A Força Transformadora de um Joinha (Autor Ricardo de Faria Barros)

Desembarquei em Fortaleza pelas 18hrs. Aquele sobrevoo pelo litoral foi de tirar o fôlego, de tanta beleza, ao testemunhar os mil tons do sol, refletidos no oceano, para eles todo oferecido.
Dez anos depois, eu voltaria em Fortaleza, agora não mais a trabalho no BB, mas com a missão de palestrar no encontro de aposentados da Teleceará.
Ainda no Uber, já fui logo pesquisando opções de caranguejo, embora fosse uma terça-feira. É que reza a tradição de que são nas quintas-feiras que o bicho pega. Que é quando, em tudo que é barraca de beira-mar, o caranguejo de fato impera.
Fiz o check-in no hotel, e dirigi-me ao quarto para trocar de roupa e sair.
Mas, a porta não abria. Botava aquele cartão magnético, e nada.
Então, usei o velho truque, de friccioná-lo no cabelo. E pimba, como um passe de mágica funcionou.
Ufa.
Saindo do quarto, vejo um casal com cara de desamparo, também tentando entrar no quarto deles. Ofereço meus cabelos pra ajudar. E funcionou.
Cabelos magnéticos. rsrs
No outro dia, voltando do café da manhã, o mesmo aperreio. Não funcionou. Nem usando o truque do cabelo.
Deve ter desmagnetizado com a dormida. rsrs
Dirijo-me à recepção e conto meus traumas com a porta do quarto.
O moço, todo ouvidos, pergunta-me como estou usando o cartão.
- De que lado da seta o sr. está colocando?
Achei a pergunta bastante óbvia, mas logo respondi: "para baixo".
Aí ele falou, sorrindo, está errado, é com a seta para cima. E nas vezes que usou o cabelo deve ter acertado a posição, sem querer, e por isso funcionou.
Prestei atenção ao cartão e fez sentido, embora a seta deveria acompanhar o movimento de entrada no buraco da maçaneta da porta, que é pra baixo.
Mas, não era hora de discutir gestão de processos com a recepção, pois estava perto do início de minha palestra.
Fiquei pensando com meus botões o quanto de portas em nosso viver não estão se abrindo por estarmos inserindo o cartão de forma errada.
Lembre que esta seta, do cartão de acesso ao quarto, é como o polegar, aquele com o qual fazemos o gesto do "Joinha".
E, o polegar para cima, abre portas. De relacionamentos, de inovação, de produtividade e sentidos do trabalho.
Abre os portais do Capital Psicológico Positivo, nas suas quatro dimensões: resiliência, esperança, otimismo e autoeficácia.
O joinha pra cima é como o cartão de acesso ao quarto do hotel, colocado corretamente, ele destrava a maçaneta, permitindo nele se adentrar.
Quantas das vezes nossa postura interior, nossas atitudes e comportamentos expressam pessimismo, negatividade e excesso de rabugice e reclamação: os joinhas pra baixo.
E, no caldo da negatividade o desânimo toma conta de nós. E não mais conseguimos abrir as portas de novas possibilidades, alternativas ou cursos de ação, diante de algo que nos ocorreu, por ficarmos incapacitados de pensar saídas, presos numa teia de negatividade opressiva e doentia.
A postura positiva diante da vida nos habilita à sentir e expressar gratidão. A enxergar o que ainda nos sobra, no lugar do que nos falta. A enxergar o que ainda de bom ocorreu, no lugar de destacar o que de ruim aconteceu.
A postura positiva emancipa, expande e constrói a autonomia de viver, o protagonismo diante das situações.
Liberando energia transformacional para o enfrentamento de situações desgastantes e conflituosas.
Então, para nossa reflexão, será que algumas portas não estão se abrindo em nossa vida pela nossa postura diante delas, de nós mesmos, dos outros e até diante das circunstâncias?
Com certeza você já trabalhou, ou conviveu, com uma pessoa extremamente pessimista, ou não?
Daquelas que na reunião de trabalho, diante da proposta de um novo objetivo a ser alcançado, é a primeira que diz que não haverá como oferecer aquele resultado.
Ou que, quando algo sai fora do planejando, numa viagem de turismo, fica remoendo o acontecido, no lugar de procurar outras opções para ainda aproveitar o passeio.
O pensamento negativo é limitador da consciência. Ele derruba a energia emocional para enfrentar problemas ou encontrar outras soluções, ainda não pensadas.
O pensamento negativo, expresso nesta crônica como a setinha para baixo do cartão de acesso ao quarto, ou o não-joinha, fecha o campo de visão para destacar o que de ruim ocorreu, incapacitando uma abertura ao novo, ao que resta, ao que de bom ainda ocorre, apesar dos pesares.
Ter um bom capital psicológico positivo não nos torna alienados, nem tampouco bobos diante de situações difíceis pelas quais passamos.
Nem se cria um mundo cor de rosa artificiar para nele se habitar.
Nada disso. Os elementos deste Capital: esperança, otimismo, resiliência e autoeficacia são de onde vem a força e a coragem do bem viver.
Não se nega os problemas, doenças, aperreios, ao se fazer um joinha diante deles.
Mas, assume-se uma postura emancipatória de enfrentamento, vivendo a vida possível, e pela qual se vale a pena viver, mesmo apesar deles.
Destacando, valorizando e agradecendo o que de bom, belo e virtuoso ainda se tem.

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