Cartas ao JG - Páscoa 2014

Cartas ao JG - Páscoa 2014

Querido João Gabriel, escrevo estas linhas antes que eu me esqueça, e para manter as lembranças vivas. Ando esquecendo de muita coisa, você sabia que hoje confundi o marido da Rafinha? Rafinha é a irmã da Carol, namorada do Tiago. Pense num mico! Multiplique por dois.
Nossa páscoa de 2014 foi especial. Você tinha 4 anos e 9 meses, não se lembrará quando adulto.
Começamos indo conhecer Paracatu-MG, fica a uns 200 KM aqui de casa. Peguei aquela estrada que vai pra Cristalina por dentro, sentido São Sebastião-DF Unaí-MG, no trevo, segui via Cristalina.

É uma estradinha muito boa. Estava em frenesi. Conhecer uma nova cidade me atrai. De Cristalina pra lá, segui pela BR 040, por mais 100 KM.

Chegamos à noite, próximo das 20hrs. Fiquei todo orgulhoso de acertar o hotel de primeira. Seu pai tem dificuldades com mapas e geo-orientação.

Na noite de quinta fomos conhecer a cidade. Foi amor à primeira vista. Um misto de urbano, histórico e caipira se mistura numa amálgama poderosa.

Você perguntou se tem shopping, morri de rir. Sim, filho, tem. Mas seu pai não gosta.

Fomos jantar num restaurante transado, na rua Olegário Maciel, o Fornalha.

Você adorou, pois tinha daqueles parquinhos de brinquedos de plástico. Logo fez amizade com outras crianças.

À noite acompanhamos parte da procissão do Senhor Morto, que saiu com todos os atores que minutos antes encenaram a Paixão. Ela saiu do Largo Rosário, e era acompanhada por uma banda marial tocando músicas melodiosas e que evocavam o drama da paixão.

Papai ficou muito emocionado. Aqueles guardas batendo as matracas, e lanças no chão, faziam a marcação da música. Algo envolvente e dramático. .
O povo seguia com velas e contrição. Uma cena das antigas e bela. Digna de um filme Italiano.

Na sexta saímos cedinho para um eco-parque chamado de Traíras. Mas uma vez, fiquei orgulhoso de minha condução. Segui via Guarda-Mor e pimba, 38 km depois chegamos.

No caminho, parei para fotografar umas florezinhas brancas. Elas mais parecem chumaços de algodão.

Chegamos ao lugar e gostamos. Limpo, muito verde, uma piscina rústica de uns 300 metros por 100. Toda plana e rasinha. E o melhor filho, a água morninha.

Você fez amizade com a Marcela e pulou todos os corguinhos que na piscina caiam. O pai da Marcela, o Marcelo é muito simpático e colocou vocês no caiaque.

Eu acompanhava fotografando. Depois foi a vez da tirolesa, que caia na piscina, uma delícia. Marcela emprestou-lhe o colete e você foi umas quatro vezes.

Depois foi comer churrasco que o pai da Marcela fazia. Não sabia que podia levar carvão e carne. Da próxima vez faremos um.

Você adora churrasco.

Papai gostou muito de uma cachoeira que funciona como o sangradouro da piscina. Fiz uma hidromassagem deliciosa.

Mamãe se bronzeava. No almoço comemos uma peixada e pirão maravilhosos. Mas, quem roubou a festa foi uma arara da casa, mansinha, que veio comer em nosso prato.

Depois de comer melancia, ela pulou em cima de minha Coca. Acho que está viciada em Coca-Cola.

Voltamos perto das 1530hrs, foi um dia inacreditável. Amizades e natureza, que queremos mais para sermos felizes?

Depois fomos jantar perto do hotel. Você pediu para comer pizza. Lembra que entrei numa contramão e você alertou para placa?

Nem eu nem sua mãe vimos. Seria uma batida das boas. Papai, papai...

O lugar era charmoso e servia muito bem.

No sábado, pela manhã, saímos para fotografar o Centro Histórico, você adorou a Casa da Cultura, o Museu e o parquinho do Lardo de Santana.

Quanta história vimos juntos!
Lembra da frondosa Paineira Rosa, no girador do Cemitério? Ela estava coberta de flores. Um dia você ira revê-la. Enquanto não parei o carro e fiz as fotos não sosseguei.
Enchi o rolo de filme (uma velha expressão para dizer que tirei mutias fotos).

Depois, fomos almoçar na asa da Consensa. Ali, você se esbaldou, até casa da árvore tinha.

O lugar é um misto de museu e restaurante. Senti-me no Séc. XVIII, em plena exploração do ouro. Uma das fontes de renda da região.

Voltamos para hotel, e, antes de fazer o check-out, você nadou tudo quanto pode na pequena piscina do hotel.

Eu entrei também e te ensinei a dar as braçadas. Você já tá bom em flutuação e pernadas. Faltam os braços. Rimos bastante. Sua mãe embevecida, como todas as mães, olhava para nós como quem diz: malucos.

Voltamos, e a nossa casa pareceu mais perto. Quem volta tem essa sensação.

Antecipamos a volta. Sua mãe queria muito participar da celebração da Igreja Metodista do Domingo de Páscoa, pela manhã. E, eu fora "convocado" pelo Pastor André para tirar fotos, visto que haveria batizados.
Foi na casa do Duque, um dia lindo de céu azul e pessoas felizes e boas que se juntaram.
Uma tocante celebração à vida. Você, como sempre, corria e corria e corria. Eu, como sempre, fotografava e fotografava e fotografava.
Depois da Cerimônia acompanhei os adolescentes e entrei na piscina, eu estava preparado com calção de banho por baixo, pois iríamos almoçar na casa de seu tio, o Guga, e lá tem piscina.

Foi uma farra na piscina. Até você entrou de cueca.

Outros adultos, estimulados pelo seu pai, também mergulharam de roupa e tudo. Uma farra das boas.

Depois fomos almoçar na casa do tio Guga. Tava tudo lindo para o almoço da Páscoa. Só senti falta de uma reza, e, o pior, não a puxei. Depois fiquei me sentindo mal por não ter evocado o nome do Senhor Jesus, nem que fosse num Pai Nosso apressado. E, tome ovos da páscoa. Você ganhou vários, com vários brinquedos. No meu tempo não tinha esta moda. Agora, mais valem os brinquedos do que o chocolate.

Minha filha, sua irmã, estava linda. Ela veio de Campina Grande-PB, passar o feriadão aqui e comemorar o noivado. Ainda não tinha visto minha filha de noiva.
Foi uma sensação boa, sei que ela segue os caminhos do coração. E, gosto muito do Bodão, o Hugo, seu agora Noivo.

Descansei, depois do almoço, no redário e babei de dormir.

À noite fomos ao culto e você levou um puxão de orelhas de seu pai, por ter apagado as velas do altar. Você estava impossível. O Pastor elogiou as fotos e a postura de servir de seu pai. Fiquei todo ancho. (acho-=fofo=sentido-se o cara).
No outro dia, a segunda, foi tudo de bom. Acordei cedo e levei o carro para lavar. Depois comprei carne para churrasco, carvão e pão.

Foi uma bonita manhã. Eu e sua mãe fizemos o primeiro faxinão da área de lazer juntos, em quatro anos que aqui moramos. Tome esfregão, água, e tome cumplicidade.

Obedeci todas as ordens, lava ali, esfrega aqui, olha a teia de aranha ali. Estou todo quebrado de tanta água que puxei com o rodo. E, até você entrou na dança, lavando pequenos objetos e as cadeiras.

Perto das 1330 seus irmãos Tiago e Priscila chegaram para almoçarem, trazendo o Hugo, a Rafinha e o Braz. Depois, de surpresa, apareceram o mano Guga, a Patrícia e a Gabi.

Agora ninguém mais me criticava por botar muita comida no fogo. Tá vendo?

Na casa de papai sempre boto comida para um batalhão. Qual problema, se sobrar, comemos na semana.

Tiramos fotos juntos, você fazendo birra. Tem hora que você não quer bater fotos, e eu fico puto de raiva.

Fiquei tão feliz de juntar minha família, ou melhor parte dela. Faltou o Rodrigo, seu irmão caçula que estava na Paraíba.

O assunto do almoço foi o casamento de Priscila. Com direito a piti e choro dela, aflita com tanta coisa pra organizar. Qual noiva não fica assim?

Descobri que o pai da noiva é quem custeia. Ainda bem que já tinha tomada umas outras. rsrsrs

Lá se vai minhas PLRs 2014. Mas, a causa é justa e só tenho uma filha. Ufa!!!

Senti-me honrado em poder ajudá-la nesse momento tão lindo.

À noite, você capotou cedo. Tava cansado. Fomos ver um filme, um drama, daqueles de chorar e comer pipocas.

Filho, aprenda a viver intensamente.
Contudo, reserve tempo para as coisas do alto, as de baixo e as do meio.

Tá registrado. Filho, esta é uma das formas que encontrei de conviver com com minha amnésia.

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