Cuidado com o lixo que vai se prendendo a você.



Sábado, pelas 17hrs, vinha voltando da Nissan, onde fui trocar o carro, após bem vividos 100.000 KM e 4 anos, quando vi esse carro da foto à minha frente. Bem na minha frente vi quando ele passou por cima de um saco de lixo, e o saco grudou no catalisador do escape, e lá se foi ele levando o saco consigo.
Memórias antigas vieram em minha mente, cenas que vivi tal qual a dele.
Então, acelerei e emparelhei com ele, e relatei-lhe o fato.
Ele parou para retirar o saco, coisa que não fiz em 2012, quando voltava da mesma Nissan, após comprar um carro lá.
Um saco, preso no escapamento, vai derreter e a borracha fedida vai entrar por todos os poros do carro.
Foi assim que comigo aconteceu, e agora, quase revivo a mesma cena, só que na pele do outro.
Tive dó dele e precisava ajudá-lo. Quando ele percebesse que estava carregando os saco de lixo consigo, talvez já fosse tarde, já tivesse tudo derretido e o prejuízo seria grande para recuperar o catalisador, peça muita cara no escapamento.
Engraçado foi a repetição da cena, quatro anos depois e nas mesmas condições.
Então voltei pra casa matutando sobre coisas que se grudam em nós e que fedem nosso existir.
Temos muitos sacos de lixo que se prendem ao nosso viver, ao longo de nossa jornada, e que temos que agir logo para eliminá-los.
Temos que parar nosso carro interior, e remover aquilo que em nós grudou e nos faz mal.
Mas, fazer isso exige coragem, desapego e um profundo sentido de respeito a si mesmo, também chamado de autoestima.
Se deixarmos essas coisas - tipo saco de lixo, irem fazendo morada em nós, sem delas nos desvencilharmos, a cada dia que passa o estrago será maior.
E o pior, quando o escapamento esquenta, aquele plástico começará novamente a derreter e lançar os gases tóxicos, que tiram qualquer perfume de dentro do carro, inclusive aquele de carro novo.
Entende a metáfora?
Precisamos exercitar o autoconhecimento e sacar aquilo que andamos carregando conosco, mas que não nos pertence, não nos faz bem.
Pode ser algum tipo de hábito, algum comportamento destrutivo, algo que aprendemos sobre nós mesmos e que nos faz mal.
Pode ser aquela vozinha interior que diz que não somos bom o suficiente, bonitos ou bacanas.
Pode ser aquele mala que nos suga e nos oprime, mas que dele não conseguimos nos livrar.
Aquele mala tóxico, que tira a graça de nosso viver com tanta humilhação ou dominação que faz exerce sobre nós mesmos.
Ter a coragem de parar no acostamento da vida, e meter a mão no escapamento para retirar o saco de lixo, é um aprendizado muito importante em nosso viver.
O saco de lixo que se prende no escapamento de nosso viver assume várias formas: Hábitos nocivos, atitudes mesquinhas, mágoas encardidas, perdões esquecidos, culpas históricas, arrependimentos fantasmas, pessoas vampiros e posturas para-raios de infelicidade.
Saber de onde vem o fedor de plástico queimado em nosso viver é o primeiro passo para o enfrentamento dele e sua retirada.
Mas, exige, volto a dizer, um profundo sentimento de amor próprio e coragem de mudar.
Coragem de parar no acostamento da vida e agir, no lugar de ficar apenas reclamando numa posição de vítima. Pense nisso!
Agora vou ali, ousar tirar mais uns plásticos de lixo de meu viver.

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