Rodamos uns 20 KM e logo à frente pegamos a rotatória no sentido da GO-436, em direção à Cristalina. A GO-436 é umas das mais bonitas rodovias estaduais do Goiás.
Ela cruza campos e mais campos, tem pouco movimento e está bem conservada.
Os campos cultivados praticamente chegam ao acostamento, gerando uma sensação de conexão com a natureza. Dependendo da época do ano eles podem ser de soja, algodão, milho ou girassol. Sabe filho, continue passeando por esta estrada e ainda verás os de algodão e girassol, numa profusão de pluma e flores.
O dia estava lindo, de um céu azul intenso, daqueles que são recortados por texturas de nuvens esvoaçantes.
Ao passar por um dos trechos da estrada, percebemos à nossa frente um casal de emas. Reduzimos a velocidade, para dar tempo deles voltarem para o sojal.
E, eis que vimos de relance umas espécies de galinhas acompanhando-os.
Ficamos invocados com o que seria aquilo, já que pela velocidade, mesmo tendo reduzido, não tivemos como definir bem o que era.
Andamos mais uns metros e decidimos voltar para ver o que era aquilo.
Sabe filho meu, sempre volte para ver algo melhor, experimentar o que saiu querendo experimentar e não fez, ou se permitir descobrir algo. A felicidade está no caminho, e não no destino.
E. a estrada não só vai à frente. Podemos fazer um retorno, observar o que ficou pra trás, e voltarmos ao nosso caminho.
Pasmem! Sabe o que eram as galinhas? Uns dez filhotes de ema que seguiam seus papais.
Uma cena que por si só já tinha valido nosso passeio.
Até quisemos fotografá-los mais de perto. Mas, a ema-mãe olhou-nos incisivamente. Decidimos que não era dia para levar carreira de ema, e desistimos do close-up.
Na rádio, ia botando tuas músicas "pop". "Pai, eu sou pop", é o que tu me dizias, e tome Cartoon - On & On.
É nois!
Entramos em Cristalina e a fome apertou. Paramos logo num posto pra comer empadão goiano e pastel, com uma farta jarra de laranjada.
Delícia.
Andando pela cidade, avistamos uma placa daquelas turísticas, sob fundo marrom, indicando "Balneário Praia das Lajes".
Então, tu assumiste a posição de navegador e seguimos, nos perdendo e nos achando, rumo ao nosso objetivo, as Lajes.
Depois de uns 6 km numa estradinha de barro e adentramos para o local da tal das lajes em piscinas.
Chegando ao lugar tocamos na campainha do portão de acesso, havia uma placa com esta orientação, "Toque pra chamar". Tocamos, tocamos, buzinamos e buzinamos, mas, nenhuma presença de viva alma, nem de cachorro latindo. Denunciantes de gente.
Tu querias desistir.
Eu ouvia o som das águas, e não era hora de desistir. Não sou de desistir fácil. Aprenda comigo.
Apitei mais uma dúzia de vezes, e eis que lá dos matos aparece uma veste vermelha vindo em nossa direção.
Era o caseiro, o João, como tu.
Falou-nos que o restaurante estava fechado, mas que poderíamos entrar e conhecer o rio e cachoeira e as piscinas de laje.
Pagamos a taxa de ingresso e nos sentimos os donos do pedaço.
Éramos só nós dois, e o João, que ficou na área coberta do restaurante.
O joão abriu o bar e comprei uma água e um salgado pra ti. E uma cerveja pra mim.
Entramos em Cristalina e a fome apertou. Paramos logo num posto pra comer empadão goiano e pastel, com uma farta jarra de laranjada.
Delícia.
Andando pela cidade, avistamos uma placa daquelas turísticas, sob fundo marrom, indicando "Balneário Praia das Lajes".
Então, tu assumiste a posição de navegador e seguimos, nos perdendo e nos achando, rumo ao nosso objetivo, as Lajes.
Depois de uns 6 km numa estradinha de barro e adentramos para o local da tal das lajes em piscinas.
Chegando ao lugar tocamos na campainha do portão de acesso, havia uma placa com esta orientação, "Toque pra chamar". Tocamos, tocamos, buzinamos e buzinamos, mas, nenhuma presença de viva alma, nem de cachorro latindo. Denunciantes de gente.
Tu querias desistir.
Eu ouvia o som das águas, e não era hora de desistir. Não sou de desistir fácil. Aprenda comigo.
Apitei mais uma dúzia de vezes, e eis que lá dos matos aparece uma veste vermelha vindo em nossa direção.
Era o caseiro, o João, como tu.
Falou-nos que o restaurante estava fechado, mas que poderíamos entrar e conhecer o rio e cachoeira e as piscinas de laje.
Pagamos a taxa de ingresso e nos sentimos os donos do pedaço.
Éramos só nós dois, e o João, que ficou na área coberta do restaurante.
O joão abriu o bar e comprei uma água e um salgado pra ti. E uma cerveja pra mim.
Aí, saímos para explorar o local. Só nós dois.
O silêncio só era cortado pelo borbulhar das águas e por vôos rasantes de pássaros brincantes.
Aquela água nos chamava. Mas, estávamos sem calções apropriados.
Olhei para um lado, para o outro, e transformei minha cueca num calção de praia.
Tu dizia: Papai!!!
Eu dizia, deixa de abestagem, tira tua calça e vem também.
"E se chegar alguém". Tu dizia, em tuas preocupações lógico pudicas.
Eu respondi: "aí rastejamos até as roupas", como na guerra.
E caímos os dois na gargalhada.
Logo descobri que as pedras eram lisinhas, pedras amigas, tipo sem arestas.
Tentei fazer uma hidromassagem, mas o rio estava forte e me levou, pedras abaixo.
Levantei os braços e me deliciei com aquilo. O máximo que podia ocorrer era me machucar numa pedra descomportada. Mas que nada. Tudo pedras gente boa. São lajes, lisinhas, não machucam.
E, que delícia de escorregador. Tu me fitavas das margens. Gritando: "Papai, cuidado!"
Desci uma vez, duas, três. Aí, tu tomaste coragem e deixou de apenas me filmar.
Entrou no rio e desceu também, morrendo de feliz. Ao chegar lá embaixo tomou um caldo, mas daqueles caldos de alegria, que sabemos que está tudo ok.
Passamos um bom tempo curtindo aquilo, éramos os Tarzans do pedaço.
Depois, seguimos rio acima, em direção ao nada. Gosto disso. De sair assim, sem destino de achar algo. O silêncio só era cortado pelo borbulhar das águas e por vôos rasantes de pássaros brincantes.
Aquela água nos chamava. Mas, estávamos sem calções apropriados.
Olhei para um lado, para o outro, e transformei minha cueca num calção de praia.
Tu dizia: Papai!!!
Eu dizia, deixa de abestagem, tira tua calça e vem também.
"E se chegar alguém". Tu dizia, em tuas preocupações lógico pudicas.
Eu respondi: "aí rastejamos até as roupas", como na guerra.
E caímos os dois na gargalhada.
Logo descobri que as pedras eram lisinhas, pedras amigas, tipo sem arestas.
Tentei fazer uma hidromassagem, mas o rio estava forte e me levou, pedras abaixo.
Levantei os braços e me deliciei com aquilo. O máximo que podia ocorrer era me machucar numa pedra descomportada. Mas que nada. Tudo pedras gente boa. São lajes, lisinhas, não machucam.
E, que delícia de escorregador. Tu me fitavas das margens. Gritando: "Papai, cuidado!"
Desci uma vez, duas, três. Aí, tu tomaste coragem e deixou de apenas me filmar.
Entrou no rio e desceu também, morrendo de feliz. Ao chegar lá embaixo tomou um caldo, mas daqueles caldos de alegria, que sabemos que está tudo ok.
Passamos um bom tempo curtindo aquilo, éramos os Tarzans do pedaço.
Mas, eis que do nada ela estava ali. uma linda cachoeira que caia numa espécie de poço encantado. Logo fomos tomar banho junto a ela.
Que gostosura.
Tomar banho em cachoeira é se conectar com uma das mais belas forças da natureza.
E ela jorrava gostoso, o rio estava com muita água.
Perto das 14hrs, já era hora de nos despedirmos, almoçar em algum lugar e voltarmos para Brasília.
Deixamos um caixinha com o João, notei o nome dele do whats, pra outras vezes, e seguimos caminho.
Após o almoço, num posto de gasolina, paramos pra comprar artesanato em pedras. Lapidadas de cristais da região, todas muito belas.
E, voltamos contemplando o sol se pondo, em mil tons de vermelho e carmim.
Não sabíamos dos filhotes das emas, não sabíamos das lajes, não sabíamos se escorregava nelas, não sabíamos nem como chegar...
Apenas seguimos caminho, sem preocupação de chegar em algo ou um naquilo qualquer.
Apenas degustando a jornada e apreciando o que tinha à beira do caminho, ou em placas desbotadas à nossa frente, quase nunca devidamente valorizadas, pelos olhos opacos da indiferença, ou por vidas agitadas em si mesmas, envenenadas pelo estresse das preocupações com o amanhã, que lhes turva a alma.
Sabe filho meu, agora que fez teus 9 anos, é preciso treinar mais ainda o olhar. Um bom olhar tem melhores condições de ser treinado até os 15.
Então, exercite-se bem no olhar. Depoi,s a adultice costuma botar remelas nas vistas, tornando-as opacas e sem mais brilhos com as aventuras do aventurar de viver.
Treine ao permitir-se a novos olhares sobre a mesmas e cotidianos coisas de todos os dias.
Verás coisas surpreendentes, que sempre estiveram ali. Então, treine o olhar para perceber o belo, o bom e o virtuoso.
E, nunca se esqueça de agradecer aos João das Lajes (+55 03891861452) que cruzarem teu caminho.
Seja grato a eles. O João poderia ter ficado no meio do mato sem abrir a cancela.
Afinal, "o restaurante estava fechado" naquele dia.
E, possivelmente era o dia de folga dele.
Mas, ele veio nos receber.
O que fica mesmo destes passeios são as pessoas, inesquecíveis pessoas, que existem em todo lugar. É só treinar o olhar também para percebê-las, aprender a reconhecer e valorizar o trabalho delas.
João das Lajes, voltaremos!
Verás coisas surpreendentes, que sempre estiveram ali. Então, treine o olhar para perceber o belo, o bom e o virtuoso.
E, nunca se esqueça de agradecer aos João das Lajes (+55 03891861452) que cruzarem teu caminho.
Seja grato a eles. O João poderia ter ficado no meio do mato sem abrir a cancela.
Afinal, "o restaurante estava fechado" naquele dia.
E, possivelmente era o dia de folga dele.
Mas, ele veio nos receber.
O que fica mesmo destes passeios são as pessoas, inesquecíveis pessoas, que existem em todo lugar. É só treinar o olhar também para percebê-las, aprender a reconhecer e valorizar o trabalho delas.
João das Lajes, voltaremos!
Lindo texto: valorizar os momentos e as pessoas e não se perder na correria do dia a dia.
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