Inspiração (Autor Ricardo de Faria Barros)

Uma coisa comum nos tempos atuais são os youtubers.
Youtubers são geradores de conteúdo em mídia digital. Pessoas que possuem canais no Youtube e neles compartilham um monte de coisas.
Tem para todos os gostos.
Eu sigo três deles que me são muito inspiradores. São verdadeiros diamantes.
O objetivo deste texto é mostrar o quanto pessoas podem ser inspiradoras, só com seu jeito de viverem.
E, convenhamos, os tempos andam bicudos de pessoas que nos inspiram ao melhor de nós mesmos, não é verdade?
Eles são Marcelino Colantino, natural de Bom Conselho-PE, o Alexandre Lins, natural de Itamaracá-PE, e a Veridiana Heninguer, natural de Mafra-SC.

Mas, o que eles têm em comum?

Um altíssimo nível de capital psicológico positivo. E, toda vez que eu encontro alguém assim eu louvo a Deus.

Descobri que tenho vocação de colecionar pessoas inspiradoras. Admirá-las em seus belos vôos existenciais. Contemplar suas jornadas, e como reagem nas situações cotidianas, em vidas não editadas. Até hoje eu fazia isto de forma presencial. Mas, o estilo dos vídeos postados pela minha trinca de ouro permitiu eu acompanha-los em seu dia a dia. E, a cada vídeo deles, feito com tanta simplicidade e autenticidade, sem roteiro, armação, ou texto ensaiado e teatralizado, eu ia me inspirando mais e mais.
Você deve conhecer algumas destas pessoas também, não é? Pessoas autênticas e que tem o dom de saber degustar a vida por inteiro.
Sabe aquela pessoa que está sempre de bem com a vida, seja dia cinzento, seja manhã radiante? É uma pessoa inspiradora.
Sabe aquela outra que quando tudo está dando errado é a primeira que chama todo mundo para correr atrás do prejuízo e transformar alguns limões que restaram, numa deliciosa limonada? É uma pessoa inspiradora.
Sabe aquela que perto dela a paz reina. Que nos dias em que se sente mais agitado, ao cruzar o caminho com ela, você volta para casa que nem um monge budista? É uma pessoa inspiradora.
Sabe aquela pessoa que pega uns três ônibus para o trabalho, que ainda deixa filhos na escola, que faz uns bicos para complementar a renda, e que no trabalho é só motivação e qualidade em tudo que faz, e que ainda estuda à noite para subir na vida? É uma pessoa inspiradora.

Observar e se inspirar em pessoas inspiradoras nos faz crescer. Aprendemos muito com elas. Mas, exige de nós uma atitude apreciativa positiva para com o outro. Uma atitude de atenção e admiração do jeito dele ser. Exige que deixemos de lado a inveja, a cobiça, e a atitude de secar a felicidade alheia. Ou não vibrar com as conquistas e jeito exitoso do outro ser.
Exige humildade de querer aprender com ele, só observando-lhe nas situações rotineiras. E, digo-lhe uma coisa do fundo de meu coração. Meus melhores aprendizados na vida não foram nos livros. Foram com estas pessoas.
Quais são minhas novas pessoas inspiradoras? O que elas têm de especial?

Eles se chamam Marcelino Colatino, Veridiana Heninguer Alexandre. No final deste texto colocarei os links de seus canais no youtube. Em todos há uma forte incidência de pelo dois dos componentes do capital psicológico positivo: otimismo, esperança, auto-eficácia e resiliência.
Em comum entre eles, o fato de terem atitudes incomuns, que os diferenciam.

Que tal conhecê-las pelo meu olhar? E com elas se inspirar? Depois de ver mais de cem vídeos dos três, creio que já posso fazer uma descrição melhor do que aprendi com eles, e passar para vocês.

CANAL MARCELINO COLATINO - Auto Eficácia e Resiliência

Marcelino, o agricultor e piscicultor, tem como ponte forte dois elementos do capital psicológico, a auto-eficácia e a resiliência.
Auto-eficácia é aquela crença, ou disposição de ânimo, que nos faz acreditar que somos capazes de com nossas próprias capacidades fazer algo, cumprir uma meta, correr atrás de um objetivo. Esta virtude, a auto-eficácia, nos motiva e mobiliza a ser inovadores, criativos, curiosos e eternos aprendizes da vida e do viver.
A lida do Marcelino é assim. Ele está sempre aprendendo e ensinando algo. Na sua roça é quase um Professor Pardal. De dois carreteis plásticos, daqueles de enrolar fios de energia ou telefone, ele constrói uma moenda de caldo decana. De um resto de máquina de lavar, ele faz as pás de um cata-vento de puxar água para oxigenar os tanques de tilápia. Sim, o cata-vento também foi ele quem fez.
Além de fabricar tudo, o Marcelino é pura paz. Vê-lo é como entrar escola da vida, na disciplina paz e mansidão.
E, não é uma paz passiva, é uma paz que passa segurança em acreditar que as coisas podem mudar, que se pode fazer algo de uma forma melhor.
Marcelino também tem a resiliência como marca pessoal. Ele não desiste. Testa uma vez um invento, testa duas, testa três. Matuta, pensa, observa, conversa com um, com outro, e pimba, acha a solução do invento. Correndo por fora, e nos inspirando muito, tem a relação dele com a Jeane, sua esposa já com 24 anos de casado. A Jeane é inspiradora também. Ela dá uma verdadeira aula de como ser companheira. E acompanha o Marcelino em tudo. Aliás, este casal tem a receita da felicidade a dois: admiração, apoio, interesse e cuidado um para com o outro.
Marcelino não reclama da vida. Ele procura razões para ser feliz, em cada lugar de sua chácara e família e amigos. Se o peixe não está de bom tamanho, por falta de oxigenação, ele fala: “vou fabricar um novo oxigenador, na próxima vez eles crescerão mais”.
Se a safra não foi como esperava, ele fala: “Da próxima vez vou cuidar melhor”. Sua marca é a crença que o amanhã será melhor. Ele não é de desanimar. Se algo quebra, ele pensa uma forma de consertar. Mesmo que não existam as peças. Ele as fabrica. Marcolino, de seu jeito, quando não tem caminho, ele o cria. E de seu jeito.
Quando vejo os vídeos do Marcelino sinto uma paz tremenda. Sua voz é meiga, calma, quase um cantar. E, saio mais forte para também acreditar que com meus próprios recursos posso entregar resultados, é só não desanimar, ousar, inovar e influenciar na rodada do carrossel do destino da vida. Marcelino encontrou um jeito de fazer a diferença ao existir: a mansidão.  Veja um dos vídeos do canal aqui:
Marcelino, em suas invenções.  

CANAL PAKITA BR15 (Veridiana Heninguer) - Otimismo e Resiliência

Veridiana é caminhoneira. Ela faz longos percursos, levando mercadorias do Sul para o Norte e Nordeste. Ela tem como tem como ponte forte dois elementos do capital psicológico, o Otimismo e a Resiliência.
Mesmo depois de enfrentar 3.000 KM de estrada, dirigindo uma pesado caminhão de Norte a Sul do Brasil, a Veridiana, conhecida no seu canal como a Pakita, não perde o otimismo. E, na Pakita o otimismo tem nome e sobrenome: Sorriso Grátis. Ela está sempre sorrindo e desejando a todos a proteção de Deus.
Não tem tempo ruim, buraco, trânsito, ou demoras nos postos fiscais que a tirem do sorriso.
O ponto alto de seu otimismo é quando no posto onde para tem chuveiro. Engraçado que as pessoas inspiradoras conseguem extrair de coisas simples, do cotidiano, verdadeiros oásis de felicidade. A Pakita é assim. Ela extrai bênçãos e alegria do simples fato de ter um lugar para tomar banho. E fica radiante. Mas, quando não tem, ela não entristece. Ela pensa assim: “no próximo posto credenciado tomarei banho”.
Mesmo que ele esteja a 400 KM de distância.
Aqui, revela-se outra característica nela que é oriunda do capital psicológico positivo, que é a da resiliência. Esta capacidade de não desanimar diante das dificuldades que aparecem no trabalho, e mesmo com elas, ou apesar delas, continuar entregando resultados.
A Veridiana está sempre procurando razões para ser feliz. E sorri abundantemente com elas. Seja nos dias que passa com sua filha, que faz medicina em Buenos Aires, e que só a vê anualmente. Seja ter conseguido achar uma borracharia que trabalhe com os enormes pneus de seu caminhão Scania. Seja indo com amigos caminhoneiros almoçar numa das cidades em que descarregam. Não importa, tudo é motivo de otimismo, traduzido em fartas doses de sorriso sincero. Vê-la fazendo o checklist antes de partir, batendo os pneus, checando as conexões, e parte elétrica é rejuvenescedor para quem trabalha. Pois destes simples gestos exalam o sentido do trabalho e o amor pelo que se faz. Se nos vídeos do Em Marcelino corre o DNA da paz. Em Pakita é a felicidade. De ser quem é, de fazer o que faz, sendo o melhor para o mundo, e não do mundo. Pakita encontrou um jeito de fazer a diferença ao existir: o de sorrir.
E olha que ela é trabalhadora de uma das profissões mais estressantes do mundo, além de perigosa e sujeita a desgastes físicos e longas ausências de casa, e dos seus.
Mas, ela não reclama em nada. Pelo contrário, faz da lida no caminhão um espaço de diversão. Sorri até com ela mesma. Ela acorda e decide, com o seu bom dia, que será um bom dia.
E tudo se transforma em bom, belo e virtuoso, com a força do pensamento e emoções positivas dela.
Veja um dos vídeos do canal aqui:
Veridiana, no caminhão.

CANAL MAMUTE ALEXANDRE LINS – O PESCADOR CANTOR (Esperança e Resiliência)

Alexandre, o pescador-cantor, tem como apelido Mamute. E possui como ponte forte dois elementos do capital psicológico, a esperança e a resiliência.
Acordando todos os dias nas madrugadas, mas madrugadas mesmo, ele e seu inseparável parceiro de pescaria, o Juruba, partem numa jangada bem simples, a Nayhara, para a imensidão do mar sem fim.
Durante horas, impulsionados por um pequeno motor de popa, e uma modesta hélice, eles adentram até alto-mar, para resgatar seus covos.
Covos são uma espécie de caixotes cujo interior tem uma armadilha para peixes. Alexandre é quem fabrica os deles.
Para o Mamute não tem dia ruim. Não tem dia de chuva, de ventania, de sol inclemente, ou até de falta de peixes nos covos.
Para ele, tudo é gratidão em existir.
Mamute exala esperança. Ele nãos e cansa de dizer que pescador vive de esperança. E, naqueles dias em que não pesca nada, solta um refrão impagável: “também não coloquei nenhum...”
Ou seja, tudo é de graça, dado por Deus. É assim que ele pensa.
Sempre que um covo vem vazio, ele acredita que no próximo vai melhorar, e dá para pagar a “lambaca”. Que seria as despesas e algum lucro no dia.
No próprio barco, já cansado e voltando, após mais de 5 horas mar adentro, ele cozinha seu almoço-jantar, num tosco fogão de lenha, improvisado numa lata de tinta, e numa caçarola.
Ali, ele faz o que chama de atoleiro. O atoleiro é uma caldeirada de peixe, depositada sobre uma massa grossa de pirão, feito com seu caldo.
Mamute tem esperança. Esperança de conseguir uma jangada maior e melhor equipada, que chamará de Mina Minha. Esperança de uma vida melhor, e a cada dia ele se alimenta disto.
Usa sempre uma expressão: “Chama na Calanga”. Que, segundo ele mesmo me ensinou, significa: “Fé. Nunca desistir, mesmo nas dificuldades. E, sempre seguir em frente com positividade.” São palavras do próprio Mamute. Para mim, esta frase dita por ele, é a pura expressão da esperança.
E, ele fez isto com sua própria vida. Ele disse para si mesmo: “Chama na Calanga, Mamute”, quando tragicamente perdeu um filho de 21 anos, que se sentiu mal mergulhando e veio a óbito.
Ver os Mamutes pescando é fazer uma amizade com a esperança. Outro dia, percebi também que além da esperança ele tem muita resiliência.
Não sem razão, a resiliência perpassa a história de vida das três pessoas inspiradoras que lhes apresento.
O barco dele quebrou, distando uns dez quilômetros da costa. Aí, ele pulou na água e passou a nadar, em direção à praia, numa cena de impressionante coragem e determinação de vencer aquela dificuldade. Nadou um bocado, até conseguir chegar mais próximo da costa, onde chegou o sinal de celular. O barquinho do Mamute não tem rádio comunicador. Aliás, mal tem um barco ali. rsrs
A pobre da Nayara é muito acanhada, como embarcação.
Mas, Mamute a ama. E a trata com muito respeito. Todos os dias ele carrega 90 quilos, para deixa-la mais bonita e formosa. É o motor e a haste com a hélice que ele tira e bota, todos os dias. E aí Nayara fica turbinada. Mas parecendo uma voadeira.
Outro dia ele ficou sem sua rabeca, a haste que liga o motor à hélice.
Ainda bem que ele ainda conseguiu chegar na costa, mesmo que a hélice sem conseguir muita transmissão com a rabeca, ele veio navegando de volta e chegou.
Na praia, avaliou as avarias e em nenhum momento ele passou desesperança de consertar seu barco.
Pensou que talvez devesse levar a um soldador, ou que conseguiria uma outra, a um preço dividido.
Quem tem esperança age assim. No lugar de ficar chorando o azar, a pessoa esperançosa vai atrás da sorte.
Acho lindo quando ele diz assim: “Mamute não chora, nem choraminga. Mamute é guerreiro...”
É ou não é uma declaração de que “isto também passa”. E o amanhã será melhor?
Mamute também tem esperança de ser um cantor reconhecido. Já gravou um CD, e embalado por suas canções, vamos vendo suas desventuras e aventuras no mar.
Ele tem esperança de estourar numa rádio. E, com as vendas dos CDs conseguir mais alguma melhora para sua família.
São assim os sonhos de vida do Mamute Alexandre Lins – O pescador cantor. Cheios de esperança, mas de uma esperança ativa. Daquelas das boas. Daquela de quem madruga pra fazê-la acontecer!
Gosto de ver também, e me inspira, a gratidão do Mamute com as coisas de Deus.
Com o sol que nasce, com o sol que “vai para o Japão”. Com os peixes que pesca, com os peixes que solta no mar. Com o Juruba. Com os seus expectadores. Nunca esqueci quando ele parou tudo que estava fazendo, e por mais de duas horas puxou uma rede à deriva em alto mar. A rede não lhe pertencia. Mas, ele sabia que ela estava fazendo falta a algum pescador. E que podia devolve-la. A luta dele, sozinho neste dia, para puxar tamanho peso, já cheia de sargaço, foi digna de uma crônica só para isto. E conseguiu. A pobre da Nayara ficou cheia com a rede, que na verdade eram duas.
Dias depois, o proprietário da rede apareceu na casa dele, e resgatou seu bem valioso.
E Mamute faz isso sem pedir nada em troca. Ele é bom por ser bom.
Ele é esperançoso em tudo que faz. Ele me ensina muito, todos os dias quando sai para o mar.
Ensina que a vida é a arte do encontro, embora existam tantos desencontros. Encontro do homem com o mar, com o trabalho, com a disposição de querer ser mais e oferecer algo de melhor a sua família.
Ensina a ter esperança.
E, se for o caso, quando tudo negar ser esperançoso, saber agir para que dias melhores apareçam, nem que seja carregando a esperança pelo dorso, como quem puxa uma jangada de volta pra casa.
Mamute é ou não é uma pessoa inspiradora?
Veja um dos vídeos do canal aqui:

São três brasileiros comuns, com atitudes incomuns. Atitudes de quem aprendeu com o mais importante da vida, o valor do trabalho, o valor de quem se é, o valor do outro, tudo isto embalado com otimismo, esperança e auto-eficácia, tendo a resiliência como disposição e ânimo diária.

São pessoas assim que a vida manda para nos ensinar algo e nos fazer crescer. 

Um comentário:

  1. Chama na Calanga Ricardo,obrigado por citar minha Pessoa em seu Texto.Gostei muito pela sua Homenagem.

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