Quando só nos resta orar

Não pude deixar de me comover com este jovem que ajoelhado ergue as mãos em prece, pedindo proteção para seu grupo. Ele não está se rendendo. O ângulo dos braços e a posição da cabeça revelam que ele está em prece. Ele não teme levar um tiro pelas costas, uma bala de borracha que fere e machuca, mais do que a carne, a dignidade. Ele está firme nos seus propósitos, mesmo diante de tanto conflito e violência. À sua maneira encontrou um jeito de fazer a diferença. Quanta coragem, discernimento e ousadia. Quando estamos sofrendo violências, quantas das vezes, voltar-nos para o bom Deus é caminho! E, para isso, é preciso afastar-nos da fonte do mal. Isto não significa ser covarde. É uma estratégia de enfrentamento, que pelo contrário, exige muito mais coragem do que reagir à agressão, com agressão. É uma não-violência-ativa que produz um efeito paralisante no agressor. Ele não espera este gesto. Imagino o quanto o policial ficou atônito com o jovem em prece, principalmente se também é um homem de fé. Guardarei com emoção esta cena. Sempre que diante de violências que poderão aparecer em meu caminho, seja uma fechada no trânsito, seja uma "trairagem" de colega, uma calúnia, uma ofensa, ou uma puxada de tapete qualquer... antes de reagir, lembrarei de pôr os joelhos no chão e erguer as mãos em prece, pedindo proteção e sabedoria para enfrentar a situação sem aumentar ainda mais a violência da situação. Abençoado jovem, hoje tu me encantou, que nada de mal possa ter lhe ocorrido! É preciso esperar contra toda desesperança e amar as pessoas como se não houvesse o amanhã, mesmo que dando-lhe as costas e em joelho rezando por elas.

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