Pegamos um vôo saindo de João Pessoa para Brasília, daqueles que partem cedinho, e estávamos mortos de cansados, mas um cansaço dos bons, de muitos dias de sol e praia, além do aconchego da família e amigos.
Depois de dirigir uns 100 KM até o aeroporto, tudo que eu queria era um soninho reparador, naquele início de manhã de uma segunda ensolarada na Paraíba.
Mas, atrás de minha cadeira vinha uma criança, de uns 5 anos, e bem inquieta. Daquelas que a mãe se esforça para ela ficar mais calma e todas as iniciativas se revelam infrutíferas.
Eles viajavam sós, mãe e filho.
Lembrei das viagens com os meus 4 filhos, e como muitas das vezes não temos controle sobre as situações que ocorrem e precisamos de muita calma.
Pois bem, o menino a cada 15 minutos esticava as pernas e batia no encosto de minha poltrona, bem na hora em que eu já deixava me embalar pelo ruído branco (*) que vem dos sons do motor do avião.
Depois da terceira tentativa de dormir, desisti e fui deletar fotos em excesso que tirei e que ocupavam significativa memória do celular.
Chegando em Brasília, ao pegar as malas despachadas, percebo que a alça de uma delas se fora. Já era, escafedeu-se!
Pensei comigo, estou tão cansado, e esta mala de mão custou-me pouquinho, que nem vale a pena entrar nas morosidades burocráticas para tentar resgatar algum valor para o seu conserto.
Abro o apartamento e uma sensação boa, de retornar ao lar, me invade. Mas, eis que quando adentro no meu quarto percebo que o ar-condicionado estava ligado. Pensei comigo, eita!!! E fui checar o controle remoto, percebi que a função Timer ficou ativada. Ou seja, ele ligava sozinho.
Restabelecido do aborrecimento, que irá pesar na conta de energia, e comprometer mais ainda o saldo bancário pós-férias, quem já tirou férias sabe o do que falo, atendo o telefone.
É a neta do Sr. Valdecir dizendo que o meu cachorro voltou do banho e já está pronto pra ser entregue, na sua casa.
Eita, mas não seria só amanhã, na terça, que eu iria pegá-lo? Acessei as comunicações e vi que coloquei o dia da segunda, como o dia de pegar. Eu tinha errado. Então, tomei de um restinho de energia que ainda tinha e dirigi mais 50km para ir buscar o Toddy.
No retorno, abro a caixa de correspondências e vejo que tem uma dos Correios, informando que fui taxado numa mercadoria que importei, e que se não pagar o imposto ela será retida.
Aí, já foi demais para um dia só.
Abri a geladeira, peguei uma feijoada que estava no freezer, junto com uma cerveja estupidamente gelada.
Botei no youtube uma música que gosto muito chamada Conselho, e finalmente me senti chegando em casa;
Na cabeça, as emoções negativas, de um monte de dissabores, minavam dias de felicidade. Ficando remoendo em minha mente.
Aí, intervi com a técnica de modulação cerebral.
É quando você, de forma consciente e intencional, dá uma dura em si mesmo, ressignificando os desprazeres e aborrecimentos que passou.
E comigo funciona assim.
Identifico o que está ruminando no meu cérebro, causando uma azia emocional e infeccionando áreas boas.
Tomo um gole de cerveja, me delicio com a feijoada, bem apurada em dez dias de freezer, e volto às cenas, reelaborando-as.
- O menininho do avião. Ao me deixar acordado, ele me fez fazer algo que esqueço e que enche a memória do celular, apagar fotos em duplicidade. Além disso, minha atitude empática, de não reclamar com a mãe, acabou por ser para ela um lugar de paz. Ela iria ficar mais nervosa ainda com o seu filho. E com um vôo cansativo para crianças, que já estão agoniadas com a máscara. Sim, também me proporcionou poder deitar o JG no meu colo, já que ele estava na cadeira do meio. E eu na janela.
Ter estado acordado, deu-me uma chance de melhor cuidar dele.
- A alça da mala. Bem, era nessa malinha de mão, que eu a despachei, que estava meu notebook com centenas de aulas nele. E que uma delas já daria no dia seguinte. Então, poderia ter sido pior, poderia ter sido extraviada. Ou ter acontecido na outra mala, a do JG, que é metido a estilosa e bem, mais bem mesmo, mais cara.
- O Ar Condicionado. Poderia estar numa temperatura mais baixa, e estava programado para 25 graus. Ou seja, usou menos o compressor e gastou menos energia. E, todos sabemos que aparelhos que ficam ligados por muito tempo podem causar incêndios, o que não ocorreu.
- O Cachorro. Bem, ter ido buscar o Toddy, mesmo cansado, me deu fartas doses de afeto canino, e ainda me fez prosear um pouco com meu terapeuta, Sr. Valdecir, energizando-me para o curso que daria no dia seguinte. Sem falar, que antecipar a ida me fez ter uma agenda mais livre, na manhã do outro dia, para fazer os preparativos para uma tarde de aula. Eu sempre mexo nas aulas, horas antes delas começarem.
- A Cobrança do Imposto de Importação - Bem, pelo menos foram só 15 reais. E se tratava de um Drone que a fabricante estava repondo para mim, após constatar que o que houvera mandando antes, tinha vindo com defeito de fábrica. O imposto poderia ter sido bem maior, pois um Drone deste tipo custa uns 500 dólares. E, o fato de ter pago a tempo, a fatura que veio para minha correspondência, faltando 5 dias para ele ser retido (por falta de pagamento), já fez com que o mesmo esteja vindo para Brasília, tenha sido despachado.
Tomo mais um gole de cerveja, abro um sorrisão, e agradeço a Deus ter uma feijoada amorosa me esperando, além daquela geladinha. Agradeço a Deus ainda poder ficar com o JG mais um dia, pois a mãe autorizou que ele só fosse na boca da noite da terça.
Fecho os olhos e volto para praia, para os passeios, para as reuniões com amigos e família, para um dia de lancha, para o prato com Osso-Buco que fiz, para o Esperanto e o Restaurante do Contêiner Bar, em Forte Velho, para o nascer do sol, para o nascer da lua, para a Laís... para tantas coisas que encheram meu coração de ânimo!
- A alça da mala. Bem, era nessa malinha de mão, que eu a despachei, que estava meu notebook com centenas de aulas nele. E que uma delas já daria no dia seguinte. Então, poderia ter sido pior, poderia ter sido extraviada. Ou ter acontecido na outra mala, a do JG, que é metido a estilosa e bem, mais bem mesmo, mais cara.
- O Ar Condicionado. Poderia estar numa temperatura mais baixa, e estava programado para 25 graus. Ou seja, usou menos o compressor e gastou menos energia. E, todos sabemos que aparelhos que ficam ligados por muito tempo podem causar incêndios, o que não ocorreu.
- O Cachorro. Bem, ter ido buscar o Toddy, mesmo cansado, me deu fartas doses de afeto canino, e ainda me fez prosear um pouco com meu terapeuta, Sr. Valdecir, energizando-me para o curso que daria no dia seguinte. Sem falar, que antecipar a ida me fez ter uma agenda mais livre, na manhã do outro dia, para fazer os preparativos para uma tarde de aula. Eu sempre mexo nas aulas, horas antes delas começarem.
- A Cobrança do Imposto de Importação - Bem, pelo menos foram só 15 reais. E se tratava de um Drone que a fabricante estava repondo para mim, após constatar que o que houvera mandando antes, tinha vindo com defeito de fábrica. O imposto poderia ter sido bem maior, pois um Drone deste tipo custa uns 500 dólares. E, o fato de ter pago a tempo, a fatura que veio para minha correspondência, faltando 5 dias para ele ser retido (por falta de pagamento), já fez com que o mesmo esteja vindo para Brasília, tenha sido despachado.
Tomo mais um gole de cerveja, abro um sorrisão, e agradeço a Deus ter uma feijoada amorosa me esperando, além daquela geladinha. Agradeço a Deus ainda poder ficar com o JG mais um dia, pois a mãe autorizou que ele só fosse na boca da noite da terça.
Fecho os olhos e volto para praia, para os passeios, para as reuniões com amigos e família, para um dia de lancha, para o prato com Osso-Buco que fiz, para o Esperanto e o Restaurante do Contêiner Bar, em Forte Velho, para o nascer do sol, para o nascer da lua, para a Laís... para tantas coisas que encheram meu coração de ânimo!
Funciona sempre, esta técnica de intervenção nas ondas negativas ruminantes, não!
Mas, posso te garantir, que pelo menos em 60% das vezes ela funciona, e muito bem.
E, diga-se de passagem que no cotidiano diário, intervir com 60% de êxito nas coisas que nos fazem ficar remoendo, e sofrendo por terem ocorrido, já nos fará um bem danado de bom.
Ser mais feliz é uma escolha, intencional, consciente e possível. E que se faz com a leitura por outras perspectivas, mais otimistas e até lúdicas, do que nos ocorre a cada minuto.
Se eu não posso mudar determinadas situações que me causaram aperreio, ainda assim eu posso mudar a mim mesmo, pela forma que me deixo abater por elas.
Nota: (*) Ruído Branco - O ruído branco, na verdade, é um som que emite frequências na mesma potência. Isso quer dizer que não há variação de intensidade ou altos e baixos. Ele é contínuo e cria uma espécie de barreira sonora para abafar sons vindos de fora.