Sobre a Vida e o Viver, crítica!


SobreVivências

Vejo o livro Sobre a Vida e o Viver, do meu amigo, colega e conterrâneo Ricardo de Farias Barros, ou apenas Ricardim, como uma metáfora da vida, pois esta palavra, desmembrada, parece sugerir que devemos mesmo deixar algumas metas fora da vida.
Da mesma forma, o autor ensina que não valem a pena os objetivos cujos prêmios não justificam o esforço e a angústia da busca. Sua palavra, repleta de apoio e esperança, é dirigida aos que sofrem das infecções emocionais e das dores, conscientes ou não, do existir. Assim, seu trabalho destina-se a todos nós, os complicados animais ditos racionais.
De um gesto ou observação do cotidiano, o texto se eleva como uma névoa sobre nossos olhos, substituindo a visão difusa de uma aurora cinzenta por uma imagem nítida de uma bela manhã de sol. Outros assuntos vão se juntando, formando conexões com outras realidades que nos leva a um passeio complexo, onde situações aparentemente distintas nos aparecem como um todo inteligível, levando-nos a conclusões gratificantes, tudo isso sem perder de vista a ligação com o tema inicial do capítulo.
O livro é um alerta sobre o custo das relações humanas e sobre as influências que podem nos colocar grilhões. Revela-se, dessa forma, como um grito contra as tiranias emocionais, aquelas opressões discretas, mas não menos violentas, que ocorrem no silêncio das relações familiares, profissionais e afetivas.
O leitor mais atento descobrirá, entre as páginas, o mapa para se atingir - e reconhecer - a plenitude das atitudes gratuitas e desinteressadas; o colar de alhos para combater os vampiros emocionais; os fones de ouvidos para usar contra os propagandistas do impossível ou contra os desanimadores de festas.
Sobre a Vida e o Viver traz a paz do topo gelado da montanha. Mas é um frio calmo que pede aconchego e não distanciamento. Como um condor cansado ao final da tarde, depois de exaustivos trabalhos, o autor arrisca um voo de contemplação e encantamento por sobre os caminhos onde as pessoas tramam e travam as suas lutam.
Entretanto, Ricardo Farias não se limita a descrever a visão do alto, a amplidão da boniteza do entardecer. Ao contrário, arrisca a descida escabrosa, a escarpada ladeira das emoções, para dizer aos seus afortunados leitores que o barro com o qual se faz a dor é o mesmo com o qual se constrói a alegria, e que a felicidade pode ser o resultado dessa equação, pois, se a vida oferece tristeza e melancolia, o viver é também terapêutico.


Sonielson Juvino Silva
Recife (PE), 15 de novembro de 2012.
Publicado no site www.sonielson.com (seção: Crônicas/2012)

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