Sem Neymar e Thiago Silva, e agora?


Ontem o pequeno JG foi dormir triste. Na sua tenra idade, não entendia o porquê de Neymar, seu ídolo, não jogar mais essa Copa.
Achava que ele iria amanhecer bem, que só estava "dodói".
Que a mamãe dele iria cuidar dele.
Bela inocência.

Hoje pela manhã, vendo comigo aos jornais matutinos, descobriu que a Seleção Brasileira de Futebol jogará também sem seu melhor jogador da defesa, o Thiago Silva. Aí ele me perguntou:

"Pai, e agora como fica? Sem Neymar e sem o Thiago... "

Falei que ficará melhor ainda. Que as boas equipes de trabalho quando passam por problemas, ficam mais fortes ainda, e que seus integrantes juntam forças para superarem as dificuldades. Equipes de alto desempenho não possuem reservas.

Ele não entendeu. Só se acalmou, vendo minha calma.

No meu dia a dia como gestor, aprendi que ninguém é insubstituível. Pode fazer falta, mas o grupo se auto-organizará para aprender a viver sem o talento. Desde que o espaço laboral seja fecundo em formar novas lideranças, outros "Neymares e Thiagos" aparecerão para continuar a missão.

No time que gerencio tenho meu Neymar e meu Thiago Silva.
Atacante de excepcional qualidade, cuja meta dada, será meta cumprida. Tenho defensor exímio, para o qual, por maior que seja a pressão mais forte e consistente é sua reação à ela, não esmorece jamais, fica mais forte ainda com o estresse do trabalho.
Muitas das vezes já aconteceu de meu Neymar e meu Thiago Silva estarem fora do jogo, e ao mesmo tempo. Seja por férias, por cursos, transferências, ou por ausências não previstas.
O que faço?
Junto o time e conversamos sobre como poderemos suprir a ausência dos talentos.
O que acontece em seguida é mágico. O time fica muito mais forte, cada um cobre a área descoberta do outro. Se desdobra em comprometimento, inovação e produtividade.
Ao final do dia, circula uma energia mística no grupo, uma energia que só sobreviventes de grandes batalhas sentem. O grupo vibra e celebra terem se superado e oferecido os mesmos resultados, mesmo com a ausência de importantes "jogadores".
Se você que me lê é um gestor, e têm seus Neymares e Thiago Silvas na equipe, cuidado com a tentação de não formar outros. A tentação de não cuidar da sucessão, da formação de outros talentos e lideranças é grande. Um pecado mortal nas organizações de trabalho.
Nenhuma equipe de sucesso pode se basear apenas nos seus maiores potenciais, do ataque e da defesa.
Vejo gestores prendendo seus "Neymares e Thiagos" nas equipes, impedindo-os de fazerem cursos, serem transferidos, e, em alguns casos, até dificultando a liberação de suas licenças, folgas e férias.
Estão perdidos. Equipes que dependam de um profissional apenas, que não compartilham conhecimentos, que não formam outras pessoas em processos críticos e complexos, mais cedo ou mais tarde vai fracassar.
Em equipes de sucesso não há reservas no banco. Há talentos que podem dali sair, e atuarem em campo, a qualquer momento quando as condições, características e contexto do jogo exigirem.
Invista tempo e forme sua equipe de trabalho. Lembre-se de periodicamente botar alguém pra fazer dupla com seu Neymar ou Thiago.
Se ele tiver forte dose de comprometimento e atitude, e um pouco de conhecimento e habilidade, ele se desenvolverá e acabará aprendendo o estilo e processo de trabalho de seus craques.
E, caso seu Neymar ou Thiago não seja do tipo que compartilhe conhecimentos, que ensine, você estará com um problemão gerencial pra resolver.
Que seja então você que comece logo a treinar alguém para substituí-los.
Deixar processos, críticos e estratégicos de trabalho, sob condução de apenas uma "estrela" profissional é assinar uma Nota Promissória com o risco.
Grupos de trabalho excessivamente dependentes de um craque profissional são grupos de baixa performance.
Pense nisso. Embora sofra, sou um gestor feliz, pois tenho quem colocar no lugar de meu Neymar ou Thiago quando estão fora da partida.
Olhei novamente para o JG, e disse-lhe.
Tenha calma filho, temos outros Neymares e Thiagos na seleção.

Ele não entendeu nada, mas confiou!

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