Na vida, abra todos os seus sombreiros. (Por Ricardo de Faria Barros)


Cheguei para almoçar naquele estabelecimento num dia especialmente lindo no Distrito Federal, nesse período do ano, e já com 100 dias sem uma gota de chuva, o céu de Brasília fica de um azul de tirar o fôlego.
No estabelecimento tinha de tudo que gosto: buchada bobó de camarão, bacalhau e tilápia.
Sem pudor, juntei tudo num único prato e perguntei à moça se eu podia almoçar na área externa, para aproveitar o clima de domingo na praia.
Ela acenou positivamente com a cabeça.
O garçom logo me acorreu, abriu o sombreiro e pedi-lhe um chope, que estava delicioso.
A comida descia como luva, e eu dizia para mim mesmo, "um dia e descoberta desse restaurante muito bom."
Aí notei uma coisa, todos os sombreiros ficam fechados. O garçom só abre quando algum cliente opta pelo ar-livre, no lugar do claustrofóbico e incensado salão, com fumaça da churrasqueira.
Os carros que passam pela rua, por não verem os sombreiros abertos, até acham que o estabelecimento está fechado.
Pensei comigo, assim são com as oportunidades que aparecem na vida. Quantas delas pegaram nossos sombreiros fechados?
Por isso que na dúvida, recomendo, abra todos os seus sombreiros.
Pois eles atrairão coisas boas. As pessoas verão que há sombra em ti, e vão querer sentar próximo.
Nosso sombreiros são tudo aquilo que agrega valor pessoal ou profissional ao nosso ser.
São nossos talentos, dons, valores, e competências: atitudes, habilidades e conhecimentos.
Temos que deixá-los abertos para que possamos melhor aproveitar as oportunidades da vida.
Aquele estabelecimento está escondendo o seu melhor apelo, para um domingo de sol e quente, almoçar ao ar-livre, embaixo de um generoso sombreiro de praia.
Precisamos abrir nossos sombreiros para e aproveitar os ventos das mudanças.
Tem gente que não se dar valor. Não se conhece suficientemente bem para valorizar nela aquilo que a diferencia das multidões, ou seja, um aprazível sombreiro aberto.
Pessoas que na vida nunca foram muito elogiadas, reconhecidas e acabam por aprenderem também a não se darem o devido valor. E aí, fecham suas possibilidades de atrair coisas boas, pela visão pequena que passam a nutrir de si mesmas.
Outra, não se preparam para dar sombra. Estão sempre com os mecanismos de superação fechados em si mesmos. De tanto fechamento para si mesmo, em autodescobertas, para os outros, nos relacionamentos, e para com a realidade, na alienação, elas deixam de ser protagonistas de suas próprias histórias e vidas. Deixando-se largados e sem serventia, como uma sombreiro fechado, em dia de sol.
Descobrir os pontos fortes e cultivá-los mais ainda, descobrir as áreas de dificuldade e sobre elas operar, no sentido de superá-las, possibilita a abertura dos sombreiros existenciais, profissionais e até pessoais.
Nada mais triste do que um ser humano que não desenvolve seu potencial humano, e que nunca estará completamente desenvolvido.
Nada mais triste do que achar que já viveu e sabe tudo, que nada mais há para aventurar, descobrir e conhecer. Essas pessoas precisam retornar ao primeiro amor e ter a coragem de abrirem-se novamente às novas e maravilhosas experiências da vida e do viver.
Há muita gente precisando de nossa sombra. E, mesmo que ache que ela não é grande o suficiente, pergunte a quem volta da praia, para a calçada, e sem chinelos, se um pedaço minguado de sombra, em algum lugar daquelas areias tórridas não é um alívio?
Se e´!
Não deixe que fechem, ou você mesmo feche, seus sombreiros.
Nossos dons são para serem colocados em serviço, em doação, numa forma grata de retribuir.
E isso só fará nossa sombra aumentar, melhorando as nossas capacidades de aproveitar oportunidades futuras, já estando no presente capacitados para elas.
Pense nisso!

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