Semear

Elas moravam num saquinho, na despensa, e há anos.
Doadas que foram tiveram a felicidade de se encontrarem com um coração gentil e amoroso, que com cuidado lançaram-lhes à terra. 
Ali, no quentinho de um berço do eterno, molhadas em vida diariamente, como quem dá banho em bebê, germinaram do antes apenas promessa de vir-a-ser.
Quanto mistério no milagre de uma vida que se ergue. 
Quantos seres se conectam para que isso aconteça?
Seres de mãos jardineiras.
Sem eles, nunca seremos o que poderemos ser, e nem nós sabemos ainda. Nunca!
Seremos sempre menores.
Mas, se tivermos a felicidade de cruzar com pessoas-jardineiras de gente, ah! quanta revolução em nós se fará.
Quanto potencial despertado. Quanta vocação assumida.
Quanto dom colocado à prova, frágeis no princípio, mas corajosos ao sentirem as mãos que lhes apoiam.
No principio, era apenas um saquinho de sementes de flores Chitinha.
Agora, são rebentos de flores debutando nas mãos do eterno.
Erga-se, sinta que tudo em ti clama vida.
Erga-se, não é hora de arquivar tuas sementes.
Erga-se, mesmo oprimido pela terra que te sufoca, acredite na força do amor que faz em ti morada, e te capacita à luta em busca de janelas de ar e sol que te façam crescer.

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