Manhã de Domingo

Numa caminhada vejo um boneco desfilando em carro aberto. Uma mãe, na beira de um campo, esperando de braços abertos seu filho que marcou um gol. Ao longe, escuto um bravo técnico exortando seu time: "vocês precisam de objetivo". Uma criança passeia na cadeirinha da bicicleta, seu pai estufa o peito e pedala orgulhoso. Um pastor exorta seu amigo. Uma vidente prevê vitórias. Uma pinga envelhecida desce macio. Ao longe, um indigestão de saudade dos filhos mais velhos causa azia. Cresceram. No silêncio da cerca fria, um casal de arvoantes procura seu ninho, no ficus que ali existia, agora derrubado. O boneco segue no fusquinha, contemplando o céu azul. Levando alegria aos transeuntes que o saúdam. E a vida se debruça sobre soluços e aperreios, sobre risos e canções. Sobre medo e destemor. A vida pede licença, em seus matizes diversos, e acontece. Dona Maria cuida de Sr. Jair, hoje não teve limão galego. O pastel acompanha um sorriso, um boa semana. Na Bíblia, o Salmo 1, versículo 1 diz: cuide das coisas do coração. No entardecer, um sorriso, uma mão que afaga. Pela noite adentro, um dia se vai, e, atrás das coxias da realidade, a esperança faceira engravidará mais uma vez o amanhã.

Um comentário:

  1. Ricardim, muito bom esse texto em que você nos traz a poesia da vida. Obrigada!

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