Cheguei ao Hospital do Coração pra fazer mais um exame nas carótidas — essas veias teimosas que há anos acompanho, numa relação de cuidado e vigilância. A atendente, concentrada nas formalidades do sistema, preenchia a papelada. E foi então que percebi — meio escondida, mas cheia de presença — uma florzinha desenhada num post-it amarelo. Aquela garatuja simples me pegou de jeito. Havia ternura naquele traço. E, de repente, meu corpo, antes tenso, foi se soltando. Minha mente começou a fluir por recantos de beleza e humanidade. Quem teria desenhado? Que história se esconde por trás daquela flor? Seria um gesto de amor de um filho, um mimo entre colegas, um lembrete de leveza num ambiente de assepsia e sisudez? Naquele instante, lembrei de um amigo dos tempos de Banco do Brasil, em Remígio. Ele deixava uma pedra sobre a mesa de atendimento. Dizia que era seu “puxador de conversa” — um diastuidor, como ele brincava — que servia pra aliviar a tensão de quem chegava reclamando que “tiraram dinheiro da minha conta”. Aquela pedra era, na verdade, um convite ao diálogo, um antídoto contra a frieza do balcão. A florzinha no hospital e a pedra no banco são parentes próximas. Ambas resistem à desumanização cotidiana. São símbolos de gentileza, de cuidado, de presença. São lembretes de que o humano ainda pulsa entre protocolos, relatórios e senhas. Na psicologia positiva, sabemos que pequenos estímulos de afeto, humor e beleza despertam emoções elevadas — esperança, serenidade, gratidão. E essas emoções, por sua vez, ampliam nossa capacidade de confiar, cooperar e até de curar. Por isso, aquela florzinha desenhada num post-it é muito mais do que um rabisco. É um manifesto silencioso de ternura, uma fresta de vida num cenário técnico. Ela nos recorda que o coração — o órgão e o símbolo — precisa tanto de exames quanto de gestos que o aqueçam. E talvez seja isso o mais bonito de tudo: perceber que, mesmo em meio à frieza das rotinas médicas, ainda há espaço para a poesia de uma flor feita à mão. ✨ Porque o cuidado verdadeiro começa quando o humano se faz notar — nem que seja num simples post-
Florzinhas em Post-it e Pedrinhas em Mesa: sobre o poder dos pequenos gestos
Cheguei ao Hospital do Coração pra fazer mais um exame nas carótidas — essas veias teimosas que há anos acompanho, numa relação de cuidado e vigilância. A atendente, concentrada nas formalidades do sistema, preenchia a papelada. E foi então que percebi — meio escondida, mas cheia de presença — uma florzinha desenhada num post-it amarelo. Aquela garatuja simples me pegou de jeito. Havia ternura naquele traço. E, de repente, meu corpo, antes tenso, foi se soltando. Minha mente começou a fluir por recantos de beleza e humanidade. Quem teria desenhado? Que história se esconde por trás daquela flor? Seria um gesto de amor de um filho, um mimo entre colegas, um lembrete de leveza num ambiente de assepsia e sisudez? Naquele instante, lembrei de um amigo dos tempos de Banco do Brasil, em Remígio. Ele deixava uma pedra sobre a mesa de atendimento. Dizia que era seu “puxador de conversa” — um diastuidor, como ele brincava — que servia pra aliviar a tensão de quem chegava reclamando que “tiraram dinheiro da minha conta”. Aquela pedra era, na verdade, um convite ao diálogo, um antídoto contra a frieza do balcão. A florzinha no hospital e a pedra no banco são parentes próximas. Ambas resistem à desumanização cotidiana. São símbolos de gentileza, de cuidado, de presença. São lembretes de que o humano ainda pulsa entre protocolos, relatórios e senhas. Na psicologia positiva, sabemos que pequenos estímulos de afeto, humor e beleza despertam emoções elevadas — esperança, serenidade, gratidão. E essas emoções, por sua vez, ampliam nossa capacidade de confiar, cooperar e até de curar. Por isso, aquela florzinha desenhada num post-it é muito mais do que um rabisco. É um manifesto silencioso de ternura, uma fresta de vida num cenário técnico. Ela nos recorda que o coração — o órgão e o símbolo — precisa tanto de exames quanto de gestos que o aqueçam. E talvez seja isso o mais bonito de tudo: perceber que, mesmo em meio à frieza das rotinas médicas, ainda há espaço para a poesia de uma flor feita à mão. ✨ Porque o cuidado verdadeiro começa quando o humano se faz notar — nem que seja num simples post-
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