Polinizadores do bom, do belo e do virtuoso. (Autor Ricardo de Faria Barros)

Bem cedo, li um desabafo de uma amiga que se sente uma deslocada e estranha, ao conviver com pessoas com baixa inteligência emocional. Veja abaixo:
" Segue uma pergunta às pessoas espiritualmente evoluídas: o que fazer quando você ultimamente tem deparado (não exatamente no meu microlocal de trabalho, pra deixar claro) com uma FAUNA de pessoas excessivamente:
a) arrogantes;
b) revoltadas;
c) desestimulantes e pessimistas, vendo problema em tudo e todos;
d) crentes na superioridade inata, isto é, nascidos para falar o que bem entenderem e não ouvir a contrapartida, porque certamente estão acima do Bem e do Mal;
e) iludidas com a efemeridade do poder e, por isso, desconhecem a palavra Respeito diante dos menos ou nada poderosos;
f) incapazes de relativizar um erro diante de mil e trezentos acertos e esforços? no mundo atual."
Logo depois de ler esse texto, com ele me solidarizar, e até enviar um pitaco, não necessariamente de "espiritualmente evoluída", recebi um post no Whats que por si só a responderá.
"Oi Ricardim, um de seus ex-alunos está hospitalizado, e com prognóstico não muito bom. Ele não tem família em Brasília, e a irmã mais velha veio cuidar dele."
Após breve diálogo, ela continua:
"O pessoal está se revezando para levar sua irmã ao hospital, e agora financiam um Uber, pois se trata de uma senhorinha já bem idosa. Que não conhece nada em Brasília e tem dificuldade de locomoção. Sua aluna XXX, foi quem organizou essa logística do Uber, entre nós".
Uauu!!!
Lembro de uma amigo que dizia que a natureza está grávida de seu contrário. Existe os malas, e os santos, convivendo no mesmo ecossistema social
Eu sei que existem pessoas insalubres que se moldam ou comportam-se como as alternativas de A-F. Elas estão soltas por aí, na "FAUNA". São toxicas, perigosas, que poderão até lhe influenciar a ser como elas, ou lhe farão adoecer, caso conviva muito ao lado delas. Mas, não podemos ir morar numa bolha. Temos que aprender a conviver ao lado delas, mantendo nossas velas singrando pra mares comportamentais, do outro lado dos deles
Conviver com tiranos, sem aprender com eles.
Contudo, também têm outras pessoas soltas por aí nessa mesma "FAUNA". Pessoas de luz. Você deve conhecer um monte delas, ou ser essa pessoa.
Pessoas como as do relato anterior, que adotaram o amigo, em sua enfermidade, e formaram uma corrente de apoio.
Para poder conviver com a insalubridade emocional, de tiranos comportamentais que têm prazer em conduzirem suas vidas como as alternativas de A-F, sem embrutecer, ou aprender com eles, precisamos encontrar nossa tribo do bem, e a ela nos juntar.
Não podemos esmorecer. Não é hora de desistir da humanidade.
É hora de fazer a cota do UBER, para a senhorinha poder assumir os cuidados de seu irmão, com mais conforto.
Entenderam?
O mal e o bem estão na mesma sociedade. Mas, não podemos renunciar à luta, ou achar que eles venceram.
Precisamos encontrar nossa tribo e divulgar suas ações, para que elas formem um fluxo virtuoso, incentivando outras pessoas a fazerem o mesmo. A entrarem no racha do Uber. Entenderam?
O exemplo carrega. Não podemos combater o mal, falando do mal.
A melhor estratégia é fazendo o bem, divulgando o bem, juntando-se ao bom, belo e virtuoso.
O joio e o trigo nascem juntos. Mas, só crescerá mais que o outro, virando alimento, virando comunhão.
Precisamos nos alegrar com quem se alegra. Celebrar com quem celebra. Disseminar coisas boas que vemos. Divulgar as práticas solidárias que testemunhamos.
Pessoas vão se influenciar também com isso.
Já tive muita vontade de sair das redes sociais, pelas coisas que leio nela e que me entristecem.
Mas, eu não posso mudá-los. Só posso contribuir com outras vistas de um ponto, mostrando que para além de ilha de mediocridade, corrupção e crise de valores éticos, ainda existe um oceano de possibilidades para assumirmos nossa própria jornada, peregrina jornada, de bom, manso, generoso, solidário e promotor de uma cultura de paz. Mesmo que tudo ao lado diga não!
Cida, minha mensalista, chega com o café e suas histórias matutinas, de seu cotidiano de "periferia".
Eu amo ser depositário de suas revelações, de suas pelejas, contadas com tantos detalhes e vivicidade.
Ela me conta que deu uma dura nos irmãos. Que o pai dela tem dificuldade de locomoção e anda escorregando na cerâmica da cozinha, local em que ele passa a maior parte do tempo (ele sabe das coisas) e que juntou os irmãos e dividiu entre eles a responsabilidade de comprar um piso anti-derrapante para seu pai, colocá-lo no lugar do original e ainda pintar a casinha de seu pai. E ainda finalizou a reunião familiar dizendo: "É o nosso pai, não é possível que vamos deixar deixá-lo assim".
Meus olhinhos brilharam. Ela chegou justamente quando iria finalizar o texto. Cida é luz. Junte-se à luz, ajude a luz, divulgue a luz. .
Na cota com seus irmãos, Cida assumiu a compra do piso. Investindo 50% de seu salário, que não é lá grande coisa.
Lembrei-me do óbulo da viúva. Aí, disse-me que seu casamento no cartório vai ser sem aliança mesmo. "Só assinarão o papel". Que o par de alianças está muito caro, R$ 600,00.
Lembrei da cota da senhorinha, para que ela vá e venha de Uber, e motivei-me para presenteá-la com as alianças, e ajudar na reforma da casinha de seu pai. Disse-lhe, Cida, sempre que se mexe com reforma, mais coisas aparecem, e orçamentos estouram. Conte comigo para ajudar"
Emocionado com os dois relatos, agradeci a Deus por existirem pessoas que fazem de seu viver bênção para os outros. Que lançam sementes e pingos de água no árido terreno emocional dos dias presentes.
Façamos o mesmo. Quando e nas condições em que possamos atuar.
Precisamos de polinizar as praticas do bom, do belo e do virtuoso.
Mesmo que no ecossistema da flor também habitem os maribondos.
No mesmo galho, como o da foto, há uma lagarta que come as tenras folhas, matando qualquer possibilidade de vida naquele frágil broto. Mas há também uma borboleta, fruto de sua evolução, que poliniza as flores e encanta nossa existência.
Qualquer semelhança com nossa sociedade, não é mera coincidência.
Há seres humanos lagartas de fogo. Rastejantes.
Mas, dente eles, vez por outra evoluem espécies diferentes de pessoas. Aqueles que cresceram no SER, transformando-se em borboletas polinizadoras de valores éticos, justiça, paz, respeito, doação e amorosidade.

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