Fôrmas que Deformam...

E quando lhe caírem as fôrmas.
De todos os tipos: 

dos seus pais; 
de uma religião sem amor; 
de seu cônjuge; 
de seu trabalho; 
de sua escola. 
E quando lhes caírem as formas? Você estará preparado para sobreviver para além dos limites das fôrmas?
Têm pais que deseducam seus filhos, ao educar-lhes para as fôrmas, na pretensa e vã intenção de formá-los.
Têm religiões que deformam pessoas. Tiram delas mesmas a força para te crucificar, ou aprisionar na letra, e a letra mata. Religiosidades de um formalismo árido, sem vida.
Têm cônjuges que acham que se amam, condicionando um à moldura do outro.
Numa amálgama, que um deles se dilui para o outro existir. Puro engano de relação a dois, que na verdade é um. E, um deles não sabe. Não se informou ainda que há vida fora da fôrma.
Têm trabalhos que de tão formais, de tanto "faça assim", "não pode",  "já tentaram", "só siga a rotina", anulam tua expressão de sentido, tua autonomia e protagonismo laborais. Tudo previsto, descrito, moldado. E o trabalhador, que após anos de formação para o trabalho, forma-se nele mesmo. Então, não sabe mais viver seu as suas formalidades. Virou um crachá.
Têm escolas que suas fôrmas mais parecem celas, de tão rígidas. Não abre espaço para o questionar, para o novo. Tudo é milimetricamente e metodicamente planejado, tal enchimentos de empadas nas forminhas de metal. Ao delas saírem, as pessoas não sabem mais o gosto de aprender, pelo sabor de aprender, somente!
E, de fôrmas em fôrmas vamos sendo domesticados, amansados em nossas fantasias, ou em qualquer idiossincrasia que rompa os padrões formativos da coletividade.
Fôrmas, fôrmas, fôrmas, algumas necessárias, outras urgem serem violadas, rompidas, tal a raiz desse jarro. Que agora respira livre, embora moldada. 
Lentamente, algumas delas irão subverter a ordem reinante e descerem até a mãe terra, livres. 


Têm fôrmas e fôrmas, 
e formas e formas de lidarmos com elas. 
Umas, libertam, acomodam, ajustam-se.
Noutras morremos um pouco todos os dias. Sufocados.


Que sejamos nós essas rebeldes raízes. 

Que saibamos a hora de romper com velhas fôrmas; e ainda uso o acento, para realçar a forma da fôrma: algo que molda, modela, encaixa, encapsula, estrutura.
Mas, que ao excesso, nos torna nenhum!
Nos torna, eles!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é uma honra.

Crônicas Anteriores