Sonhos Alados


Cheguei ao trabalho com um gostinho diferente. Após uma semana na nova função, depois de empossado numa das empresas que compõe o Conglomerado BB – a BB Tecnologia e Serviços, recebera a notícia de que minha matrícula e o e-mail havia sido gerados.
Engraçado como um e-mail corporativo, uma matrícula e um crachá te dão uma sensação de pertencimento a uma identidade profissional.
Entrei logo na sala para testá-lo. Abri as janelas e vi um inseto no parapeito.
Parecia uma borboleta. Gosto de borboletas, então aproximei-me para vê-la de perto.
Uauuu!!! Qual não foi minha surpresa.
Não era uma borboleta, era uma semente. Uma semente com “asa”, uma semente alada.
Saí no haal e mostrei às telefonistas Paulinha e Mislene a belezura do que acabara de ver. Quis compartilhar com elas o belo.
Mislene ficou embevecida com a foto que tirei. E, disse-me que iria procurar o nome da árvore daquela semente tão graciosa.
Mais tarde, abri a caixa de e-mail e estava ali, o primeiro e-mail que a inaugurava. E era da Mislene, ela descobriu o nome da árvore: Jacarandá do Campo (ou Faveiro), de nome científico: Platypodium elegans.
Que nome bacana! Pensei numa analogia com o nome científico:
“Elegante pódio pra ti.” Que desejo legal para os outros: Que você tenha um elegante pódio.
Ser elegante é ser de paz, ser humilde, saber reconhecer as pessoas que são corresponsáveis pela sua vitória, pessoas que sem elas nãos e chega a pódio nenhum, pelo menos os pódios elegantes.
Recebi aquela semente, sua história e o e-mail da Mislene bem emocionado.
Ela me falava, e muito, nos dias de muda em que estou vivendo.
Depois de um tempo, o Dadá, o nosso “faz de um tudo”, presenteia-me com umas dez sementes que colheu no seu horário de almoço. Eu não tinha tocado nelas ainda, pois a que caiu em cima da marquise de minha janela não tem como ser colhida, pelo vidro ser fixo.
Elas são de uma delicadeza imensa. De tão feliz que fiquei, guardei uma delas numa caixinha de metal, como um troféu de boas-vindas que recebi da mãe natureza.
Essa semente de Jacarandá é uma abençoada. Ela pode ser plantada noutros locais, é só se deixar levar pelo vento.
Se correr o risco de cair da sua mãe árvore num terreno ruim, muito sombreado, pedregoso ou de difícil possibilidade de germinação, é só esperar uma ventania de outono, daquelas que dão por aqui em Brasília, e tentar novamente noutras terras.
Acho que essa semente representa um tipo de postura diante da vida que muito nos ensina.
Uma postura elegante de se atingir metas e desafios, de se subir no pódio: seja em primeiro, segundo ou terceiro lugar.
A postura de voar. Levando no vôos condições melhores para o renascimento noutros locais.
Sem se perder dos valores, da essência, daquilo que nos faz germinar.
Amigos e amigas, acredito que os sonhos precisam de asas, tal qual essas sementes de Jacarandá do Campo.
Que seriam dessas sementes se não fossem aladas?
Tem gente que possui um monte de sonhos, mas não voam em busca de seu alcance.
São sonhos fadados ao apenas sonhar. Meras intenções. Não se preparam, se esforça, carecem de disciplina e vontade e coragem. Querem chegar na janelinha, mas sem esforço e com uma pressa e ambição desmedida.
Sem práticas concretas, sem concretude. Sem mudança de lugar, postura e hábitos.
Sonhos bons, daqueles que viram projetos concretos, têm asas mais do que raízes.
É amigos, a semente me ensina, e hoje compartilho: quão pobres são sonhos, ou o sonhar, sem que se possa com eles coar, sonhos presos numa realidade asfixiante, sem asas.
Sonhos precisam de movimento, precisam de mudanças, precisam de enfrentamentos da realidade que tende a deixá-los num canto qualquer mofando em nossos corações, tal qual sementes sem asas que caem no chão de uma árvore e que dificilmente, caso não sejam tiradas dali, em refeições de outros animais, vingarão.
As asas capacitam as sementes a outras possibilidades de germinação.
Quantos sonhos fomos adiando? Procrastinando-os ou, simplesmente, retirando-os de nossos corações, só por termos desaprendido a voar, ficando em gaiolas estéreis. Só na intenção. E nada de passo-a-passo ir criando as condições para a emancipação deles. Quantos?
Ao sinal da menor dificuldade, desistimos de leva-los adiante.
Diante de uma necessidade de um maior esforço, pulamos fora.
Perdemos a resiliência, necessária a manter a firmeza não esquecendo da “elegância”, diante das pressões cotidianas. Aí, vamos desistindo precocemente de energizar nossos sonhos, nos acostumando às grades, reais ou imaginárias. Desaprendemos a voar.
Mas quais seriam as melhores asas das sementes de nossos sonhos?
A espiritualidade e a esperança, considero como excelentes asas.
A família, os amigos, o caráter, o profissionalismo, o amor e a educação são outras muito boas. Elas nos levam mais longe do que sonhamos.
E, os valores da tenacidade, disciplina, otimismo e sentido da vida nos capacitam aos voos. São combustíveis, quase como os ventos, para as sementes aladas. Esses valores alargam nossa trajetória, e possibilitam um vir-a-ser melhor, repleto de novas e insondáveis acontecenças.
Então, amiga e amigo que me lê, que tal botar asas e soprar ventos nas sementes de seus sonhos?
Não é hora de desistir de você mesmo. Pegue o próximo vendaval e saia para semear-se noutros locais, nos quais de ti precisarão de teu vigor, sombra, flor e fruto.

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