

Mas se mude, caso necessário seja!!









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