Se tem algo que mobiliza e canaliza a energia emocional do ser humano, quase que vampirizando-o, é a espera por um resultado que poderá mudar sua vida.
Imagine, a espera por notícias de parentes, que ficaram sem comunicação, após algum desastre natural na região em que estavam.
Imagine a espera pelo dia em que sairá o resultado de um exame de saúde, cujo diagnóstico poderá alterar profundamente a natureza das coisas e da vida. .
Imagine jovens namorados esperando que a menstruação dela, finalmente chegue, afastando o risco de uma gravidez não planejada, com toda mudança que dela virá.
Imagine a espera pelo resultado de um concurso, uma seleção.
Imagine, imagine, imagine...
Todas essas esperas têm algo em comum: elas possuem uma data limite no futuro, para que seja "sim", ou "não".
São esperas para as quais não cabem um "talvez".
Elas têm prazo de validade futuro para ocorrerem.
Mas, parece que o tempo, esse ardiloso objeto do desejo de muitos, quando não os têm, e desperdiçado por muitos, quando os têm de sobra, vinga-se do futuro da espera, eternizando o presente.
E as horas se arrastam, e o objeto esperado invade tudo, tira a força para tocar outros projetos, anestesia sentimentos, e coloca o ser esperante no modo "pause": para tudo que não diga respeito à coisa esperada.
Ela, a coisa, vira tema de inúmeras pensamentos, de previsões - ora otimistas, ora trágicas, ora catastróficas, ora vigorosas.
E a emoção positiva vai sendo drenada. A alma cambaleia, o corpo fadiga-se, tudo parece que não acontece, impregnado pelo excesso de ansiedade, temor e estresse, o corpo produz mais e mais o hormônio Cortisol, que só agrava a situação.
Ontem atendi um caso assim. Ele espera uma decisão para início de setembro. E se consome, em aflições e preocupações antecipatórias.
Também já vivi as minhas. Os meus "imagine". E sei de onde meu paciente estava falando.
Compreendo-o profundamente e tenho uma intensa compaixão de sua história de vida, e espera, que agora é um pouco minha também.
Bem, como não podemos antecipar o futuro, temos que aprender a beber "desse cálice" da espera, protegendo áreas que poderão servir como terapia ocupacional, apoio, ou entretenimento, que ajudarão a diminuir a percepção de que o tempo não passa.
Meter a cabeça no trabalho, ou estudos, ajuda. Conversar com os amigos, sobre outros temas, ajuda. Fazer uma viagem, enquanto espera, ajuda. Orar ao bom Deus, ajuda. Encontrar um espaço de paz, em meio ao turbilhão de emoções, ajuda. Caminhar, meditar, contemplar, ajuda. Tomar um chá de camomila, ajuda.
Fazer um exercício de ganhos e perdas, com os possíveis resultados: caso Sim, ou caso Não, também ajuda a objetivar o futuro, veja o exemplo com o resultado de um processo seletivo:
O ganho se passar na seleção? O que perco se não passar na seleção?
O que perco se passar na seleção? O que ganho se não passar na seleção?
O que deverei fazer, como agir, caso uma das perdas se realizem em meu viver?
Como melhor aproveitarei o que ganharei, no caso de Sim, ou Não, para recuperar as forças e prosseguir lutando pelos meus sonhos?
Mas, o que fará toda a diferença é a coragem de enfrentar o que virá a ser.
É ir cultivando a coragem, caso o resultado não seja aquele esperado. A coragem de oferecer respostas à vida, a partir do trágico resultado recebido.
É ir cultivando a coragem, caso o resultado não seja aquele esperado. A coragem de oferecer respostas à vida, a partir do trágico resultado recebido.
Não adianta acionar o modo "Culpa", ou "Vítima". Aliás, nem adianta, nem dá mais tempo, nem funcionará. Só vai atrapalhar as respostas, deixando a pessoa se auto-flagelando, sentando à margem da calçada do viver.
A vida pedirá respostas rápidas, pedirá força, atitudes de adaptação, de mudança.
Compreender-se na agonia da espera, como passando por um sentimento profundamente humano, de quem ainda tem coração, é fundamental.
Não querer antecipar agendas, apressar o rio, também!
Afinal, o futuro será um prato servido e degustado no amanhã, porém cozido nas panelas e ingredientes do presente, e no tempo da chama.
Afinal, o futuro será um prato servido e degustado no amanhã, porém cozido nas panelas e ingredientes do presente, e no tempo da chama.
E quem ainda não passou por alguns "Imagines", pelo coração angustiado e apertado de uma espera, ainda não sabe o que é viver!
A vida é feita também de momentos de deserto existencial, momentos de complexas dores emocionais, medos quanto ao amanhã, ansiedade por notícias boas, para as quais, só ele, o próprio tempo, dirá o que delas brotará.
Mas, independente dele - o Tempo, se em tudo o amor estiver presente, ele, o próprio amor, se encarregará de dar um sentido, ao mais caótico dos resultados.
E, quem passou por essa espera sairá dela mais forte, e até mais feliz, quem sabe!
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