Instantes



Um artista de rua faz malabarismo com tochas, equilibrando-se na vida. 
Um trabalhador carrega o pescado até a banca, cheirando o trabalho ao sorrir. 
Um quadro, rememora o sacrifício do Cordeiro, por nós imolado. 
Uma vó brinca com seu neto, fecundando eternidades. 

E assim a vida vai se tecendo: na arte, no trabalho, na espiritualidade e no aconchego da família. Fio a fio, trama a trama, o novelo de lã vai se desfazendo e compondo infinita possibilidades. Têm vezes que o fio acaba, num dos novelos, mais logo o outro chega e supre-lhe a perda. E as cores vão se misturando, num arranjo multicolorido de experiências, dando sentido à nossa existência. Estruturando o pano de nossa jornada, vamos nos percebendo como um nós. Partes de tudo em nós se molda e nos molda, constituindo-nos como pessoa única. Olhamo-nos no espelho e nos assombramos com a beleza dos outros em nós. Tingidos em mil tons no pano de nosso acontecer e dão vida e sabor ao nosso envelhecer. Quando o trabalho nos negar as cores, que nos redima a arte. Quando a arte for calada, e os fios de aço imperem, que nos salve o Redentor. Quando a espiritualidade adormecer, e não mais encontrar razões para ajoelhar, que na família ela se reencontre. E, quando a família dilacerar sentimentos, que nos valha o trabalho, a fé e a arte.

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