Cuidando da loja de nosso coração.

Outro dia penei no supermercado atrás de um Kinder Ovo. O JG gosta muito desse doce, suspeito que pelos “brindes” que ficam no seu interior.
Fui na seção de guloseimas e nada. Perguntei ao gondolas e ele me falou que ficava nos caixas, nas gondolas que margeiam as filas dos caixas. Fui lá e nada também. 
Como o tempo rugia, paguei as compras e, quando começava a empacotá-las, vi que os abençoados estavam colocados numa espécie de platô de ferro, acima das gôndolas, mais ou menos há uns 1,90m de altura.
Ã, ã, ã...
Do ponto de vista do Varejo esse produto está fadado a não ter uma saída boa.
Deixa eu explicar para vocês que têm a paciência de me lerem.
Domingo passado assisti ao Programa Pequenas Empresas Grandes Negócios e vi um especialista em arrumação de lojas de varejo fornecer dicas preciosas.
Duas delas chamaram muito minha atenção.  A altura dos produtos expostos, quanto mais próximo do raio de visão mais atração para a compra terá, influenciando em até 20% nas vendas.
A altura ideal, para maximixar o efeito do olhar, deve situar-se num gradiente entre 1,50 a 1,75 de altura, ou seja, perto do nível dos olhos da altura média do cidadão, descontando o tamanho da testa. Rsrs
A segunda dica diz respeito a iluminação, “lojas e vitrines bem iluminadas vendem mais”.
Então descobri  que não fui um abestado ao não achar o tal do Kinder, ele é que estava alto demais para que meus olhos nervosos o percebessem, em meio àquele furdunço que são os mercados na primeira semana do mês.
Essa dica do varejo pode ser aplicada a saúde emocional.
Como assim, Ricardim?
Deixa eu me explicar.  Imagine que nosso aparelho emocional é como uma loja de varejo. Nele tem de tudo, através de nossos pensamentos; das percepções acerca de nós mesmos, do outro e da realidade;  das influências que recebemos e de nosso estilo de vida vamos moldando nossa “loja de varejo emocional”. 
O que queremos “vender” para nós mesmos ao final do dia?  Queremos bem-estar ou mal-estar?
Nessas duas dicas do varejo encontra-se uma sabedoria milenar do bom viver, acessível a  todos, simples e fácil de exercitar.
A primeira delas:  coloque na altura de sua visão as coisas boas, belas e virtuosas que você possui. Não as jogue para baixo da visão, ou para muito acima. Não esqueça delas, quando, também no alto de tua visão vierem desgraças, coisas ruins acontecerem e os dias estiverem maus.
Exercitar a visão expandida da vida é um aprendizado par a sempre. E libertador. Muita coisa boa acontece nas beiradas de nossa vida e acabamos deixando-as reféns da indiferença, ou das aflições cotidianas do sobreviver.
E elas vão ficando esquecidas, tal qual o Kinder Ovo que não comprei por não ter visto.
Vamos deixando e ver. Ver que temos um monte de coisas boas, belas e virtuosas que foram esquecidas, não mais percebidas, atingidas pela rotina e pressa de viver. 
Fica a dica: traga para sua visão, também, os aspectos positivos de seu viver. Procure que achará um monte.
O segundo ensinamento é o da luz. Aquilo em que botamos luz cresce. Destaca-se e torna-se grande. Onde botamos a luz? Que tipo de luz estamos irradiando, ou deixando sobre nós agir.  Luz é a energia que nos move, aquilo que nos influencia, ou o que influenciamos.
O que estamos iluminando em nosso coração? Será que estamos iluminando nossos rancores, traumas, mágoas, invejas e ódios, de todos os tipos, para com o outro, a vida e até nós mesmos? Deixando-os maiores e mais potentes do que já são?
Como anda a luz de nossos valores? Ou somos daqueles que diminuem as luzes nossa e do outro. Pessimistas e críticos demais. Rabugentos, rancorosos e negativistas ao extremo,  sem falar no cultivo de ressentimentos encardidos.  
A melhor luz da saúde emocional, que precisamos aprender  acendê-las e focá-las em nosso viver originam-se nos valores da esperança, solidariedade, bondade, ética,  gratidão, misericórdia, justiça e paz.  Quanto desse tipo de luz acendemos para o outro diariamente?
Quanto acendemos para nós mesmos?  Esse tipo de luz – a dos valores, tem o efeito de renovar nosso tecido emocional. Já as luzes do medo, desconfiança, violência e desamor mata aos poucos o tecido emocional. Estamos vivos, contudo mortos.
Essa segunda dica do varejo é importante. Ilumine sua autoestima. Ilumine sua caminhada, ilumine sua vida e a dos outros.
Que possamos diariamente renovar nossas esperanças, sonhos, desejos e fantasias.
Diariamente criamos capacidades para ter maior resistência e resiliência diante da arte de viver.
O bem-estar emocional não traz necessariamente menos problemas, aflições, preocupações ou dificuldades. Muda a perspectiva de encará-los, abrindo espaço para outros sentimentos e pensamentos menos doloridos, ao se colocar na prumada da visão as coisas boas, belas e virtuosas - esquecidas numa prateleira já fora do alcance de nosso coração.  E ao se iluminar a vida com boas experiências, influências e práticas que renovam o tecido emocional.  Diminuindo o efeito da luz perversa, ou da falta de luz, que nos mata dia a dia nos tornando  mais bestas, críticos, violentos, negativos, chatos, irritados, descrentes e rabugentos a cada ano.  Não tem autoestima e felicidades vadias que resistam a luzes desse tipo.
Assim sendo, aprendamos como esse vendedor de peixe a levantar e trazer à luz o que se quer vender. 

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