Minha História



Tive algumas vivências que marcaram-me como pessoa:

Fome de descobrir. Meus pais estimulavam muito nossa leitura. Não faltaram bons livros à nossa mesa, mesmo remediados como eram. Eles compravam daqueles vendedores de porta-em-porta e dividiam em parcelas a perder de vista. Boas enciclopédias, livros e manuais estavam ao nosso alcance. Lembro sempre do que ouvia: "Somos pobres, e a única riqueza que podemos deixar para vocês é o acesso ao conhecimento, aos estudos, esta ninguém tirará de vocês." Devorava as obras de Monteiro Lobato e fazia muitos experimentos da coleção Cientistas. Aquilo despertou minha curiosidade em pesquisar, em observar e contar histórias. Na minha infância, morei em duas casa diferentes, em todas havia um quintal e nele fazia meus brinquedos: carro de latas, pipas, bonecos de pano. Nossa casa era ponto de encontro. Mamãe dizia que era melhor que as crianças brincassem em nosso lar, do que na rua. Não faltava um refresco do tipo k-suco pra todos. Fazíamos memoráveis campeonato de xadrez ou damas. Aquilo virou febre na rua, toda criança queria jogar xadrez. Fomos influenciado por Fernando, o mais adulto dentre nós, que jogava e muito bem. Meu primeiro grupo de afiliação, tirando o da escola, foi o da rua. Depois o dos atletas de natação do SESI. Treinei natação no Clube do Trabalhador no SESI, entrando aos cinco anos. Galguei todos os níveis da escola, permanecendo nela até os 17, muito me orgulha uma declaração que possuo habilitando-me pelo Sesi a ministrar curso de natação em suas dependências.

Um mundo a transformar. A partir de 1974 passei a militar fortemente na Igreja Católica, começando ajudando missa como coroinha, depois decidi que queria ser padre. Fazia parte de um grupos de 4 seminaristas-menores: Eu, Carlinhos, Assis e Cristovam, orientados por um Padre-Reitor. Nos nos finais de semana administravámos uma Comunidade Eclesial de Base, na periferia de Campina Grande-PB, na capela de São Sebastião. À exceção deste que vos escreve, os outros três colegas tornaram-se padres. Eu abandonei "a batina" aos '17 anos. Era tentação demais ao meu redor. rsrsr
No meio daquele povo pobre, tive outra influência marcante em meu viver, o acesso às obras da Vaticano II, Puebla e da Teologia da Libertação, devorando autores tais como: Leonardo Boff, Frei Betto e Dom Pedro Casaldáliga. A participação na pastoral da juventude foi marcante naquele período. Era engajado com os grupos jovens, grupos de crisma e o Encontro de Jovens com Cristo. Outra vivência marcante naquela década foi a criação de um grupo que dava assistência a pessoas que vivivem e convivem com o vírus da AIDS. O nome do grupo é GAV - Grupo de Apoio à Vida, que nos seus tempos aúreos congrevava uns 30 militantes, das mais variadas áreas do conhecimentos, todos prestando serviços de forma voluntária. Todas as sexta o grupo reunia-se para avaliar a caminhada e planejar as próximas ações. Foi uma vivência riquíssima, que marcou meu viver.
Fui um de seus três fundadores, e presidente por duas gestões, de 1994 à 1997. Naquela década, uma outra coisa que me recordo e me marcou foi a participação ativa nos encontros de juventude da Igreja Católica e Pastoral da Juventude. Após decidir não fazer mais Teologia em Recife, por influência de meu padre-orientador, que me achava muito novo, passei no vestibular para eng. Civil, aos 17 anos, e logo em seguida abandonei a vocação do sacerdócio. Entrei no curso de Eng Civil em 1982. Era um zumbi na UFPB, mesmo assim consegui pagar as disciplinas fundamentais dos primeiros anos, até hoje não sei como, e não colei. Vivia em crise existencial. Paralelamente dava aulas de religião no Colégio Imaculada Conceição - DAMAS, e adorava.

Virei adulto, no susto.
Em 1984 descobri que minha namorada engravidara, eu tinha 20 anos. Foi de uma gravidez não planejada, e como chamamos no nordeste, feita nas "coxas". Foi um choque. Um turbilhão. A vida rodou em minutos Da data da descoberta da gravidez, 26/12/1984, ao casamento foram menos de 10 dias, casei em 0501/1985. Meus pais usaram, suas parcas economias para montarem uma casa e comprarem o enxoval. Para melhorar a renda, fui trabalhar num banco, o Banco Nacional do Norte - Banorte, era compensador e fazia a jornada das 17:00 às 01:00.  Em 1986 passei no concurso do BB e tomei posse na agência Poções-BA.

Estudar é preciso. Voltei a estudar, após dez anos parado. Entrei no curso de Psicologia ali movido por mais um desafio. Fui convidado numa reunião da pastoral da juventude para ensinar dinâmicas de grupo que eu tinha criado. Durante a reunião de compartilhametno uma senhoera da igreja pediu a palavra e disse que aquelas dinâmicas seriam melhor conduzidas pro quem tivesse formação de psicologia, como ela. De pronto, ensinei-lhe como eram e ela ficou de aplicá-las em evento próximo. ao sair da reunião, com uma potna de chateação, decidi que faria psicologia. Abadonara os estudos superiores em 1985, ao casar, e desde então estava parado, só com o 2. grau. Inscrevi-me no vestibular de psicologia e passei. Ao me matricular vejo que aquela senhora era a coordeandora do curso, ainda bem que não briguei com ela. Neste período, me divorciei, e encontrei um novo amor, vivido com toda sua loucura e dimensões. Foi um amor a distancia, ela morando em Londrina-PA e eu em Campina Grande, estávamos a 3.200, km de distância. Namoramos a distancia por 4 anos. Desse novo amor, a Cristina, nasceu o meu 4 filho e com ela e ele estou até hoje.

Migrar e recomeçar.  Em 1999 vim para Brasília. No começo não foi nada fácil. Crise de adaptação e financeira. Pouco a pouco fui refazendo meu viver. Em 2003, fiz uma especialização em gestão de pessoas, na USP, pesquisando o tema motivação. Em 2007, fiz um mestrado em gestão social e trabalho, na UNB, pesquisando o tema Desenvolvimento Sustentável. Logo depois comecei a lecionar no ensino superior o que me dá muito prazer. A lição da primeira metade do resto de minha vida:
A roda grande passa por dentro da pequena, no giro da vida. Continue acreditando e fazendo a sua parte, um dias as coisas poderão ser melhores para você! Outro aprendizado: Deus age nas pequenas coisas, nos amigos, nas pessoas que ajudamos, na bênçãos que temos e não damos valor e só as vemos quando nos falta tudo.  Jesus Cristo sempre foi e será meu sustento e salvação, e ele esteve presente em cada dor, em cada alegria, em cada lágrima, em cada desespero, em cada dia de saúde, em cada dia de doença. Ele é amor. Portanto, ame de montão!

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