Têm mensagens que pingam em nosso viver que são como bálsamos, verdadeiras fontes de água viva. E que nos ensinam muito.
Esta foto retrata o momento exato em que uma delas adentrou meu coração.
Quem mandou foi o Luís Cabrelli. Ele é um dos 1.000 colegas que ao logo de cinco anos, migraram de carreiras das agências para a área de Tecnologia de Informação do BB, ao serem selecionados para o Programa de Ingresso na Diretoria de Tecnologia (PROGRID).
A turma dele se autointitulou os Persas, e ele naquela noite dividia comigo a sua alegria em completar cinco anos na carreira de TI: Persas, Ano V. E, como Luís bem falou, rumo ao X.
Nestes dias, muita coisa encheu meu coração, e não foram só as magníficas flores do Cerrado que aparecem quando começamos a cansar do ano que se peleja, pelos meses de agosto-setembro, como a nos dizer: coragem, falta pouco para o natal.
Pelas bandas do Planalto Central elas se fazem presentes: Cagaitas, Ipês, Cambuís, Jacarandás e Paineiras Rosas, que nos convidam a deitar em seu regaço, nos tapetes de painas brancas que formam, estão em festa.
E é sobre festa que o Luís me falava. Imagino aquele grupo de mais de cem colegas se articulando para se reencontrarem, e celebrarem suas jornadas - mais que profissionais, jornadas de vida e entre amigos, ao se associarem numa placa: A Turma dos Persas.
Flores lembram-nos do valor da celebração. Mesmo sendo flores colocadas perto de quem se foi, ainda assim, queremos com elas desejar vida plena aos que ficam, e novas e melhores dimensões aos que se vão.
Gosto muito das flores, de qualquer tipo, elas nos ensinam o valor da poesia, aquela mesma que areja a realidade, fecunda a esperança, e revigora o ânimo e a coragem de se teimar em continuar, mesmo quando muitos já de desistiram. As flores são a celebração da natureza.
Precisamos celebrar. Neste mês tive a satisfação de participar mais de festas de aniversários do que de enterros. Estou aberto a convites deste tipo: aniversários, batizados, formaturas, casamentos, chá de bebê, entrega de TCC, comissionamento, descobrir que está grávido, receber as chaves do imóvel, comprar o primeiro carro zero, aprender a andar de bicicleta, o que seja. Foi pra celebrar algo, manda o convite.
Sr. Valdeci celebrou seus 75 anos, unindo o clã aqui do DF. Uma das melhores celebrações à vida que participei. Daquelas que não se contratou empresa pra organizar, nem precisava de pratos, copos e talheres estilosos, nem com buffets cheios de guloseimas espalhados aos 4 cantos. Era festa do abraço, da alegria genuína, de pessoas que iam vê-lo apenas para dizer: feliz aniversário meu amigo.
Mamãe fez 80 anos também por estes dias. Reunimos a parentada e fizemos uma festa bem legal para ela, com espaço para podermos conversar entre nós, sem música alta, sem distraidores pra entreter os presentes, sem nada que tirasse o foco, que era ela. Quem foi vê-la queria ficar perto dela, conversar, acarinhar, ouvi-la no seu discurso de agradecimento pela vida, ensaiado à exaustão aqui em casa.
Os Persas estabeleceram um rito de encontros anuais. Que bacana!
Todos os estudos sobre bem-estar emocional (florescimento/felicidade) e aqueles acerca da longevidade (enveslhescência), remetem à um mesmo achado científico: a importância da integração, sociabilização e senso de pertencimento que as pessoas nutrem ao participarem de encontros sociais com seus grupos de relacionamento.
Estudos como o The Men of the Harvard Grant Study (Harvard) que por mais de 75 anos acompanhou os ingressos naquela Universidade, ou o de Oklahoma, no Japão, sobre os centenários. Ou o de Roseto, nos EUA, sobre a ausência de mortes por alguns tipos de doença, chegam a mesma conclusão.
Quando periodicamente nos reunimos com amigos, seja para um dominó, um carteado, uma aventura em grupo, um evento religioso, esportivo, ou cultural, ou um passeio e até numa festa, estamos desenvolvendo os quatro hormônios da longevidade: endorfinas, serotoninas, dopaminas e oxitocinas.
Todo evento que junta pessoas que se gostam, que entre elas possuem algum tipo de afiliação, ou reconhecimento mútuo de valores compartilhados, é preventivo e até curativo de certas patologias da alma, originárias por palavras sozinhas, e em má digestão, loucas para serem expelidas para alguém, mas que não encontram quem as escutem, acolham, e as coloquem noutras perspectivas vivenciais.
Então, trate de organizar encontros entre seus amigos, aprender a celebrar o nada. Não falte mais a batizados, formaturas, eventos que celebrem algo importante para alguém de seu grupo social.
E Luís, junto com os demais Persas, comecem já organizar o VI Encontro, festa boa começa na véspera. E é de boas vésperas de que se faz uma vida plena!
E, caso tenha uma pessoa para deixá-lo(a) todas as noites com um: "Boa noite, dorme com Deus"; ou acordá-lo com um: "Bom dia, lindo dia". E que, ao lado dela(e), tu repete a mesma história, e ela(e) te ouve como se fosse a primeira vez, saiba que ela(e) te cura todos os dias. É como se ela(e) reinicializasse teu sistema, te tornando mais novo, animado e corajoso, sempre que sai de dentro do abraço dela(e). Então, valorize esta pessoa como se fosse um sacrário vivo.
Quem tem uma pessoa para esperar, uma pessoa para cuidar, uma pessoa para admirar, uma pessoa para com ela olhar o mesmo horizonte, tem uma brisa aracati ao seu lado, que o deixa melhor a cada pousar de seu olhar sobre nosso coração.
E, não é todo mundo que tem o dom de nos tornar melhores, só ao olhar para nós. Então, não deixe que este tesouro seja vítima do estresse, descuido, rotina e indiferença, tão comuns ao "amor em tempos líquidos" (Zygmunt Bauman).
Celebre agora mesmo, com um bom copo de água e um brinde, ao ler este texto, a presença desta pessoa em teu viver.
E, deguste também a presença em teu viver de todos os amigos e grupos, e de qualquer vocação positiva e ética, que ainda te convidam para com eles se congregar, para além dos inevitáveis e solidários enterros.
Costumamos fixar nossa atenção para coisas quando as perdemos, veja o Museu Nacional no RJ.
Então, não deixe que pegue fogo e se vá em cinzas, as coisas tão legais que moldaram tua história, entre elas as pessoas que te constituíram ser quem és.
Não se perca de seus grupos sociais. Persas, não se percam uns dos outros. E aprendam a cultivar novos grupos, em outras instituições de que fazem parte.
Não se chega a felicidade sozinho.
A felicidade é um efeito colateral da construção coletiva, e saudável, de toda cadeia de relacionamentos que ao longo da vida vamos estabelecendo e construindo.
Todos que saíram da festa de Sr. Valdecir, da de mamãe e da do Luís, saíram melhores.
Mas, não precisa ser aniversários, ou festas mais de logística mais trabalhada, como encontro de turmas.
Participe da vida comunitária. Proponha momentos para juntar pessoas e até ajudar pessoas.
Pode ser a quermesse da igreja, a festa de São João de seu prédio. Um encontro com pais dos amigos de seu filho. Um mutirão para uma causa social. Um torneio de frescobol. Uma caminhada em noite de lua. Uma seresta entre amigos.
Não importa. Teve gente de luz reunida, com propósitos edificantes, ali há muitas fontes de geração do quarteto do bem-estar emocional positivo: dopamina, oxitocina, endorfina e serotoninas.
E, valerão algumas idas ao terapeuta, ou podem atuar preventivamente ao processo de decisão pelo final da vida, por aquela pessoa ter encontrado quem a ouvisse, em seu momento de profunda comoção e confusão rácio-emocional.
Muito obrigado Ricardim, isso realmente faz a vida melhor. #persas
ResponderExcluirObrigado pelo texto Ricardim, concordo que realmente temos que celebrar, forte abraço #persa!!!
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