Jogos Dramáticos

Há dois jogos psicológicos que não levam para nenhum lugar no crescimento do ser.
O primeiro é o Jogo da Acusação.
O menino deixa cair um copo de refrigerante sobre a toalha da mesa e leva um puxão de orelha. A pai o acusa de ser desastrado. A namorada espera o namorado que se atrasa muito. Ela o acusa de ser sempre o atrasado.
Esse jogo se propaga por anos a fio. E em várias realidades. A "brincadeira" é acusar o outro. Nunca procura atenuantes para inocentá-to, como um bom advogado de defesa.
O outro jogo é o da Culpabilização. Aqui a diferença é que não é o outro que faz algo que nos desagrade. Estamos sempre certos. O errado é o outro. É algo que acontece conosco que atribuímos ao outro a responsabilidade por tudo que nos acontece de ruim. Batemos no carro. Foi o carro da frente que nos trancou. E, não nós, que não praticamos a direção defensiva. Tirei nota baixa na prova. Foi a prova que estava difícil, e, não nós que não estudamos. Não passei numa entrevista. Foi a banca que me perseguiu.
A brincadeira aqui é encontrar quem é o culpado pela nossa própria infelicidade, ou por fracassos em alguma situação da nossa vida.
Culpa-se a Instituição, o vizinho, o outro, a mulher, os filhos, o chefe, o colega, o parceiro, o Estado, a escola...

Ambos os jogos psicodramáticos nos enclausuram numa gaiola existencial que inibe nosso crescimento. Estaremos sempre dependentes de achar um culpado, ou de acusar alguém.

No primeiro, ficamos intransigentes e com baixo nível de aceitação dos deslizes do outro. Como se fôssemos perfeito.

No segundo, somos perfeitos. Nunca falhamos por nossas próprias limitações, mas por obra e graça do outro, para o qual atribuímos o dom de nos fazer menor.

Acuse menos. Procure evidências que inocente o outro. Antes de julgá-lo. E se fosse com você? Qual seria o limite da sua aceitação? De seu perdão. De sua tolerância. De sua aceitação dos limites do outro?

Culpe menos. Muita coisa acontece conosco que pode contribuir com nossos fracassos, ou com o não atingimento de metas. Pode. Mas, ao direcionar só para o outro, perde-se um momento riquíssimo de se fazer uma auto-avaliação e crescer com a experiência. E, sem pausas interiores, sem revisão de vida, não há metanoia.

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