Aposentado sim! Inativo nunca! (Autor Ricardo de Faria Barros)


Você que me dá a honra de parar o que está fazendo para me ler poderia responder a uma pergunta?
Quais seus objetivos para realizar dos 70 aos 100 anos de idade? Podem ser pessoais, familiares, profissionais, culturais, acadêmicos, esportivos, sociais e até espirituais. O que seja. Se eu te fizesse esta pergunta há vinte anos atrás você diria que a pergunta era absurda.
Mas, eu aposto que você conhece alguém que já fez oitenta anos.
Estamos vivendo uma revolução dos modos de ser, fazer e acontecer da velhice. E é um fenômeno mundial. Só a título de exemplificação a PREVI, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, já tem em seus quadros 67 aposentados com mais de 100 anos. (jan. 2019). Tendo inclusive de atualizar suas tabelas atuariais prevendo este aumento da longevidade de sua base.
Este movimento de reinvenção do ser idoso tem sido chamado de Os Novos Velhos. E, da mesma forma que eles puxaram, do alto de seus 20 e pouco anos as revoluções culturais e civis, das décadas de 60-70, agora eles puxam a revolução da negação da inatividade.
Uauuu!!!
Passaram a estudar novamente, praticar esportes e hobbies, passear e produzir. E estão dando um show de longevidade ativa.
Lógico, que nem todos acompanham no mesmo ritmo, é mudança cultural, e ainda têm os que se consideram "aposentados", que desistiram de continuar assombrados e encantados com o viver.
Na mitologia grega tem um conto muito legal, sobre a esfinge de Tebas que costumo usar para ilustras esta revolução. A esfinge era um monstro alado com corpo de mulher e leão que afligia a cidade de Tebas. Ela ficava no portão de entrada da cidade. E apresentava aos viajantes o seguinte enigma: “Que animal anda pela manhã sobre quatro patas, a tarde sobre duas e a noite sobre três?”
Até Édipo, nenhum andarilho conseguiu escapar sobreviver à Esfinge, respondendo corretamente o enigma, e eram por ela estrangulados, daí o nome Esfinge. Édipo, contudo, acertou e foi poupado.
Ele respondeu assim:
É o Homem — que engatinha como bebê (manhã) , anda sobre dois pés na idade adulta (na tarde), e usa uma bengala quando é ancião (noite).
Nos tempos atuais, esta resposta está no mínimo incompleta. A bengala não pode mais ser caracterizada como a fase da velhice. Embora, seja muito útil em muitos casos. O que está ocorrendo é que esta bengala está se transformando num cajado. E, quem porta um cajado, conduz a si mesmo, e aos outros, em busca de um novo amanhã, de novos sonhos, objetivos e realizações a conquistar.
"Os Novos Velhos" estão saindo de uma posição de incapacidade, vítima, de finitude, e de adiamento de projetos de vida, erguendo suas bengalas, tal qual cajados, e partindo em busca de realizar algo, alcançar algo, sonhar com algo. Igual a quem porta um cajado e segue jornada adiante.
Portadores de cajados têm esperança, otimismo, vitalidade, ânimo e não se cansam em voltar a se encantarem com a vida, ao se assombrarem a cada amanhecer. Quem ergue um cajado tem um propósito, tem uma meta, um alvo e uma missão a perseguir. Não deixou-se adormecer.
As pessoas que ingressam hoje nos sessenta anos enguem suas bengalas ao alto. Fazem com elas cajados. 
Acreditam que não é tempo de se considerarem “inativas”, nem tampouco de retornarem aos aposentos para viver a vida “esperando a morte chegar”. Em todo mundo uma energia grisalha está impulsionando novos hábitos, comportamentos e práticas sociais da velhice. E redescobrem a juventude: de emoções, pensamentos e atitudes positivas diante da vida.
Junte-se a nós. Não é hora de se achar encostado. Há conhecimentos ainda a aprender. Pessoas a encontrar. Lugares pra visitar. Coisas pra fazer. Situações a experenciar. Realizações a oferecer. Propósitos pelos quais lutar. Nada de achar que está descendo a ladeira da vida. É o contrário, agora sobe-se ao cume, local onde só os grandes de alma chegarão. E que, lá de cima, tudo faz mais sentido.
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