Frutos


Uma árvore exposta, 
cheia de frutos, 
será de natal?
Órfãos de desejo, 
vocações interrompidas. Frutos esperam.
Convite ao amor. 
Qual seu sabor?
Quem provará do esmo?
Aventureiros de todos os tipos apresentai-vos!
Ocos transeuntes não percebem sua graça.
Loucos viajantes apressam o sinal ao seu lado, agoniam o tempo, correm.
Quem provará de teu sabor?
Entre todas, amigas em fila, só tu preciosa expõe-se desejosa e carnuda de sentimentos.
As outras, fecham-se em folhas: protegendo-se da indiferença de quem as vê e não as toca.
Fechadas, protegem-se do desamor, de quem as deixa virarem lama.
Senti por ti frutos silvestres. Não te conheço, sei de teu nome, sabor, aroma.
Senti por ti, frutos ávidos por cumprirem sua missão.
És nós, em cada gomo.
Seres desejantes de em cada momento revelarem-se em lampejos de luz.
Peregrinos em busca de missões que por elas valha a pena viver.
Ah árvore ousada, a única que se despiu das folhas e revelou-se toda em frutos, toda em bênção. Aposto que os passarinhos te amam.
Como tu nos ensina, seres difíceis que somos de nos fazermos frutos para os que de nós procurarem abrigo.
Que ano a ano minha folhas caiam.
E que de meus troncos e galhos retorcidos só fique expostos os frutos - fartos frutos, para animar a jornada de pessoas com fome de sentido, fome delas mesmas.
Uma pessoa exposta, cheia de frutos, será natal?

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