Presépio do JG, meu IV filho (8 anos) |
Pelas 17hrs, tomo um belo banho, faço a barba e coloco o desodorante. Para que ele fique bem sequinho, dirijo-me até a sacada para arejar as axilas.
Então, escuto um choro de dor, pelo tom de voz era de uma criança, aprumo os ouvidos e vejo que vem de um barraco de fundo de lote.
É um lugar que funciona como se fosse uma "associação" de vigias, jardineiros e zeladores das mansões do Lago Sul, aqui em Brasília. Um trecho do final da quadra interna (QI) 9, Conjunto 1, no qual fica a casa onde aluguei um pedacinho de metro quadrado para alocar minha empresa, a Ânimo Desenvolvimento Humano, em Site da Ânimo.
Miro por entre as árvores e vejo, sentado no chão, um menininho de uns 12 anos, que chora segurando um dos pés, com uma das mãos, e com a outra uma bola.
Imagino que neste dia 24.12 ele ganhou de presente aquela bola de seu pai, que deve ser um dos zeladores das casas do pedaço.
Contudo, ele continua chorando - e alto, e ninguém sai de nenhuma das casas que margeiam o barraco para acudi-lo. Todos devem estar muito ocupados com os preparativos da ceia, para ouvirem uma criança chorando e pedindo socorro, na porta de suas casas, inclusive seu pai.
Decido ir ajudar o menininho, indo até ele sem camisa social mesmo.
Na saída, lembro que colhi uma lichias para minha filha, mas que talvez fizessem melhor ao menininho, pois minha filha já comeu muitas delas.
Chego até ele, e ele olha-me aliviado.
Pergunto-lhe onde dói.
Ele me conta que chutou a pedra, no lugar da bola, e o dedão entortou.
Ofereço-lhe as lichias, pitombas de gente bacana, e ele gosta do sabor delas. Acho que nunca tinha comido.
E vai parando de chorar.
Mexo no dedão, com calma, e digo-lhe que não quebrou.
Ele sorri aliviado, com uma lichia na boca.
Oriento-lhe que deve botar o dedão dentro de um copo com gelo. Garanto-lhe que logo ele estará melhor para continuar jogando bola, pelo menos até o ano novo. rsrs
Ele entende a brincadeira e sorri. Um sorriso de anjo, como só as crianças sabem fazer.
A bola que ele ganhou é bonita, daquelas todas transadas, de times estilosos.
Deixo-lhe com as lichias, que estão dentro de uma bolsa na qual as acondicionei.
Mas, ele insiste em querer devolver a bolsa, ameaçando jogar as frutinhas na calçada. Digo-lhe que a bolsa é pra ele, e que já tenho muitas.
Ele aceita, sorri mais uma vez, e nos despedimos.
Creio que o Natal é isto mesmo. É alguém que se entregou por nós, e a si mesmo, como uma Lichia saborosa, ao ser degustada.
Ele desceu à varanda para nos socorrer. Ele nos ouviu, no lugar em que ninguém nos via, ou nos reconhecia como únicos, ou amparava nossa dor, de nós cuidando.
Ao assim fazer, nos ensinou o caminho do amor, da paz, misericórdia e do perdão.
E, com aquele gesto, tomou sobre si nossas dores, e enxugou nossas lágrimas.
Ele nos escutou chorando, cansados, aflitos, e veio ao nosso encontro. E nos amou primeiro.
Ele é Jesus, aquele que nos ensinou um novo mandamento: "amai ao próximo, como a si mesmo".
Esta é a essência do natal. O resto são mensagens bonitas, mesmo que muitas vezes carentes de práticas afins, farofas de passas, presentes, ausentes, rabanadas, Chester, e luzinhas!
Portanto, se você estiver se sentindo sozinho, choroso, saudoso, cansando e aflito e achando que ninguém virá em teu socorro, neste Natal, mire para o alto e veja Ele vindo ao teu encontro, trazendo conforto e lichias para te animar e consolar.
Ele socorreu o menininho através do seu gesto! Você é um bom exemplo para todos nós! Parabéns!
ResponderExcluirQue sabor esse menininho deve ter experimentado... Que bom termos a atenção de alguém quando necessitamos... Assim é Jesus, quando ninguém nos olha e nos escuta, Ele está pronto para nós... Feliz é aquele que pode compreender a simplicidade das coisas boas da vida...
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