Tem uma telha fora do lugar, e um pássaro alado, no telhado da Capela Sistina.
Na majestosa Capela Sistina, onde as obras de Michelangelo dançam sob o olhar atento dos fiéis e curiosos, uma goteira solene nos recorda a fragilidade das estruturas, tanto físicas quanto emocionais. Uma telha, solapada pelo vento, escorregou de seu lugar, permitindo que a água se infiltrasse, uma metáfora perfeita para as fissuras que surgem em nossos próprios sentimentos e pensamentos.
Perto da chaminé, um pássaro, incansável em sua vigília, parece ser um guardião da esperança. Ele pousa ali, como se soubesse que mesmo o mais belo dos templos pode enfrentar a erosão do tempo e das tempestades da vida. Sua presença nos lembra que, assim como as telhas, nossas emoções também precisam de manutenção. Não podemos permitir que as dificuldades nos tornem aborrecidos, rabugentos ou negativos. Precisamos, ao contrário, aprender com as pancadas que a vida nos proporciona.
Este pássaro, em seu voo gracioso, nos ensina a poetizar nossa existência, a olhar para a fragilidade humana com compaixão e misericórdia. É um lembrete de que não temos controle sobre tudo; os ventos da vida podem, a qualquer momento, deslocar nossas telhas emocionais. Assim, é imperativo que façamos revisões periódicas de quem somos. O autoconhecimento é a chave que nos permite evoluir e tapar as goteiras que ameaçam nosso bem-estar.
Por mais admirável que seja a versão de nós mesmos que apresentamos ao mundo, sempre há espaço para melhorias. Às vezes, é preciso que um olhar externo, um feedback amoroso, nos aponte as falhas que não conseguimos enxergar. Como é bom avisar ao Vaticano, por exemplo, que ali vem água, prestes a danificar o madeiramento do telhado. Esse gesto de cuidado é um ato de amor, tanto para com a estrutura física quanto para com nós mesmos.
A vida exige que não parem os aprimoramentos. Assim como um monumento grandioso, que requer atenção constante para preservar sua integridade, nossa essência também demanda carinho e revisão. Precisamos nos permitir olhar para dentro, aceitar a fragilidade e, a partir dela, construir um ser mais forte e resiliente. A cada goteira consertada, a cada telha realocada, encontramos um novo sentido, uma nova esperança.
Portanto, que possamos sempre lembrar do pássaro na chaminé da Capela Sistina. Que ele nos inspire a sermos guardiões da nossa própria esperança, a não temer as goteiras que aparecem em nossa jornada e a buscar sempre a beleza na fragilidade. Pois, a vida é uma obra de arte em constante construção, e o verdadeiro milagre está na nossa capacidade de renovação e crescimento.
Quando olhamos para um telhado antigo, a goteira que insiste em escorrer pelos cantos desgastados é um convite à revisão. Não é apenas um incômodo ou um problema a ser ignorado; é um sinal claro de que algo precisa de atenção, de reparo, de cuidado. As goteiras nos dizem que, por mais sólida que seja a estrutura, o tempo e as intempéries deixam suas marcas, revelando fragilidades. E, ironicamente, é por meio dessas fragilidades que enxergamos onde podemos melhorar.
Assim também acontece com as nossas vidas. As falhas que experimentamos — aquelas quedas inesperadas, os tropeços e os erros cometidos — são como goteiras em nossa estrutura emocional e cognitiva. Elas nos mostram onde existem vazamentos de autoconfiança, onde há rachaduras em nossa resiliência, onde a madeira do nosso caráter precisa de reforço. Ignorar essas falhas seria como tapar uma goteira com um pano: temporário e ilusório. Mas quando decidimos encará-las, entendê-las e, principalmente, aceitá-las como parte do nosso processo de evolução, abrimos caminho para o crescimento genuíno.
A aceitação das falhas é um ato de coragem. É reconhecer que, por mais que nos esforcemos, sempre haverá ajustes a serem feitos. Porém, esse reconhecimento não deve ser um peso, mas sim um incentivo à melhoria contínua. Assim como um telhado revisado e consertado resiste melhor às próximas tempestades, um ser humano que aceita suas falhas e trabalha nelas se torna mais forte diante dos desafios da vida.
A Goteira da Capela Sistina e a Manutenção da Alma
Há uma goteira no telhado da Capela Sistina. Ali, onde pincéis de séculos atrás traçaram o dedo de Deus tocando a criação, onde os afrescos desafiam o tempo e os olhares se perdem em contemplação, uma gota insiste em cair, lenta, persistente, um sussurro de vulnerabilidade em meio à grandiosidade.
Pode parecer um detalhe, um desvio quase insignificante no esplendor daquele lugar sagrado, mas essa goteira é um lembrete profundo da nossa condição humana. Por mais belas que sejam as obras que construímos — nossas vidas, nossos sonhos, nossas relações — elas estão sempre sujeitas aos ventos que afastam as telhas, à tempestade que desafia nossas estruturas. E é nesse ponto que compreendemos: precisamos de revisões periódicas do ser.
Assim como o Vaticano precisa saber que aquela gota insiste em cair, que a água aos poucos corrói a madeira, nós também precisamos ter consciência das nossas goteiras internas. Muitas vezes, acreditamos que somos versões acabadas de nós mesmos, como se o afresco estivesse completo e intocável. Mas, dependendo do ângulo de quem nos observa, há rachaduras que não enxergamos, falhas que o tempo revelou e que precisam de reparo.
Há uma beleza silenciosa em aceitar que não damos conta de tudo, que não controlamos os ventos que movem nossas telhas. Permitir-se ao autoconhecimento é abrir o telhado da alma, deixar a luz entrar, perceber onde há umidade, onde a estrutura está frágil. É ter coragem de aceitar que, por mais imponentes que sejamos, sempre haverá um ponto vulnerável — e que isso é belo.
Quando alguém nos avisa, com amor e cuidado, que há uma goteira em nós, é um gesto de graça. Como um peregrino que avisa ao Vaticano sobre o telhado, para que a história continue intacta, para que o legado permaneça. Não é crítica, é zelo. É amor que conserta.
E assim, seguimos em manutenção constante, impermeabilizando mágoas, trocando telhas quebradas de velhos traumas, alinhando as vigas da paciência, limpando as calhas do rancor. Porque evoluir é um processo infinito de reparo, onde cada goteira revelada é a chance de nos tornarmos mais inteiros, mais humanos, mais próximos da grandiosidade que habita em nós.
Se há uma goteira, que seja um convite para subir ao telhado da própria alma. Afinal, o que está por dentro também merece ser protegido da chuva.
A metáfora da goteira é poderosa porque ela não finge que o problema não existe; pelo contrário, ela o expõe. Da mesma forma, quando nos permitimos olhar para nossos erros com compaixão e lucidez, encontramos não só a oportunidade de corrigir o que está errado, mas também a chance de evoluir em aspectos que antes estavam ocultos. Cada falha, quando acolhida, é uma porta para o aprendizado.
Portanto, que possamos enxergar as "goteiras" da nossa existência com um olhar atento e um coração aberto. Que possamos identificar essas fragilidades não como um fim, mas como um começo, um convite ao aperfeiçoamento. Porque, no fim das contas, a evolução é feita de pequenos consertos, de revisões periódicas e de uma disposição permanente para sermos melhores do que éramos ontem.
Que texto incrível, professor. Fiquei muito inspirada!
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