Aprenda a Jogar Frescobol


Existem relacionamentos do tipo pingue-pongue, ou como chamamos agora após se tornar um esporte: Tênis de Mesa. No Tênis de Mesa, queremos que a bola, por nós lançada no campo do outro, chegue por lá o mais quadrada possível. De preferência, bem veloz e com efeito, para que ele não consiga defendê-la e perca a jogada.

Quem se relaciona com alguém assim, vai adoecendo com o tempo, de tanta bola quadrada que recebe.  De tanta falta de admiração e cuidado que não sente para consigo mesmo. A relação vira um palco de desconfianças, de ressentimentos, de nenhum cuidado ou admiração pelo outro. O esporte é procurar o que o outro tem que lhe falta. E não o que o outro tem que lhe sobra. Entende?

E o pior é quando ambos aprendem a jogar esse jogo, aí é que o ambiente fica de disputa de egos, daquelas que todos se enchem de razões.

Existem relacionamentos pingue-pongue entre gerentes e seus liderados, entre pastores e suas ovelhas, entre marido e mulher, pais e filhos, entre amigos, e, infelizmente, até em grupos sociais, esportivos,culturais, e religiosos. 

Então, meu caro amigo ou amiga que me ler, se você tiver alguém na sua vida com o qual jogue frescobol, ajoelhe-se e agradeça ao bom Pai.

Andam raros os jogos relacionais do tipo frescobol. Seja de que tipo de relacionamento você tenha, se ele for do tipo frescobol, ele é terapêutico, apoiador e amoroso.

Ele contribui para aumentar sua percepção de felicidade, ao liberar os hormônios e neurotransmissores do quarteto fantástico do bem-estar emocional que são: endorfinas, serotonina, dopamina e oxitocina.

Quem joga frescobol relacional não quer derrubar o outro. Quer vê-lo crescer. Quer o melhor para ele. E, se preciso for, renuncia a si mesmo para que a jogada chegue mais redonda do outro lado, esparramando-se no chão para salvar uma bola.

No frescobol relacional o importante não é vencer o outro, em insanas disputas de egos vazios,  e sim manter a bola em campo.

E, nesse espaço relacional,  cultiva-se o respeito, a amorosidade, o perdão, admiração e o cuidado pelos que chamamos de amigos.

Se eu trabalhasse com educação infanto-juvenil eu usaria o frescobol para ensinar o valor do outro em nosso viver.

Para ensinar, desde o início, a arte de relacionar-se, de forma apreciativa com o outro.

Ensinar o diálogo construtivo. Ensinar o respeito à quem classificamos de diferente.

Ensinar a perdoar e restaurar pontes. Ensinar a compartilhar, a admirar, a cuidar do outro.

Ensinar a pensar no nós.  Ensinar a comunicação não violenta e o cultivar da atitude apreciativa do outro.

Mas, falar desse negócio de frescobol relacional parece que soa para muitos como coisa utópica, nos dias de hoje.

Inúmeros estudos confirmam que os relacionamentos significativos são um três alicerces que sustentam a percepção de bem-estar com a vida.

O outros dois são o Sentido, nas suas expressões de próprio, engajamento e realização.

E as emoções positivas. 

O maior estudo psicológico transversal já feito, o Estudo Grant, que acompanhou o desenvolvimento emocional de pessoas por 50 anos, confirma que aqueles que têm relacionamentos bacanas, que lhes servem como fonte de apoio, de estímulo, de admiração, de cuidado, atravessam momentos de crises com muito mais valentia e resiliência do que os que se dizem sem nenhum relacionamento desse tipo, do que chamo de relacionamento frescobol.

Então, quem tem um desses pra chamar de seu, é hora de guardá-lo com carinho, de cultivá-lo, de não deixá-lo morrer, e de até fazer outros do mesmo naipe.

Garanto-lhes, valem ouro em pó!

E, quem aprendeu a jogar pingue-pongue com o outro, que tal desaprender?

Que sabe não é chegada a hora de desaprender esse hábito perverso e tirano, de se relacionar com o outro nessas bases pinguepongueanas, tão sem vida.

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