Cinco Chaves e Três Portais para Felicidade (Autor Ricardo de Faria Barros)


Tem uma música do Grupo Revelação que gosto muito, ela se chama Tá Escrito.
Nela, o cantor Xande de Pilares começa provocando todos com a chamada:
"Na palma da mão, na palma da mão".  Estamos no mês dedicado aos cuidados com a aúde mental e o bem-estar emocional. Então, gostaria de compartilhar algo que venho falando em cursos e palestras, e que cabem na palma da mão.
São ensinamentos extraídos do Ikigai (Conjuntos de práticas de bem viver orientais), da Psicologia Positiva, da Logoterapia, e de meus encontros com pessoas inspiradoras.  Procurei resumir numa metáfora bem simples, para que nunca esqueça e que de vez em quando a revisite, aprimorando o processo de reeducação emocional positiva para o bem viver.
Imagine suas mãos. É com elas que apresentarei as chaves da felicidade e as práticas mantenedoras das mesmas, que as chamo dos Portais.  Vamos la.


I Chave, o dedo mindinho  -  Alimentação e Atividades Físicas Saudáveis   
Nos contos Os Sete Corvos dos Irmãos Grimm o dedo mindinho foi fundamental para passar pelo buraco da fechadura e salvar a todos.  Então, este dedo representa nosso biológico e o físico. Precisamos nos alimentar de forma saudável, e praticar atividades  físicas.   De muito tempo já se estabeleceu o nexo entre o corpo são e a mente sã. A sabedoria oriental do Ikigai nos ensina a deixar sempre 20% da fome sem saciá-la. E a fazer atividades físicas em grupo, ou de forma contemplativa, apreciativa. É o caminhar prestando atenção nas coisas belas que estão pelo caminho.

II Chave, o dedo anelar   - Convivências Significativas
É o dedo usualmente utilizado para colocar as alianças. Mas, pense apenas nele como uma metáfora dos relacionamentos e grupos sociais de que participa. Quem tem relacionamento com amigos e participa de grupos sociais, tem para com eles alianças. São valores compartilhados, são espaços de coletivização, fecundos para trocas de afetos e busca de almofadas sociais para deitar a alam, naqueles dias mais cansados e aflitos. O outro importa. E muito. E é esta a descoberta da II Chave para uma melhor saúde mental e bem-estar emocional.  Amigos e grupos sociais são terapêuticos.

III Chave, o dedão   - Escolhas Positivas 
Este dedo costuma ser usado em expressões nada amigáveis. Você leva um trancão no trânsito e logo passa pela sua cabeça baixar o vidro do carro e colocá-lo em riste contra o outro. Mas, este dedo pode fazer parceria com o dedo vizinho, e ser um símbolos o de paz, de vitória, ou, invertidos, de quem está caminhando.
Aqui esta chave tem muito poder. Pois fala de nossos escolhas e reações frente ao ruim, ao revés, naquela hora que as coisas saem do planejado, que sofremos baques e perdas na vida. As escolhas e  e reações farão toda a diferença no modo como iremos superá-las.  Escolher a cultura da paz, no lugar da de guerra. E escolher contabilizar as sobras, após uma determinada situação difícil que enfrentou ou enfrenta, no lugar de ficar colecionando as dores e faltas que passou a ter, é fundamental para sobreviver e superar a situação, até aprendendo com ela.

IV Chave, o indicador  - Participação Ativa 
Quem não já usou este dedo ao responder na aula à chamada do professor!  Com ele dizemos: Presente. E com ele também apontamos caminhos. Vá por ali à frente, ou dobre aqui. Um dedo que pode ser perverso, ao só apontar as falhas nos outros. Mas, um dedo que também nos lembra duas grandes lições do bem viver. Estar presente ao aqui e agora. Atento a tudo que de bom, belo, virtuoso nos rodeia. Desenvolver a percepção seletiva positiva, de si mesmo, do outro e da realidade, é urgente e fundamental a saúde mental e bem estar emocional, nos tempos de tanta degradação e violência do que circula na mídia e redes sociais.  Têm pessoas que trabalham ao lado de uma janela que todas as tardes oferece um espetáculo de pôr do sol. Mas, elas não prestam mais atenção a ele, não mais se assombram e se encantam com mesmo. Caiu na indiferença, pela cruel rotina de estar sempre ali, todos os dias. O outro ensinamento do indicador é de participar, de se fazer ativo na vida familiar, profissional e social.  Quem participa de algo se engaja, e quem se engaja  em algo com prazer desenvolve os hormônios do quarteto da felicidade: endorfinas, serotoninas, dopaminas e oxitocinas.

V Chave, o polegar  -  O que se sente e o que se pensa 
Eita chave perigosa e poderosa. Somos seres de emoções e pensamentos. Contudo, desde das cavernas eles foram projetados para aprisionar, amplificar e destacar as emoções negativas e os pensamentos da mesma natureza. Erguer o polegar na famosa expressão de "joinha" tem sido uma prática cada vez mais difícil.  Pesquisadores descobriram que nossos neurônios agem como velcro, para as coisas negativas, retendo-as e ruminando-as por muito tempo. Já as coisas boas que nos acontecem são voláteis, dificilmente armazenadas nos bancos de memória do hipocampo, pois escorrem pela mente, tal qual o óleo nas panelas de Terflon.  Este fato se dá pelo modo operante do nosso cérebro cérebro reptiliano, formado pelas amígdalas, hipotálamo e hipocampo. Esta estrutura está sempre pronta a reagir, conjugando no outro os verbos: atacar, defender, correr ou se esconder.  Fazer a faxina nas emoções ruins e pensamentos é necessário, mas exige um constante vigiar sobre eles mesmos, e processos de auto-conhecimento. Só nosso cérebro pode atuar nele mesmo, criando uma voz dissonante, com emoções e pensamentos de outra natureza, mais otimistas, positivos e esperançosos. Precisamos cultivar nossos joinhas, nossa auto-estima, nossa paz interior e acolhimento  de situações que sobre as quais nada podemos fazer, a não ser mudar a nós mesmos sobre o modo como a deixamos em nos atuar.

As cinco Chaves, da metáfora dos cinco dedos, abrem os três  portais abaixo, feitos em gestos com as mãos.

Primeiro Portal, pare!  - O que parar de ser e fazer
Pare. Não há crescimento em saúde mental e bem-estar emocional sem mudanças no estilo de vida, e nos hábitos comportamentais, atitudinais e sociais nocivos que fomos aprendendo ao longo de nossa existência.  Parar de ser tão rabugento. Tão pessimista. Tão egoísta. Tão descrente de si mesmo, dos outros e da realidade.  Parar de criar mágoas de estimação no canil da alma.   Parar de adiar aquele perdão, de adiar aquela decisão. Parar de desenvolver um estilo de vida insustentável, repleto de ganância, individualismo, consumo,  ou das pseudos-alegrias, derivadas do ter, do poder e do prazer pelo prazer.

Segundo Portal, elevar as mãos!  - Sentir e expressar gratidão. 
Quando paramos de sentir gratidão e de expressá-la algo de ruim está se desenvolvendo em nossa psiquê. A gratidão é um portal que nos liberta de achar que sempre merecemos tudo. Que nos faz mais humildes e misericordiosos. A gratidão rejuvenesce a presença do outro em nosso viver. Andamos muito carentes de sentir e expressar a gratidão. Parece que tudo nos é devido, nos é de direito e nada mais em nós causa este sentimento tão libertador.  Aquela diarista que deixou nosso lar habitável novamente, não é por nós percebida como algo do reino da gratidão. Nossa racionalidade converte isto numa relação entre quem paga e quem entrega serviços. E, esta comparação vale pra um monte de coisas, situações e pessoas, para as quais deveríamos sentir e expressar gratidão, mas não o fazemos.

Terceiro Portal, oferecer algo - Doação
Quem oferece algo a alguém torna-se melhor.  Quem me lê e tem algum trabalho de voluntário sabe bem do que falo. Mas, não precisa oferecer o seu melhor  apenas sendo voluntário de causas sociais. No seu trabalho você pode fazer isto, na relação com seus clientes, externos e internos. Ou na relação com seus colegas de empresa. Na sua família e comunidade também. Você pode se doar e servir. E, muitas das vezes a melhor doação não necessitará de recursos materiais, trata-se de tempo para escutar alguém, de interesse na vida das pessoas, e até mesmo um abraço gostoso, em quem se sente aflito e desanimado.  Quem se doa abre um infinito de eternidade dentro de si. Cheio de emoções e pensamentos positivos. Não sem razão, muitas pessoas buscam cuidados paliativos para seus lutos ajudando alguém. E funciona, até melhor do que os tarja-preta, não tenham dúvida.


São estas cinco Chaves e os três Portais o que fará a diferença na qualidade de vida emocional da humanidade. E que funcionarão como um antidoto à epidemia de infelicidade pela qual estamos passando, com o avanço de casos de depressão e suicídios.

Finalizo com a bela letra da música que abre esta crônica:

Tá Escrito (Grupo Revelação)

Na palma da mão, na palma da mão...
Quem cultiva a semente do amor
Segue em frente e não se apavora
Se na vida encontrar dissabor
Vai saber esperar a sua hora
Às vezes a felicidade demora a chegar
Aí é que a gente não pode deixar de sonhar
Guerreiro não foge da luta e não pode correr
Ninguém vai poder atrasar quem nasceu pra vencer
É dia de sol, mas o tempo pode fechar
A chuva só vem quando tem que molhar
Na vida é preciso aprender
Se colhe o bem que plantar
É Deus quem aponta a estrela que tem que brilhar
Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé
Manda essa tristeza embora
Basta acreditar que um novo dia vai raiar
Sua hora vai chegar.

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