Hoje estou degustando uma Miraculina na alma.
É que no dia de amanhã será o chá de revelação do sexo de meu primeiro neto (a), filho(a) da Priscila.
E um maravilhoso e fervilhante sentimento Miraculina invade meu ser.
Você deve estar se perguntando o que é Miraculina.
Miraculina é uma fruta, nativa da África Ocidental, de nome científico Sideroxylon dulcificum.
Ela tem um poder miraculoso, por isso também é conhecida como a Fruta do Milagre.
Após comê-la, a mucosa das papilas gustativas fica protegidas por uma molécula formada por 191 aminoácidos de glicoproteínas.
Esta molécula converte o sabor do ácido e do amargo no mais doces dos manjares.
Enquanto a molécula está agindo o limão mais azedo se torna uma laranja mimo do céu. E o vinagre de fel mais amargo, é percebido como um delicioso licor de jabuticaba, por exemplo.
O legal é que ela não altera os níveis de acidez dos alimentos, ou sua adstringência, ela altera as lentes gustativas para protegê-las da percepção ácida e amarga dos alimentos, e por até duas horas, após masca-las.
Para mim, a Miraculina é Sentido na Vida.
E em todas as suas expressões, intensidade e complexas orquestrações de significado e de propósitos.
Quando saboreamos algo, antecipando o prazer que sentiremos, como o meu do dia de amanhã, estamos comendo a Miraculina.
Não há azedo que se intrometa nesta degustação, não há amargo que impere.
É como se a psiquê fechasse as gavetas do ácido e do amargo, para apreciar de forma mais intensa e verdadeira, a docilidade e ternura do momento presente.
Existem muitas variedades de Miraculinas emocionais.
O Amor de Afetos é uma delas. Quem ama passa a ver a vida de forma mais doce, mesmo que enfrente dias amargos e até de alguma forma ácidos. Quem ama está sempre com um mascar de miraculina na boca, vendo a vida com um olhar sorridente e poético. E como diz a canção Cheiro de Amor, interpretada por Maria Bethânia: “De repente fico rindo à tôa, sem saber o porquê...”. O Amor de afetos pode ocorrer entre pessoas que se reconhecem como parceiras na vida, do ponto de vista carnal. Pode se dar entre amigos e familiares. O amor de afeto ocorre quando a doçura do outro invade nosso viver, dando a ele um novo significado. Em instantes mágicos e especiais.
A Esperança de Esperançar é outra variedade da Miraculina. Esperança de esperançar, e não de esperar. Quem tem esperança de concluir um projeto, se submete a quase todo e qualquer esforço para o alcance deste desafio. “Aquele que tem um porquê para viver pode suportar quase qualquer como...” (Nietzsche). E o que é a esperança senão um monte de porquês para o viver?
Quantas pessoas vocês conhecem que após o recebimento de uma trágica notícia, que os abalou profundamente, ainda assim conseguem reinventarem-se em suas vidas, e encontrarem um sentido na forma pela qual reagem às adversidades a que estão expostos.
Outra espécie de Miraculina é a Solidariedade da Compaixão.
Por mais que tua vida esteja ácida e amarga, após ajudar alguém é como se uma outra dimensão se estabelecesse em teu ser.
Os problemas não acabaram, as aflições ainda estão ali, o amargo e ácido estão presentes ainda, contudo já não ditam comportamentos.
Já não operam nas lentes do pensamento e emoções negativas, tornando-as mais positivas e otimistas. E, porque não dizer, resilientes.
Quando prestamos qualquer tipo de solidariedade de compaixão, quando nos doamos aos outros e a uma causa, esquecemo-nos de nós mesmos e nova criatura ficamos. Voltamos para casa, após aquela ação solidária, com a doçura da compaixão impregnada nas papilas gustativas de nosso viver.
Existem muitas espécies de Miraculinas emocionais, que bom!
Você deve ter as suas próprias.
Uma delas, ainda não citada, e que em meu viver sempre esteve muito presente é a coragem dos sobreviventes.
A Coragem dos Sobreviventes é aquela Miraculina que diminui a percepção de amargor e de acidez, de uma determinada situação que precisa ser enfrentada.
Em todas as odisseias humanas, nas quais houve sobreviventes, esteve presente este tipo de postura diante de uma fatalidade. E aquela coragem que incendeia a alma, que aquece o coração, que alivia toda a carga de sofrer, ao se focar no que precisa ser feito, em determinada situação concreta que se vive.
E a pessoa mete os peitos, e com uma força descomunal, mesmo operando em ambientes insalubres, pobres de respeito e de valores, a pessoa não se deixa contaminar, ou influenciar-se por este meio, sendo uma sobrevivente.
E atua com coragem. De mudar situações. De se mudar de situações. Ou de aprender a conviver com situações, digamos que imutáveis.
É preciso muita coragem dos sobreviventes para não se deixar aniquilar pelos valores que imperam nos tempos presentes.
É preciso muita coragem para ser diferente, ético e autêntico, em meio a tantas pessoas narcisistas, egoístas e autômatas dos dias atuais. A coragem dos sobreviventes é aquela coragem que nos faz continuar caminhando, em busca de dias melhores, quando todos ao lado já esmoreceram, já desanimaram.
E a coragem dá um sabor especial à vida. O sabor de “não ir por ali...”: para onde todos estão indo. O sabor de sobreviver, um dia de cada vez, um passo de cada vez. O sabor de deitar a cabeça no travesseiro e poder dormir sem lembrar-se que machucou alguém, que sonegou direitos, que violentou corações. Que doçura maior do que ter este tipo de coragem ao continuar defendendo a agenda de direitos civis e sociais, mesmo que todos digam que é tempo perdido?
Então, que bom que Deus nos deixou esta plantinha para fazermos esta analogia com nosso viver.
Se nossa vida anda um tanto amarga, ácida e de sabor insuportável talvez seja a hora de comer as Miraculinas: do Amor de Afetos, da Coragem dos Sobreviventes, da Esperança de Esperançar e da Solidariedade da Compaixão.
Agora vou ali no pomar da vida, colher umas Miraculinas, e para continuar percebendo seletivamente e valorizando a doçura da vida e do viver. Mesmo sabendo, convivendo e tendo que se adaptar às situações de amargor e acidez da vida, e da realidade, elas não serão eixo de viver. Não me tornarei uma pessoa azeda, ácida, rabugenta e cultivadora de infelicidades.
Pessoas-Russélia (Autor Ricardo de Faria Barros)
Caminhando pela feira de Sobradinho, deparei-me com uma bancas de plantas, e nela tinha uma muda de uma plantinha que os beija-flores adoram, chamada de Russélia. Na casa de meu irmão, por exemplo, tem muitas destas plantinhas e eles fazem a festa.
A flor da Russélia, vermelha e atraente, tem um pequeno canudo na sua estrutura, que parece ter sido feito sob medida para o bico do beija-flor, encaixe perfeito, o côncavo e o convexo.
Não contei conversa e comprei uma muda pra mim. Mesmo o jarro pesando horrores, e a vendedora não tirando nem um real, dos R$ 35,00 que cobrou.
Eu precisava de um Plano B, para os beijas-flores voltarem à minha janela. Pois, numa das partes dela, justamente a que tive que fechar para colocar um ar-condicionado, era onde eles iam se alimentar de água de frutose que boto todas as manhãs, naqueles bebedouros plásticos. Assim sendo, após a interdição daquela banda de janela, perdi minha vista matinal deles.
Apostei então que o jarro de Russélia, com flores abundantes e viçosas, iria atraí-los.
Cheguei em casa, e arfando bicas com o jarro, consegui levá-lo até a jardineira de metal, que margeia a banda da janela que ainda abre. Fui me limpar no chuveiro, e ao voltar, já tinha um freguês de flores de Russélia, para meu espanto, era um canário da terra.
A foto desta crônica flagra este momento.
Logo depois chegaram os beija-flores e fizeram a alegria do final de tarde deste domingo.
Lembrei que na noite do sábado para o domingo minha irmã fez o aniversário da sobrinha Bianca, que fez 9 anos, comemorados de forma diferente. No lugar de uma festinha, ela proporcionou às crianças amigas da Bianca uma noitada de pijama, com direito à excussão noturna pelo condomínio, às 23h, seguida de uma algazarra maravilhosa de 19 crianças em suas barracas de acampamento, devidamente armadas no salão de festas, animadas com a sessão de karaokê que rolou, até 1 da manhã.
A mana foi flor de Russélia, para sua filha, e para aquelas crianças, inclusive o meu JG, de 9 anos.
Atraiu coisa boa, atraiu luz, bênção e felicidade. E, a atitude Russélia dela fez com que ninguém quisesse ficar de fora daquela animação de festa. Uma experiência inesquecível para aqueles pequenos.
Podemos ser flor de Russélia, emocional e comportamental, para muitos.
Têm muitas pessoas que andam se sentindo cansadas e desanimadas com a vida e o viver, e podemos alimentá-las em nossa Russélia.
E, quando elas se abastecerem de nosso entusiamo, esperança e vontade de viver, deixarão a nossa presença mais fortes.
Pense nisso!
Se queremos atrair coisas boas, atrair pessoas, cultivar amizades verdadeiras, nos destacar em qualquer profissão em que atuemos, é preciso cultivar nossa Russélia interior.
Muita gente anda reclamando de que ninguém é mais amigo de ninguém. Tem até uma música famosa que fala esta estrofe.
Eu acho que não é bem assim.
Têm muitas Pessoas-Russélias por aí. Pessoas que você tem um prazer danado em conviver com elas, visitá-las, em ficar na sua presença e em ser abraçado por elas.
Pessoas que quando saímos da presença delas não temos como disfarçar o sorriso no rosto, a paz no coração e a energização de nossa alma.
Elas são como aqueles dispositivos que fornecem carga adicional ao nosso celular.
Lembram aquele guardador de carros que fez um ponte com engradados plásticos para uma senhora atravessar a enchente no Rio de Janeiro? Ele foi Russélia.
Então, quando nossa janela estiver sem vida, sem nada que nos faça nos sentir bem, quando nossa auto-estima estiver fraquinha, fraquinha, e sentirmos que as pessoas estão se afastando de nós, quem sabe não seja porque andamos muito rabugentos, reclamões e pessimistas?
Quem sabe não é hora de voltar a florescer!
Polinizando em nossos corações as emoções positivas: paz, esperança, amor, perdão, bondade, ternura e empatia; E os pensamentos positivos: amanhã será melhor, isto também passa, eu sou grato, eu tenho valor, vou conseguir, é só uma fase...
Quem tem um jardim dentro de si costuma ver jardins em todo lugar e atrair coisas boas que retroalimentam o processo.
A flor da Russélia, vermelha e atraente, tem um pequeno canudo na sua estrutura, que parece ter sido feito sob medida para o bico do beija-flor, encaixe perfeito, o côncavo e o convexo.
Não contei conversa e comprei uma muda pra mim. Mesmo o jarro pesando horrores, e a vendedora não tirando nem um real, dos R$ 35,00 que cobrou.
Eu precisava de um Plano B, para os beijas-flores voltarem à minha janela. Pois, numa das partes dela, justamente a que tive que fechar para colocar um ar-condicionado, era onde eles iam se alimentar de água de frutose que boto todas as manhãs, naqueles bebedouros plásticos. Assim sendo, após a interdição daquela banda de janela, perdi minha vista matinal deles.
Apostei então que o jarro de Russélia, com flores abundantes e viçosas, iria atraí-los.
Cheguei em casa, e arfando bicas com o jarro, consegui levá-lo até a jardineira de metal, que margeia a banda da janela que ainda abre. Fui me limpar no chuveiro, e ao voltar, já tinha um freguês de flores de Russélia, para meu espanto, era um canário da terra.
A foto desta crônica flagra este momento.
Logo depois chegaram os beija-flores e fizeram a alegria do final de tarde deste domingo.
Lembrei que na noite do sábado para o domingo minha irmã fez o aniversário da sobrinha Bianca, que fez 9 anos, comemorados de forma diferente. No lugar de uma festinha, ela proporcionou às crianças amigas da Bianca uma noitada de pijama, com direito à excussão noturna pelo condomínio, às 23h, seguida de uma algazarra maravilhosa de 19 crianças em suas barracas de acampamento, devidamente armadas no salão de festas, animadas com a sessão de karaokê que rolou, até 1 da manhã.
A mana foi flor de Russélia, para sua filha, e para aquelas crianças, inclusive o meu JG, de 9 anos.
Atraiu coisa boa, atraiu luz, bênção e felicidade. E, a atitude Russélia dela fez com que ninguém quisesse ficar de fora daquela animação de festa. Uma experiência inesquecível para aqueles pequenos.
Podemos ser flor de Russélia, emocional e comportamental, para muitos.
Têm muitas pessoas que andam se sentindo cansadas e desanimadas com a vida e o viver, e podemos alimentá-las em nossa Russélia.
E, quando elas se abastecerem de nosso entusiamo, esperança e vontade de viver, deixarão a nossa presença mais fortes.
Pense nisso!
Se queremos atrair coisas boas, atrair pessoas, cultivar amizades verdadeiras, nos destacar em qualquer profissão em que atuemos, é preciso cultivar nossa Russélia interior.
Muita gente anda reclamando de que ninguém é mais amigo de ninguém. Tem até uma música famosa que fala esta estrofe.
Eu acho que não é bem assim.
Têm muitas Pessoas-Russélias por aí. Pessoas que você tem um prazer danado em conviver com elas, visitá-las, em ficar na sua presença e em ser abraçado por elas.
Pessoas que quando saímos da presença delas não temos como disfarçar o sorriso no rosto, a paz no coração e a energização de nossa alma.
Elas são como aqueles dispositivos que fornecem carga adicional ao nosso celular.
Lembram aquele guardador de carros que fez um ponte com engradados plásticos para uma senhora atravessar a enchente no Rio de Janeiro? Ele foi Russélia.
Então, quando nossa janela estiver sem vida, sem nada que nos faça nos sentir bem, quando nossa auto-estima estiver fraquinha, fraquinha, e sentirmos que as pessoas estão se afastando de nós, quem sabe não seja porque andamos muito rabugentos, reclamões e pessimistas?
Quem sabe não é hora de voltar a florescer!
Polinizando em nossos corações as emoções positivas: paz, esperança, amor, perdão, bondade, ternura e empatia; E os pensamentos positivos: amanhã será melhor, isto também passa, eu sou grato, eu tenho valor, vou conseguir, é só uma fase...
Quem tem um jardim dentro de si costuma ver jardins em todo lugar e atrair coisas boas que retroalimentam o processo.
Dinheiro Achado em Calçada (Autor Ricardo de Faria Barros)
- Bom dia Dona Expedita, guarde meu bolo de macaxeira viu? Na volta do mercado pego e quem sabe pago. rsrs.
Com esta frase, saudei pela manhã a Dona Expedita que comercializa seus bolos na calçada do Carrefour, na quadra 402-403, Asa Sul, aqui em Brasília.
Voltando das comprinhas, parei para a costumeira prosa. Dona Expedita estava super feliz.
Era por volta das 10hrs e já tinha vendido todos os bolos. E começava o apurado para a prestação do próximo mês.
- Oxente, que prestação é esta?
Aí, ela toda sorridente, falou que foi das compras que fez para o aniversário de 15 anos de sua neta.
Ela entrou com o aluguel das mesas, o fotógrafo e os salgados, e que só faltam duas prestações para quitar a dívida.
E que tira as prestações da receita com a venda dos bolos.
Expedita estava radiante por ter conseguido pagar os 632 reais ontem, mesmo que tenha pedido emprestado ao seu genro, os 30 reais que faltavam.
Mas que, "logo que eu chegue em Samambaia, eu pagarei a ele, com o apurado que terei dos bolo de hoje".
Aí, disse-lhe, então me dá mais um, para ajudar nos 30.
Contou-me que quando veio de Recife-PE para Brasília, há três anos, viu que tudo aqui era muito caro e que teria que ajudar nas despesas com a casa de sua filha, para onde veio morar.
A renda de um salário mínimo precisava de complementação, e ela era jovem ainda 72 anos, e tinha muita disposição para o trabalho.
Então, sonhou com a antiga patroa de Recife ensinando-lhe a fazer bolos: de rolo, de macaxeira e de milho.
Ao acordar, suspirou baixinho, e uma nuvem de lástima invadiu seu viver.
Ela não tinha nenhum recurso, naquele dia, para comprar mantimentos e fazer bolos, e tentar vendê-los pelas calçadas da vida do DF.
Todo dinheiro tinha sido investido no plano de saúde, remédios, e na ajuda das despesas de onde mora.
Naquela manhã, havia uma prestação para pagar na Polyele, de uma sandália que comprara.
Ela saiu de casa com aquele dinheiro contado, preso num clips junto à conta.
No caminho, pediu orientação a Deus de como sair daquele atoleiro e aumentar a renda.
Então, ao descer do ônibus, largado entre o lixo da calçada, boiando numa poça de água na sarjeta, havia uma nota de 50 reais. Toda esbagaçada, suja e molhada.
Suspirou mais uma vez, agora de gratidão e esperança, iria recuperar aquela nota.
Agradeceu o recado de Deus e enxugou e limpou a nota com esmero.
Animada, após pagar as sandálias, correu para comprar os mantimentos para o bolo de seus primeiros bolos.
Iria fazer uma receita que aprendeu com sua patroa, quando ainda morava em Recife.
Um bolo de macaxeira com lascas de coco ralado.
[pausa] Pense num bolo bom, multiplique por dois!
E, assim se deu o início da carreira de dona Expedita de micro, infinitamente micro-empresária.
Ela não tem tabuleiro, não tem um carro onde coloque no porta-malas, vive ansiosa com medo do guarda do Carrefour a expulsar da calçada, ou dos "home do Governo".
Traz seus bolos num daqueles carrinhos de feira, com duas rodas e um cestinho. E, todos os dias, volta pra casa com uns 50 reais de apurado líquido. Após vender seus vinte e cinco bolos, por 5 reais cada. Ela está "tirando" um salário mínimo, com os bolos, e agora tem um dinheirinho para investir num carrinho "tipo de isopor", e com rodinhas, pra trazer uns pudins.
Disse-me que aprendeu a andar de metrô. Antes tinha medo de se atrapalhar. E que a vida ficou melhor ainda, pois pode está em casa pelas 13hrs, almoçar com a neta, e fazer os bolos na parte da tarde, sem varar mais as madrugadas.
São assim os sonhos de dona Expedita, simples, profundamente humanos, sonhos de uma mulher que não deixou o desânimo sobre ela se abater.
Sonhava com o deslumbre da neta, em seus 15 anos, e realizou com o que tinha. Sonhava em poder pagar as prestações do empréstimo que fez, e está pagando.
Sonha em poder pagar suas contas, todo fim de mês.
Com esta frase, saudei pela manhã a Dona Expedita que comercializa seus bolos na calçada do Carrefour, na quadra 402-403, Asa Sul, aqui em Brasília.
Voltando das comprinhas, parei para a costumeira prosa. Dona Expedita estava super feliz.
Era por volta das 10hrs e já tinha vendido todos os bolos. E começava o apurado para a prestação do próximo mês.
- Oxente, que prestação é esta?
Aí, ela toda sorridente, falou que foi das compras que fez para o aniversário de 15 anos de sua neta.
Ela entrou com o aluguel das mesas, o fotógrafo e os salgados, e que só faltam duas prestações para quitar a dívida.
E que tira as prestações da receita com a venda dos bolos.
Expedita estava radiante por ter conseguido pagar os 632 reais ontem, mesmo que tenha pedido emprestado ao seu genro, os 30 reais que faltavam.
Mas que, "logo que eu chegue em Samambaia, eu pagarei a ele, com o apurado que terei dos bolo de hoje".
Aí, disse-lhe, então me dá mais um, para ajudar nos 30.
Contou-me que quando veio de Recife-PE para Brasília, há três anos, viu que tudo aqui era muito caro e que teria que ajudar nas despesas com a casa de sua filha, para onde veio morar.
A renda de um salário mínimo precisava de complementação, e ela era jovem ainda 72 anos, e tinha muita disposição para o trabalho.
Então, sonhou com a antiga patroa de Recife ensinando-lhe a fazer bolos: de rolo, de macaxeira e de milho.
Ao acordar, suspirou baixinho, e uma nuvem de lástima invadiu seu viver.
Ela não tinha nenhum recurso, naquele dia, para comprar mantimentos e fazer bolos, e tentar vendê-los pelas calçadas da vida do DF.
Todo dinheiro tinha sido investido no plano de saúde, remédios, e na ajuda das despesas de onde mora.
Naquela manhã, havia uma prestação para pagar na Polyele, de uma sandália que comprara.
Ela saiu de casa com aquele dinheiro contado, preso num clips junto à conta.
No caminho, pediu orientação a Deus de como sair daquele atoleiro e aumentar a renda.
Então, ao descer do ônibus, largado entre o lixo da calçada, boiando numa poça de água na sarjeta, havia uma nota de 50 reais. Toda esbagaçada, suja e molhada.
Suspirou mais uma vez, agora de gratidão e esperança, iria recuperar aquela nota.
Agradeceu o recado de Deus e enxugou e limpou a nota com esmero.
Animada, após pagar as sandálias, correu para comprar os mantimentos para o bolo de seus primeiros bolos.
Iria fazer uma receita que aprendeu com sua patroa, quando ainda morava em Recife.
Um bolo de macaxeira com lascas de coco ralado.
[pausa] Pense num bolo bom, multiplique por dois!
E, assim se deu o início da carreira de dona Expedita de micro, infinitamente micro-empresária.
Ela não tem tabuleiro, não tem um carro onde coloque no porta-malas, vive ansiosa com medo do guarda do Carrefour a expulsar da calçada, ou dos "home do Governo".
Traz seus bolos num daqueles carrinhos de feira, com duas rodas e um cestinho. E, todos os dias, volta pra casa com uns 50 reais de apurado líquido. Após vender seus vinte e cinco bolos, por 5 reais cada. Ela está "tirando" um salário mínimo, com os bolos, e agora tem um dinheirinho para investir num carrinho "tipo de isopor", e com rodinhas, pra trazer uns pudins.
Disse-me que aprendeu a andar de metrô. Antes tinha medo de se atrapalhar. E que a vida ficou melhor ainda, pois pode está em casa pelas 13hrs, almoçar com a neta, e fazer os bolos na parte da tarde, sem varar mais as madrugadas.
São assim os sonhos de dona Expedita, simples, profundamente humanos, sonhos de uma mulher que não deixou o desânimo sobre ela se abater.
Sonhava com o deslumbre da neta, em seus 15 anos, e realizou com o que tinha. Sonhava em poder pagar as prestações do empréstimo que fez, e está pagando.
Sonha em poder pagar suas contas, todo fim de mês.
Sonha em ajudar mais a sua filha.
Sonha com um segundo carrinho, para oferecer outros produtos.
Sonha em ser menos importunada pelos homens da lei, para que possa anunciar seus bolos sem medo.
Nesta sociedade, tão individualista e agressiva na qual vivemos, cruzar com uma dona Expedita faz um bem danado à alma.
Esta sim, é uma guerreira.
Uma mulher que não terceirizou seu existir. Que segue, valente lugar-tenente, desfiando as dificuldades do tempo presente.
Que aprendeu a alegrar-se com o que tem. E ainda assim, mesmo com pouco, poder proporcionar uma alegria à sua neta, e ajudar nas despesas da filha.
Que não se limita a um carrinho de bolo, ao querer ter o segundo, perseguindo este novo objetivo com afinco, e a cada manhã,
Que cumprimenta os transeuntes, que passam pela calçada em direção ao mercado, com um sorrisão no rosto, e a cada um deles deseja uma excelente manhã.
E ela assim o faz, mesmo que muitos passem por ela apressados, e a tenha como invisível, mesmo após um sonoro bom dia.
Expedita dá o que tem de melhor a quem por ela passa.
Despedi-me com um "até a quarta".
Aí, ela me perguntou porque só na quarta. Expliquei que é quando venho às compras para abastecer a dispensa com coisinhas que o meu filho, o JG (9 anos), gosta.
Então, ela me falou que vai me ensinar a fazer um salgado de forno que as crianças amam.
Uauuu, que linda! Ah! Mas, aí já será outra crônica.
Andamos tão indiferentes com a vida, tão ingratos, que não damos valor ao que temos. Não sabemos o que é todos os dias ralar um monte de coco e macaxeira.
Trabalho pesado. E depois cozinhá-las e comercializá-las, no corpo-a-corpo, sem ter nem onde sentar. E, sempre com um sorriso nos lábios, e com uma ternura para com todos cuja descrição não cabe num amontoado de letrinhas.
Quantos cinquenta reais existem em nosso viver? Largados numa poça de água, ali onde nem mais damos conta que ele existe? Nem mais percebemos a bênção dele em nosso viver.
Estão à beira da calçada de nossa vida, e com ele podemos nos reinventar, resistir, ser mais resilientes e esperançosos, do verbo esperançar e não do verbo esperar, no sentido de procurar nossas melhoras.
E, se para Dona Expedita a chance de fazer uns bolos, e melhorar de vida, foi aquela nota, quem sabe nossas chances não estão pertinho de nós, escondidas na sarjeta de nossa vida, que não mais as reconhecemos como importantes, por as termos sempre a mão.
- Podem ser nossos pensamentos e emoções positivas, que nos dão ânimo para o viver.
- Pode ser nossa saúde.
- Pode ser nossa família.
- Podem ser nossos amigos.
- Pode ser nosso trabalho.
- Podem ser nossa fé e comunidade espiritual.
- Podem ser nossos estudos e conhecimentos.
- Pode ser nossa parceira (o) afetivo amoroso.
- Podem ser nossos filhos e pais.
- Pode ser nossa experiência de vida.
- Pode ser nosso lar.
- Pode ser nossa liberdade de ir e vir.
São as tuas, e as minhas, notas de cinquenta. Vamos aproveitá-las para evoluir e deixar este mundo melhor do que achamos. Sendo o melhor que possamos ser para ao mundo, e não do mundo.
Quantas capacidades temos que são extremamente importantes para empreendermos nossos projetos de melhoria, tanto no aspecto de vida pessoal, quanto no profissional?
Vamos lá, é hora de se reinventar com o que ainda lhe resta, e não ficar chorando, e sem reação, ao contabilizar somente o que lhe falta.
Expedita deixa aquela calçada iluminada, todas as manhãs.
Expedita encontrou seu jeito de fazer a diferença, enquanto trabalha, ao se interessar pela vida de seus clientes e ao desejar-lhes sempre, e de forma calorosa, um bom dia.
Expedita não tem tempo, nem intenção, de ficar catando tristezas, pelos cantos de sua "Vida Severina".
Expedita, vive o momento presente, sabendo dar valor e bem investir o dinheiro achado em calçada.
E, quanto de dinheiro achado em calçada nossa vida está cheia, só que não mais prestamos atenção a ele, nem o valorizamos como tal.
Até que um dia ele nos venha a ter em falta.
É tempo de não se deixar adoecer pela onda de desânimo, desencanto e desesperança reinante. É tempo de subverter a natureza das coisas, e ousar construir as pequenas e vadias felicidades: aquelas possíveis, urgentes, necessárias e conscientes.
É preciso, mais que nunca, estar presente e aberto, todos os dias, à mística, mágica e maravilhosa vontade de viver.
É ela que todos os dias sussurra em nossos ouvidos: coragem, prossiga, tende bom ânimo, afinal, "longe é um lugar que não existe" quando se tem esperança e amor no coração.
Sonha em ser menos importunada pelos homens da lei, para que possa anunciar seus bolos sem medo.
Nesta sociedade, tão individualista e agressiva na qual vivemos, cruzar com uma dona Expedita faz um bem danado à alma.
Esta sim, é uma guerreira.
Uma mulher que não terceirizou seu existir. Que segue, valente lugar-tenente, desfiando as dificuldades do tempo presente.
Que aprendeu a alegrar-se com o que tem. E ainda assim, mesmo com pouco, poder proporcionar uma alegria à sua neta, e ajudar nas despesas da filha.
Que não se limita a um carrinho de bolo, ao querer ter o segundo, perseguindo este novo objetivo com afinco, e a cada manhã,
Que cumprimenta os transeuntes, que passam pela calçada em direção ao mercado, com um sorrisão no rosto, e a cada um deles deseja uma excelente manhã.
E ela assim o faz, mesmo que muitos passem por ela apressados, e a tenha como invisível, mesmo após um sonoro bom dia.
Expedita dá o que tem de melhor a quem por ela passa.
Despedi-me com um "até a quarta".
Aí, ela me perguntou porque só na quarta. Expliquei que é quando venho às compras para abastecer a dispensa com coisinhas que o meu filho, o JG (9 anos), gosta.
Então, ela me falou que vai me ensinar a fazer um salgado de forno que as crianças amam.
Uauuu, que linda! Ah! Mas, aí já será outra crônica.
Andamos tão indiferentes com a vida, tão ingratos, que não damos valor ao que temos. Não sabemos o que é todos os dias ralar um monte de coco e macaxeira.
Trabalho pesado. E depois cozinhá-las e comercializá-las, no corpo-a-corpo, sem ter nem onde sentar. E, sempre com um sorriso nos lábios, e com uma ternura para com todos cuja descrição não cabe num amontoado de letrinhas.
Quantos cinquenta reais existem em nosso viver? Largados numa poça de água, ali onde nem mais damos conta que ele existe? Nem mais percebemos a bênção dele em nosso viver.
Estão à beira da calçada de nossa vida, e com ele podemos nos reinventar, resistir, ser mais resilientes e esperançosos, do verbo esperançar e não do verbo esperar, no sentido de procurar nossas melhoras.
E, se para Dona Expedita a chance de fazer uns bolos, e melhorar de vida, foi aquela nota, quem sabe nossas chances não estão pertinho de nós, escondidas na sarjeta de nossa vida, que não mais as reconhecemos como importantes, por as termos sempre a mão.
- Podem ser nossos pensamentos e emoções positivas, que nos dão ânimo para o viver.
- Pode ser nossa saúde.
- Pode ser nossa família.
- Podem ser nossos amigos.
- Pode ser nosso trabalho.
- Podem ser nossa fé e comunidade espiritual.
- Podem ser nossos estudos e conhecimentos.
- Pode ser nossa parceira (o) afetivo amoroso.
- Podem ser nossos filhos e pais.
- Pode ser nossa experiência de vida.
- Pode ser nosso lar.
- Pode ser nossa liberdade de ir e vir.
São as tuas, e as minhas, notas de cinquenta. Vamos aproveitá-las para evoluir e deixar este mundo melhor do que achamos. Sendo o melhor que possamos ser para ao mundo, e não do mundo.
Quantas capacidades temos que são extremamente importantes para empreendermos nossos projetos de melhoria, tanto no aspecto de vida pessoal, quanto no profissional?
Vamos lá, é hora de se reinventar com o que ainda lhe resta, e não ficar chorando, e sem reação, ao contabilizar somente o que lhe falta.
Expedita deixa aquela calçada iluminada, todas as manhãs.
Expedita encontrou seu jeito de fazer a diferença, enquanto trabalha, ao se interessar pela vida de seus clientes e ao desejar-lhes sempre, e de forma calorosa, um bom dia.
Expedita não tem tempo, nem intenção, de ficar catando tristezas, pelos cantos de sua "Vida Severina".
Expedita, vive o momento presente, sabendo dar valor e bem investir o dinheiro achado em calçada.
E, quanto de dinheiro achado em calçada nossa vida está cheia, só que não mais prestamos atenção a ele, nem o valorizamos como tal.
Até que um dia ele nos venha a ter em falta.
É tempo de não se deixar adoecer pela onda de desânimo, desencanto e desesperança reinante. É tempo de subverter a natureza das coisas, e ousar construir as pequenas e vadias felicidades: aquelas possíveis, urgentes, necessárias e conscientes.
É preciso, mais que nunca, estar presente e aberto, todos os dias, à mística, mágica e maravilhosa vontade de viver.
É ela que todos os dias sussurra em nossos ouvidos: coragem, prossiga, tende bom ânimo, afinal, "longe é um lugar que não existe" quando se tem esperança e amor no coração.
Quer melhor receita pra uma longevidade feliz?
Do que a de também fazer bolos, como os que deram sentido à vida de Dona Expedita, no sentido figurado?
A Força Transformadora de um Joinha (Autor Ricardo de Faria Barros)
Desembarquei em Fortaleza pelas 18hrs. Aquele sobrevoo pelo litoral foi de tirar o fôlego, de tanta beleza, ao testemunhar os mil tons do sol, refletidos no oceano, para eles todo oferecido.
Dez anos depois, eu voltaria em Fortaleza, agora não mais a trabalho no BB, mas com a missão de palestrar no encontro de aposentados da Teleceará.
Ainda no Uber, já fui logo pesquisando opções de caranguejo, embora fosse uma terça-feira. É que reza a tradição de que são nas quintas-feiras que o bicho pega. Que é quando, em tudo que é barraca de beira-mar, o caranguejo de fato impera.
Fiz o check-in no hotel, e dirigi-me ao quarto para trocar de roupa e sair.
Mas, a porta não abria. Botava aquele cartão magnético, e nada.
Então, usei o velho truque, de friccioná-lo no cabelo. E pimba, como um passe de mágica funcionou.
Ufa.
Saindo do quarto, vejo um casal com cara de desamparo, também tentando entrar no quarto deles. Ofereço meus cabelos pra ajudar. E funcionou.
Cabelos magnéticos. rsrs
No outro dia, voltando do café da manhã, o mesmo aperreio. Não funcionou. Nem usando o truque do cabelo.
Deve ter desmagnetizado com a dormida. rsrs
Dirijo-me à recepção e conto meus traumas com a porta do quarto.
O moço, todo ouvidos, pergunta-me como estou usando o cartão.
- De que lado da seta o sr. está colocando?
Achei a pergunta bastante óbvia, mas logo respondi: "para baixo".
Aí ele falou, sorrindo, está errado, é com a seta para cima. E nas vezes que usou o cabelo deve ter acertado a posição, sem querer, e por isso funcionou.
Prestei atenção ao cartão e fez sentido, embora a seta deveria acompanhar o movimento de entrada no buraco da maçaneta da porta, que é pra baixo.
Mas, não era hora de discutir gestão de processos com a recepção, pois estava perto do início de minha palestra.
Fiquei pensando com meus botões o quanto de portas em nosso viver não estão se abrindo por estarmos inserindo o cartão de forma errada.
Lembre que esta seta, do cartão de acesso ao quarto, é como o polegar, aquele com o qual fazemos o gesto do "Joinha".
E, o polegar para cima, abre portas. De relacionamentos, de inovação, de produtividade e sentidos do trabalho.
Abre os portais do Capital Psicológico Positivo, nas suas quatro dimensões: resiliência, esperança, otimismo e autoeficácia.
O joinha pra cima é como o cartão de acesso ao quarto do hotel, colocado corretamente, ele destrava a maçaneta, permitindo nele se adentrar.
Quantas das vezes nossa postura interior, nossas atitudes e comportamentos expressam pessimismo, negatividade e excesso de rabugice e reclamação: os joinhas pra baixo.
E, no caldo da negatividade o desânimo toma conta de nós. E não mais conseguimos abrir as portas de novas possibilidades, alternativas ou cursos de ação, diante de algo que nos ocorreu, por ficarmos incapacitados de pensar saídas, presos numa teia de negatividade opressiva e doentia.
A postura positiva diante da vida nos habilita à sentir e expressar gratidão. A enxergar o que ainda nos sobra, no lugar do que nos falta. A enxergar o que ainda de bom ocorreu, no lugar de destacar o que de ruim aconteceu.
A postura positiva emancipa, expande e constrói a autonomia de viver, o protagonismo diante das situações.
Liberando energia transformacional para o enfrentamento de situações desgastantes e conflituosas.
Então, para nossa reflexão, será que algumas portas não estão se abrindo em nossa vida pela nossa postura diante delas, de nós mesmos, dos outros e até diante das circunstâncias?
Com certeza você já trabalhou, ou conviveu, com uma pessoa extremamente pessimista, ou não?
Daquelas que na reunião de trabalho, diante da proposta de um novo objetivo a ser alcançado, é a primeira que diz que não haverá como oferecer aquele resultado.
Ou que, quando algo sai fora do planejando, numa viagem de turismo, fica remoendo o acontecido, no lugar de procurar outras opções para ainda aproveitar o passeio.
O pensamento negativo é limitador da consciência. Ele derruba a energia emocional para enfrentar problemas ou encontrar outras soluções, ainda não pensadas.
O pensamento negativo, expresso nesta crônica como a setinha para baixo do cartão de acesso ao quarto, ou o não-joinha, fecha o campo de visão para destacar o que de ruim ocorreu, incapacitando uma abertura ao novo, ao que resta, ao que de bom ainda ocorre, apesar dos pesares.
Ter um bom capital psicológico positivo não nos torna alienados, nem tampouco bobos diante de situações difíceis pelas quais passamos.
Nem se cria um mundo cor de rosa artificiar para nele se habitar.
Nada disso. Os elementos deste Capital: esperança, otimismo, resiliência e autoeficacia são de onde vem a força e a coragem do bem viver.
Não se nega os problemas, doenças, aperreios, ao se fazer um joinha diante deles.
Mas, assume-se uma postura emancipatória de enfrentamento, vivendo a vida possível, e pela qual se vale a pena viver, mesmo apesar deles.
Destacando, valorizando e agradecendo o que de bom, belo e virtuoso ainda se tem.
Dez anos depois, eu voltaria em Fortaleza, agora não mais a trabalho no BB, mas com a missão de palestrar no encontro de aposentados da Teleceará.
Ainda no Uber, já fui logo pesquisando opções de caranguejo, embora fosse uma terça-feira. É que reza a tradição de que são nas quintas-feiras que o bicho pega. Que é quando, em tudo que é barraca de beira-mar, o caranguejo de fato impera.
Fiz o check-in no hotel, e dirigi-me ao quarto para trocar de roupa e sair.
Mas, a porta não abria. Botava aquele cartão magnético, e nada.
Então, usei o velho truque, de friccioná-lo no cabelo. E pimba, como um passe de mágica funcionou.
Ufa.
Saindo do quarto, vejo um casal com cara de desamparo, também tentando entrar no quarto deles. Ofereço meus cabelos pra ajudar. E funcionou.
Cabelos magnéticos. rsrs
No outro dia, voltando do café da manhã, o mesmo aperreio. Não funcionou. Nem usando o truque do cabelo.
Deve ter desmagnetizado com a dormida. rsrs
Dirijo-me à recepção e conto meus traumas com a porta do quarto.
O moço, todo ouvidos, pergunta-me como estou usando o cartão.
- De que lado da seta o sr. está colocando?
Achei a pergunta bastante óbvia, mas logo respondi: "para baixo".
Aí ele falou, sorrindo, está errado, é com a seta para cima. E nas vezes que usou o cabelo deve ter acertado a posição, sem querer, e por isso funcionou.
Prestei atenção ao cartão e fez sentido, embora a seta deveria acompanhar o movimento de entrada no buraco da maçaneta da porta, que é pra baixo.
Mas, não era hora de discutir gestão de processos com a recepção, pois estava perto do início de minha palestra.
Fiquei pensando com meus botões o quanto de portas em nosso viver não estão se abrindo por estarmos inserindo o cartão de forma errada.
Lembre que esta seta, do cartão de acesso ao quarto, é como o polegar, aquele com o qual fazemos o gesto do "Joinha".
E, o polegar para cima, abre portas. De relacionamentos, de inovação, de produtividade e sentidos do trabalho.
Abre os portais do Capital Psicológico Positivo, nas suas quatro dimensões: resiliência, esperança, otimismo e autoeficácia.
O joinha pra cima é como o cartão de acesso ao quarto do hotel, colocado corretamente, ele destrava a maçaneta, permitindo nele se adentrar.
Quantas das vezes nossa postura interior, nossas atitudes e comportamentos expressam pessimismo, negatividade e excesso de rabugice e reclamação: os joinhas pra baixo.
E, no caldo da negatividade o desânimo toma conta de nós. E não mais conseguimos abrir as portas de novas possibilidades, alternativas ou cursos de ação, diante de algo que nos ocorreu, por ficarmos incapacitados de pensar saídas, presos numa teia de negatividade opressiva e doentia.
A postura positiva diante da vida nos habilita à sentir e expressar gratidão. A enxergar o que ainda nos sobra, no lugar do que nos falta. A enxergar o que ainda de bom ocorreu, no lugar de destacar o que de ruim aconteceu.
A postura positiva emancipa, expande e constrói a autonomia de viver, o protagonismo diante das situações.
Liberando energia transformacional para o enfrentamento de situações desgastantes e conflituosas.
Então, para nossa reflexão, será que algumas portas não estão se abrindo em nossa vida pela nossa postura diante delas, de nós mesmos, dos outros e até diante das circunstâncias?
Com certeza você já trabalhou, ou conviveu, com uma pessoa extremamente pessimista, ou não?
Daquelas que na reunião de trabalho, diante da proposta de um novo objetivo a ser alcançado, é a primeira que diz que não haverá como oferecer aquele resultado.
Ou que, quando algo sai fora do planejando, numa viagem de turismo, fica remoendo o acontecido, no lugar de procurar outras opções para ainda aproveitar o passeio.
O pensamento negativo é limitador da consciência. Ele derruba a energia emocional para enfrentar problemas ou encontrar outras soluções, ainda não pensadas.
O pensamento negativo, expresso nesta crônica como a setinha para baixo do cartão de acesso ao quarto, ou o não-joinha, fecha o campo de visão para destacar o que de ruim ocorreu, incapacitando uma abertura ao novo, ao que resta, ao que de bom ainda ocorre, apesar dos pesares.
Ter um bom capital psicológico positivo não nos torna alienados, nem tampouco bobos diante de situações difíceis pelas quais passamos.
Nem se cria um mundo cor de rosa artificiar para nele se habitar.
Nada disso. Os elementos deste Capital: esperança, otimismo, resiliência e autoeficacia são de onde vem a força e a coragem do bem viver.
Não se nega os problemas, doenças, aperreios, ao se fazer um joinha diante deles.
Mas, assume-se uma postura emancipatória de enfrentamento, vivendo a vida possível, e pela qual se vale a pena viver, mesmo apesar deles.
Destacando, valorizando e agradecendo o que de bom, belo e virtuoso ainda se tem.
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