Eu Professor

Sou professor com muito orgulho. 
Não conheço outro ofício que mais me realize. 
Agora, o bacana é nos chamarem de educadores. 
Que seja.
Nunca fui o professor que o termo educador deseduca chamar. Assim, para mim tanto faz.
É que nunca me vi professando nada a uma pessoa considerada sem luz própria, ou seja, um A-Luno (sem luz)
A sala de aula transforma corações e mentes. 
Liberta, planta autonomias, respira mudanças. 

Desde o jovem Aristocles, que foi guiado no aprendizado por um professor perguntador, a educação mostrou o quão longe pode subverter realidades e corações. 
O que eles tinham em comum, o mestre e o aprendiz? 
O gosto pelas descobertas, a cada pergunta geradora proferida. Aristocles era Platão, seu mestre Sócrates. 

Creio que educar é provocar o sabor pelo objeto do conhecimento. E, juntos contemplá-lo, numa postura de humildade e sinergia. Exige amorosidade, temperatura afetiva sem a qual o ato pedagógico fica sem vibração cognitiva. 
Exige tesão pelo conteúdo, e, sobretudo,
fazer conexões do mesmo com a realidade, problematizando-a.
Exige paciência e respeito por diferentes ritmos e contribuições.
Exige empatia e comprometimento com os processos de ensino e aprendizagem.
A sala de aula pode ser um fecundo espaço de descobertas, 
de "despreconceituamentos", de politização e consciência crítica. Pode ser emancipadora.

A educação não é uma panaceia salvífica. 
Não resolve sozinha, nada. 
Mas, suscita condições para que o novo seja parido, e o velho, naquilo que amordaça, seja veementemente negado. 

Comecei a lecionar aos 16 anos. 

Desde então, sempre me vi como educador, formal ou informal. Nas salas de aula, ou nas catequeses das paróquias, ou nas estações de trabalho, ou ainda melhor, nas mesas de bares. 

Os autores que mais me marcaram foram Rubem Alves, Paulo Freire, Leonardo Boff, Monteiro Lobato e Edgan Morin. Mas, foram as pessoas que me educaram, as que de fato deixaram marcas em mim, esculpindo em minha rocha tosca e bruta, um educador melhor. A elas agradeço nessa noite!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é uma honra.

Crônicas Anteriores