Quanto está disposto a pagar pelo teu sonho? (Autor Ricardo de Faria Barros)

Têm sonhos que sofrem de falta de capacidade "acabativa".  O cara é muito bom de opinar, de ter ideias, mas na hora de executá-las ele trava.

Têm sonhos que sofrem de falta de energia. A pessoa quer algo para si, mas não se move em direção ao alvo. Não faz acontecer no presente, o futuro sonhado.

Têm sonhos natimortos, infelizmente. Que não são nutridos, cuidados, cultivados e morrem.

Sonho é um nome bacana para definir desejo. Até porque, o nome desejo ficou muito associado ao erótico. Então, gosto de falar em sonhos desejantes.

Creio que se pode definir vários momentos em nosso viver, vários marcos, ou até marcas que deixamos, ou em nós foram deixadas, pelos sonhos desejantes.

Essa mãe e filha dançando, na foto que ilustra esse texto, são um exemplo de como devemos perseguir o que queremos, e não desistir diante do impossível.

O impossível pode ser somente uma ilusão de como se olha.

Em fevereiro (2017), estava de férias em João Pessoa-PB e fui visitar o salão de artesanato. 

Quando de lá saí, fiquei petrificado de amor ao ver essa escultura. Ela é montada sobre um pivô rotativo, que a faz girar, como se a mãe estivesse rodopiando com a filha.

Tudo nela é movimento, é amorosidade, é ânimo.

Pensei que daria uma boa decoração na sala de minha empresa. Mas, já tinha gasto muito nas férias, era fim de férias, e a prudencia mandava economizar. E, ainda tinha o peso da peça, que dificultaria a vinda de avião, sem ter que pagar excesso.

Despedi-me dessa mãe e menininha, pesaroso, coração apertado. 

Ao chegar em Brasília, eu não tirava da cabeça aquela escultura. De tanto pensar nela, entrei em tudo que era de site do Salão de Artesanato, tentando achar o artesão que tinha feito essa obra de arte. 
Tudo em vão.
Então, descobri o contato do pessoal da Secretaria de Turismo e liguei para eles.
Eles foram muito legais, e me deram o celular da pessoa que mandei cuida do tema artesanato.
E eu mandei um zap para ela, dizendo que queria adquirir aquela escultura e não sabia como.
Seis meses depois, ela me respondeu, eu não a culpo pelo atraso. No mundo digital, as mensagens podem ficar séculos perdidas, dependendo da incidência delas em nossa caixa de entrada. E me forneceu um monte de contatos de artesãos.

Aí, consegui achar o artesão, que na verdade é um casal: Adauto e Lindalva. E, depois de breve negociação, mandei o dinheiro para eles, confiando no fio do bigode. E eles foram deixar o objeto de arte na casa de meus pais, dirigindo de João Pessoa à Campina Grande. E ela será trazida por alguém dos nossos, quando em viagem para Brasília.


Quanto estamos dispostos a lutar por nossos sonhos desejantes? 

Quanto estamos propensos a renunciar, pelas escolhas dos sonhos desejantes que fazemos?

Quanto de entrega estamos dispostos a doar, para construir o sonho desejante que almejamos?

Penso que a vontade de realizar o sonho desejante é uma questão determinante. Não há transformação, não há mudança, não há conquista, sem esforço, sem disciplina, sem noites insones.

Sem isso, a mãe e menininha que rodopiam, estariam condenadas a serem apenas boas lembranças do que passou.

Afinal, não há realizações de sonhos desejantes, sem esforços cambaleantes.

2 comentários:

  1. Excelente texto. Reflexão profunda que vem ao encontro da pergunta que me vem me atormentando nos últimos dias: o que você quer verdadeiramente?

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    1. Essa tormenta é o prenuncio de grandes mudanças. São como as chuvas serôdias.

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