Amigos-Vaga"lumem"

Há dias felizes. Outros, nem tanto. Esses, como ontem à noite. Dia de escuridão e trevas. Que os costumeiros blecautes onde moro agravaram. É chuva forte, é falta de energia. Ontem foi um deles. Dia que as luzes apagam, blecaute. Aí, fui para a varanda e contemplei o infinito, as montanhas, a escuridão, vento e chuva. Aí vi os pirilampos, os vagalumes com sua luzes vadias, errantes, frágeis e belas. Fazia muito tempo que não os via. E penso, se houvesse as luzes da rua, das casas, eu os veria? Se não houvesse faltado energia, eu os veria? Têm luzes que ao se apagarem possibilitam que outras, mais delicadas, preciosas, raras, sejam percebidas. Luzes que estão sempre ali, mas passam por nossa vida sem poderem se fazer presente, pois de tanta correira as ofuscamos com nossa pretensa sabedoria e força. Têm luzes que só vemos quando cansados e prostrados nos ajoelhamos. É na fragilidade de um blecaute, de uma dor, de um luto, de uma angústia que elas revelam-se e nos animam e continuar. Abençoadas luzinhas de vagalumes e pirilampos. Procuro, na escuridão de uma noite, adivinhar onde brilharão, qual a trajetória do próximo flash da natureza. Saber que vocês existem, por mais severa que seja a noite e a escuridão, estimula-me a repensar valores, repensar o que de fato importa. Estimulam a valorizar o que tenho e a melhor lidar com o que falta. Brilhem luzinhas da mãe natureza, luzinhas que resistem aos blecautes e ensinam que um minúsculo ponto de luz errante, ainda assim, pode clarear uma vida e prossegui-la entre as dores e partos de seres errantes, e em sua busca do sentido. Amigos são vagalumes nas noites temerosas. Este da foto é o Mauricio Lyra, um amigo-vagalume. Sempre me ajuda a ver o brilho, mesmo que escondido em brumas e tempestades. Quem têm amigos, têm vagalumes.

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