Hoje saltei umas quatro fileiras do cinema, numa velocidade supersônica, para ajudar num resgate.
O filme corria de excelente grado, letreiros finais, música de encerramento e todos emocionados sem uma palavra sequer no cinema.
Eis que, naquele silêncio majestoso, irrompe um grito de mãe:
"SOCORRO, MEU FILHO NÃO CONSEGUE RESPIRAR!"
Não pensei "dias" vezes, sai pulando as fileiras, outros mais de perto acorreram e batiam nas costas do menino, de uns 12 anos.
Foi o minuto mais longo de minha vida, e aquele pequeno jovem nada de respirar.
O instinto me levou a massagear sua garganta, acima e abaixo do Pomo de Adão.
Não sei se ajudou, ou não, só sei que ao fazê-lo, como numa cena cinema, o menino respirou e chorou.
Puxei-lhe no meu colo, beijei-lhe a fronte e o entreguei a sua mãe.
Na saída, olhei para ele e disse: você foi muito corajoso!
Depois, fiquei umas horas sem reação, muito emocionado. No meus braços, um jovem sem respirar, e o longo tempo da apneia mostrando-lhe as presas da morte.
Os sons dos outros que tentavam ajudar, metendo a mão na boca do jovem, batendo nas suas costas, e até sacudindo-o de pernas para o ar ficaram marcados em mim.
Algo me guiou pra massagear sua garganta, a sair da arquibancada da vida e agir.
Fiquei pensando nas coisas que estamos com elas engasgadas, sem forças para expeli-las.
O quanto faz bem uns tapões de amigos em nossas costas, ou até uma massagem como a que fiz.
O músculo cansado do coração agradecerá. Tem engasgos de alma que dificultam a passagem de ar para nossa autoestima.
E aí, só uns tapões em nós mesmos para tomarmos prumo e corrigirmos rotas.
Dói, mas salvará o doente!
Em tempo: O filme, belíssimo por sinal, chama-se As Aventuras de Peabody.
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