Cavalos Alados

Ontem vivemos uma cena difernete. Um parque de diversões, instalado perto do shopinhg Manaíra, em João Pessoa, não sabia se abriria ou não, por falta de clientes. Esperamos das 17:45 às 19:00. Finalmente ele abriu. Havia juntado um punhado de uns 30 pirralhos, jovens casais de namorados e pais babões. Todos entraram no recinto como quem entra no paraíso. Luzes, brinquedos ligados, música, cheiro de pipoca, mocinha do algodão doce. E vazio, um vazio que adquiria vida ao toque de cada um de nós. Uma cena de filme. Não pude me conter e marejar os olhos, ao ver a alegria do pessoal, incluindo o meu JG. Eram coisa fantástica ter à disposição mais de 20 opções de brinquedos, incluindo uma montanha-russa, e sem filas. Pagaram vinte reais na entrada e tiveram direito a brincarem em todos os brinquedos, quantas vezes quisessem. As mães de pequerruchos podiam brincar com eles sem pagar nada...
Deveria existir uma vale-brincar para todos os brasileiros. Todos deveriam ter o direito de ao menos uma vez ao ano irem a um parquinho de diversões. Daqueles de cavalinho de carrrossel, de roda-gigante, de carrinho bate-bate.
Todos deveriam ter direito ao lazer.
Ao tempo que me alegrava com o JG embevecido, com tantas opções, entristecia-me com tantos brinquedos vazios, sem ninguém para animá-los. De que vale um brinquedo sem uma criança a tocá-lo. A criança dá vida ao brinquedo, sopra-lhe seu hálito de eros, e o anima.
Crianças dão vida ao inerte, ao sonho, à pedra dura de ser quem é.
Crianças brincam até com tampas vazias. Não precisam de sofisticação, de brinquedos caros. Só precisam de espaço para serem elas próprias e fantasiarem sua existência.

Este cavalo alado, correndo sozinho, esperava por muitos de nós.
Quanto de nós, com uma simples rodada de carrossel, daquelas que seguimos de pé ao lado dos pequenos, já se sentiria melhor naquela noite.

Rodem Cavalos de Carrossel! Mostrem-nos que a vida gira. Que tempos ruins passam. Tempos bons, idem. Que a doença passa. Que a saúde, idem. Que a tristeza passa. Que a alegria, idem.
Que a vida é breve, e que viver é terapêutico. Mesmo na dor. Para quem sofre.
Mostem-nos que a vida é uma roda-viva, como diz o poeta, mas que ao nos permitir nela rodar, não voltamos para o mesmo lugar. Só os cavalinhos de carrossel. Nós, seres eternos que somos, ao rodarmos nosso existir nos apropriamos de vivências, experiências, valores, história, amigos, que nos fortalecerão para encarar novos desafios e enfrentar outras batalhas.

Nossa roda-viva pode ir nos amadurecendo, nos tornando melhores como pessoas.
Também pode nos azedar por dentro, nos embrutecer, violentar nossa personalidade e mudar a percepção do que nos rodeia, só vendo as coisas ruins.

Nestas horas de azedume, alegrar-se com os outros pode ajudar a voltar a fluidificar o fluxo da vida em nosso ser. É só uma dica de quem já as viveu.

Por isso, brincar é bom. Brincar nos remete à criança adomercida que temos no coração e nois faz novamente acreditar.

Nem que sejam em fantasias como o pote ao final do arco-íris, ou o Cavalo de São Jorge que mora na lua.

Um jardim de fantasias, bem nutrido em nosso ser, e na justa medida da realidade, alimentará nosso cavalinho de carrosel interior. E nos habilitará a ser melhores, e bravos combatentes do bom combate que é o viver.

Cuide de seu cavalinho de carrosel interior. Alimente-o, vez por outra.
Ele é uma das melhores coisas que habita em ti, tirando o Espírito Santo.
Deixo-vos com uma canção e seiu vídeo no youtube belíssima, que fala de um carrossel a que todos, mas cedo ou mais tarde, vamos nele rodar, o do destino.


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http://www.youtube.com/watch?v=lOdnFlr-BPk
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Carrossel do Destino
Antonio Nóbrega

Deixo os versos que escrevi,
As cantigas que cantei,
Cinco ou seis coisas que eu sei
E um milhão que eu esqueci.
Deixo este mundo daqui,
Selva com lei de cassino;
Vou renascer num menino,
Num país além do mar...
Licença, que eu vou rodar
No carrossel do destino.

Enquanto eu puder viver
Tudo o que o coração sente,
O tempo estará presente
Passando sem resistir.
Na hora que eu for partir
Para as nuvens do divino,
Que a viola seja o sino
Tocando pra me guiar...
Licença,que eu vou rodar
No carrossel do destino.

Romances e epopéias
Me pedindo pra brotar
E eu tangendo devagar
A boiada das idéias.
Sempre em busca das colméias
Onde brota o mel mais fino,
E um só verso, pequenino,
Mas que mereça ficar...
Licença,que eu vou rodar
No carrossel do destino.

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