Oribá



Gostei muito do significado da palavra Oribá. A vi numa placa no Jardim Botânico de Brasília, uma extensa área do Cerrado, muito bem cuidada. Em cada texto que escrevo procuro transmitir Oribá. Que não significa que eu não esteja pelejando ou sofrendo, significa uma escolha. Crio com meus olhos, nas coisas que observo e que me cativam o meu infinito particular. Escrevo como quem pinta um quadro, no qual registro cenas para não esquecer. Gostaria de ter um gravador que ao ditar as escrevinhações que habitam meu ser ele digitasse, editasse, fizesse o copydesk. Seria bacana. Não esqueceria de nada. Parei de tentar me lembrar. Já não sofro mais e como diz a canção, "hoje faço com meu braço o meu viver". Parei. Meu ser é repleto de lacunas, de pausas, de lapsos. Aprendi a gostar de mim assim mesmo. Cerco-me de pessoas de excelente memória que me contam o que vivi. Fico ouvindo-as como se fora a primeira vez. Elas, um tanto espantadas, acham que brinco. Outras, ajudam-me a lembrar pintando as cenas numa fotografia. As fotografias me fazem lembrar. Tiro muitas fotos. Comecei a escrever para não esquecer que escrevo. Para exercitar minha memória, cambaleante e anêmica. Agora, escrevo por puro tesão. Como um coito interior que após saciado inunda-me de prazer. Escrevo, pois não saberia mais ser diferente. Escrevo, para abraçar quem me lê e juntos caminharmos para a tela que pintei, ou a cena-foto que descrevi. Este sou eu, um espaço Oribá!

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