Adelmo, o Mordomo do BB



Terça feira passada meu diretor de Tecnologia, o Luizinho, chamou-me para acompanhá-lo ao Ed. Sede III, "O Olimpo".

- Amanhã faça a barba e venha de paletó.


Missão dada, missão cumprida.


Na quarta, estava todo brilhantina e lustrado, um verdadeiro bonitão das tapiocas.

Perto do meio dia, ele pede que eu desça. Seguimos para o Ed. Sede III, no qual funciona o "Olimpo" do BB.

Para nós, da casa, é a sede do "quartel general", local onde o Presidente, Vice-Presidentes e Diretores despacham.

Entrando no elevador ele pediu 25 andar, nos meus 28 anos de BB nunca tinha entrado ali, lugar sagrado, quase que a cozinha do BB. Deu um frio na barriga. Já tinha ido até o 24.

Nunca tinha entrado naquele andar. Ali funciona um restaurante. Local onde os executivos do BB podem almoçar, levando inclusive convidados. É uma maneira prática de conciliar longas jornadas om uma pausa para as refeições.

Logo na entrada vejo o Dezena, Vice Presidente de Tecnologia, o Osmar Dias, Vice-Presidente de Agronegócios e Micro e Pequenas Empresas, e a Patrícia Midon, secretária do Dezena. Eles nos avistam e nos chamam para dividir à mesa.

Um frio na barriga. Nunca tinha entrado naquele lugar, muito menos almoçado com os "capa-pretas".


Sou salvo pelo cardápio, rsrs, carneiro e risoto de cachaça.

Mas um pouco ocupam nossa mesa o Gueitiro, Diretor de Crédito Imobiliário e o Clênio, Diretor de Agronegócios. Clênio cumprimenta-me efusivamente. Abraçamos-nos como velhos amigos. No passado, estivemos juntos em importantes eventos do BB.
Dezena, vendo minha caipirice, puxa assunto de poesia, feira-livre, São João de Campina Grande.

Osmar, conta um tropeção que deu ao levantar da cama, e bater numa estátua de uma santa que recebeu do Clênio. Clênio convida a todos para em outubro participarem do Círio de Nazaré.
Aos poucos vou relaxando. Ali estão pessoas como eu, não estou no Olimpo.
Os tempos do Olimpo ficaram pra trás, e que bom.
Só não tenho coragem de repetir o prato.
Na saída, umas pessoas me cumprimentam, sentavam noutra mesa. Minha amnésia me trai. Depois, no carro, descubro que era o pessoal da Auditoria do BB, Rudnei e o Auditor chefe. Fui traído pela memória. Já fizemos bons trabalhos juntos ao ajudarmos na criação do curso Auditoria Baseada em Riscos.
Dirigindo-nos ao elevador cruzamos com o chefe dos copeiros do restaurante. andar.
Luizinho sorri, puxa-lhe num canto e a mim, e diz, este aqui daria um livro.
Luizinho me apresenta o Adelmo.

E, ainda bem que a reunião do chefe era pras 15hrs.
Ficamos um bom tempo extasiados com as histórias do Adelmo, este que está entre nós dois na foto.
Sabe aquele filme "O Mordomo da Casa Branca"? Pera aí que já te conto.

Pois bem, se houvesse um filme: o Mordomo do BB, o papel principal seria do Adelmo.

O mordomo do "Olimpo", o Adelmo, tem 34 anos que serve aos executivos do BB no restaurante privativo. Já viu de tudo.
Foi testemunha ocular das mudanças em nosso país, do processo de redemocratização, da inflação, da abertura de mercados e da estabilização da moeda.

Viu muitas trocas de Presidentes da República, e consequentes mudanças na gestão do BB.

Testemunhou, em nossas expressões fisionômicas (o corpo fala) nossos momentos mais difíceis: Fim da Conta Movimento; Ameaças de Privatização; Balanços Deficitários; Injeção de Capital Tesouro; Greves Históricas e o PDV.
Viu os bons áreas da estratégia de Desenvolvimento Regional Sustentável e de Responsabilidade Social.
Viu o Agronegócio virando um dos principais mercados negocial.
Presenciou almoços, verdadeiras celebrações, eram os frutos sendo colhidos e os bons resultados chegando. Viu discussões mais acaloradas, sobre os rumos de nosso BB, entre uma garfada e outra.
Mas, principalmente, viu pessoas que amavam esta Instituição: com ela alegravam-se, preocupavam-se, sofriam e esperançavam novos tempos.
Ahh, se aquela copa falasse!
Parte da história do Brasil ali foi discutida. Apoiar ou não apoiar o crédito, num momento que todos os outros agentes financeiros tiram o pé do acelerador?
Adelmo, com seu cafezinho na hora certa. Com uma sobremesa aqui, um suco acolá. Com um docinho, ia fluidificando os diálogos.
Já viram o filem a Festa de Babete, acredito que ele foi um pouco Babete na instituição BB.
Proporcionou, servindo à mesa, que pessoas se encontrassem para além de seus crachás e poderosos cargos.
Encontram-se na singularidade de comerem juntos.
Na profunda humanidade de dividir à mesa e nos deixar melhores, garfada à garfada, como se o alimento do corpo entrasse na alma.
Quem nunca se sentiu melhor na cozinha da vovó?
Cozinhas são lugares mágicos e místicos. Lugar de ajuntamento, de celebração.
Lugar de renovação das forças.
De encontros, de prazeres que dão água na boca e catalisam relações.
Adelmo nos conta que ano que vem vai se aposentar
Vai voltar para Belo Jardim-PE e cuidar de "sua velhinha", sua mãe. Viver os últimos anos dela, ao seu lado. Diz que chegou na fundação de Brasília, há 54 anos. Que a Asa Sul era dos Maranhenses e a Norte dos Cearenses. Agora entendo porque o Carneiro e Picanha tá na Norte. rsrs
São simples e belos os sonhos do Adelmo.
Lembra-se de cada alto-executivo que serviu. E, para todos, guarda uma recordação de admiração, de reconhecimento. Só deixou adentrar no seu coração coisas boas.
Diz que sempre gostou de trabalha como copeiro, nunca pensou em mudar de profissão.
Ali se realiza. Gosta de identificar os pratos que mais apetecem seus clientes e encantá-los.
Olha pra mim e diz que fui o primeiro a servir-se do Risoto de Cachaça, sorri aliviado
"Coisa de nordestino, sabe o que é bom."
A cachaça é numa micro-dose, só para realçar os sabores e melhorar a elasticidade do Risoto, conta-me.
Adelmo, satisfeito e radiante, diz que o atual Presidente do BB, o Dida, bate o recorde de permanência no cargo, 5 anos e 4 meses. O recorde anterior era do Oswaldo Colin, 5 anos. Fala do Dida emocionado.
Diz que ele o trata como pessoa, e é sempre atencioso com ele. "Cabra trabalhador é aquele, vara as noites aqui. Arregaça as mangas e resolve tudo".
Conta que uns entravam ali e não o via, outros puxavam conversa e gostavam de trocar amenidades.
Existem muitos Adelmos, Corporações afora.
Pessoas que são verdadeiros monumentos organizacionais, cuja história confunde-se com a da Instituição. Pessoas que testemunharam a evolução e mudanças da Organização, vendo-as num prisma privilegiado.
Uma que pena que muitos se tornam invisíveis, peças de mobiliário.
Perguntamos ao Adelmo qual seu segredo de tanta disposição e vitalidade.

Ele nos conta que é o trabalho.

Que vem da alegria de servir.


Sabe tudo este Adelmo!

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