Um dos indicativos de que as
coisas não vão bem com o organismo é a febre. Quem já criou crianças sabe do
aperreio de uma febre alta. E tome banho frio, tome remédio, tome preocupação
que cavalga noite adentro. O termômetro indica como as coisas estão se passando
dentro do organismo. Já se passaram uns
bons 400 anos da invenção do termômetro, feita por Galileo Galilei (1592), e a
descoberta de seu uso médico, feita pelo fisiologista Sanctorius de Pádua, em 1612.
Quantas vidas se salvaram graças a este aparelhinho
tão simples?
Seria muito bom se algo do tipo
fosse descoberto para medir o grau de nossas emoções.
Já imaginaram se houvesse um termômetro
que nos alertasse sobre a nossa temperatura emocional interna?
Os marcadores deste termômetro poderiam
ser estes: Desanimado -> Desmotivado -> Apático -> Ressentido -> Desiludido
-> Desamparado -> Prostrado -> Culpado -> Frustrado -> Chateado
-> Triste -> Irado -> Decepcionado
-> Ácido -> Descrente -> Ranzinza -> Crítico -> Pessimista
Para cada um dos humores acima,
haveria um nível aceitável e um nível doentio, que recomendaria uma intervenção
imediata, para controlar o processo de infecção da alma.
Aí, poderíamos parar o que estávamos
fazendo, e entrando em contato conosco mesmos, escanear nossas emoções, pensamentos
e acontecimentos que provocaram este elevar da temperatura emocional. Uma vez identificada a fonte de nossa febre
emocional, poderíamos sobre ela atuar. Em processos de autoconhecimento,
autoconsciência e autonomia do ser.
Em muitas das situações, o que
elevou esta temperatura foi o foco perceptivo seletivo negativo do que nos
ocorreu. Expressos em narrativas cheias
de coisas ruins, filtradas de forma doentia da realidade.
Imagine a seguinte cena:
Quando começou a narrar a semana o
Sr. Amaro (60), visivelmente chateado, disse que a tinha perdido, pois ficara
de “molho” em casa. Contou que houvera comido algo que lhe fez mal, e foi parar
numa emergência de hospital que atendia seu plano de saúde. Após triagem, colocaram-no numa enfermaria,
para tomar soro e fazer exames. Umas
longas três horas depois, o médico plantonista deu-lhe alta, dizendo que a
infecção intestinal ainda estava no início, e que ele poderia se tratar em
casa, tomando antibiótico por 7 dias, e “nada de álcool e comidas gordurosas”
durante o tratamento, recomendou-lhe o doutor. Amaro falou que ficou triste,
pois perdeu de aproveitar a festa do batizado da sobrinha, regada a muita
bebida e churrasco.
Se colocássemos o termômetro em
Amaro o que revelaria? Quais emoções negativas estão com os valores alterados,
e para cima, causando-lhe infelicidade?
Imagine agora que o Amaro
aprendeu a identificar a subida da temperatura emocional e passou a intervir nela,
alterando a polaridade das cenas que são captadas na realidade – do negativo
para o positivo. Ele vai contar a
semana, abaixo, com a polaridade positiva:
Quando começou a narrar a semana o
Sr. Amaro (60), visivelmente em paz, disse que a tinha ganhado, pois ficara de “boa”
em casa, convivendo mais intensamente com a família. Contou que houvera comido algo
que lhe fez mal, e foi parar numa emergência de hospital que felizmente atendia
seu plano de saúde. Seu atendimento foi
perfeito, o reidrataram, pediram exames, e todo mundo estava querendo que ele
logo melhorasse. E que pouco tempo
depois, umas 3 horas, o médico deu-lhe alta. Já que graças a Deus a infecção intestinal
não evoluiu, podendo ser debelada em casa mesmo. E que havia uma boa opção de
antibiótico pra o tipo de bichinho que apareceu na cultura. Ele seria o motorista da vez, na festa do
batizado da sobrinha, liberando a esposa para tomar uns champagne, coisa que ele
nunca fazia, pois ela era quem voltava dirigindo. E que assumiria a churrasqueira,
para colocar legumes e frutas para grelhar, já que não podia comer nada
gorduroso, enquanto se recuperava do piriri.
Percebem a temperatura do segundo
Amaro?
A situação e realidade são as
mesmas. O que mudou?
A narrativa, a leitura que ele
vai fazendo, minuto a minuto, sobre tudo que lhe ocorre. Mudou a polaridade da
alma, de negativa, para positiva. Vejamos:
Na segunda narrativa, Amaro
extrai e colore o seu existir com aspectos positivos. Ele vai preenchendo o que
poderia ser negativo, com fortes doses de gratidão, bondade, compaixão e
acolhimento.
Tem que ficar em casa de repouso?
Então ele se propôs a melhorar a intimidade no lar.
Não pode comer carnes gordurosas?
Então ele vai grelhar frutas e legumes.
Não pode tomar álcool? Então, ele
será o motorista da vez, liberando a esposa para os brindes.
Adoeceu? Mas pelo menos tem plano de saúde, foi
prontamente atendido, não ficou internado, e existe medicação para debelar a
infecção, ele pode comprá-la.
É preciso fazer este escaneamento
de nossos pensamentos e emoções toda as horas.
Para identificar quando estamos
ficando com febre emocional. Quanto de nossa leitura da realidade está sendo
contaminada apenas pela polaridade negativa.
Com narrativas da mesma repletas
de ódio, desejo de vingança, medo, desconfiança, pessimismo e rabugice.
É preciso aprender a nos
conhecer, a nos ler por inteiro, identificando o que nos ocorre, quais vulcões
estão querendo entrar em ebulição, quais áreas estão em polvorosa, para sobre
elas atuar - mudando a ênfase e a valorização que lhes estamos dando.
Ser mais feliz passa, necessariamente,
pela reescrita de nossas narrativas, particularmente sobre aquilo que saiu fora
do planejado, controle ou nos causou algum tipo de aborrecimento.
Assim como dar um banho frio é
uma dica que contribui em baixar a febre, eu tenho umas que melhoram a
temperatura emocional positiva. Use-as sem moderação.
1. Cultive a gratidão sobre tudo que lhe ocorre.
2. Seja menos perfeccionista e exigente consigo mesmo.
3. Aprenda que o maior perdão que a vida lhe pede, talvez seja para consigo mesmo.
4. Seja mais empático às necessidades dos outros.
5. Seja mais generoso e menos individualista.
6. Pare de achar que o mundo gira em torno de você.
7. Tenha menos expectativa sobre os outros.
8. Mude a si mesmo, diante de uma situação ruim e imutável.
9. Acolha algumas situações e vire a página. No mínimo, desenvolverão aprendizados.
10. Para cada ruminação de coisas chatas pelas quais passa, traga à mente coisas boas, legais e virtuosas que ainda lhes resta. Muitas delas, esquecidas, desvalorizadas, e à margem de teu viver.
2. Seja menos perfeccionista e exigente consigo mesmo.
3. Aprenda que o maior perdão que a vida lhe pede, talvez seja para consigo mesmo.
4. Seja mais empático às necessidades dos outros.
5. Seja mais generoso e menos individualista.
6. Pare de achar que o mundo gira em torno de você.
7. Tenha menos expectativa sobre os outros.
8. Mude a si mesmo, diante de uma situação ruim e imutável.
9. Acolha algumas situações e vire a página. No mínimo, desenvolverão aprendizados.
10. Para cada ruminação de coisas chatas pelas quais passa, traga à mente coisas boas, legais e virtuosas que ainda lhes resta. Muitas delas, esquecidas, desvalorizadas, e à margem de teu viver.
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