Um traço de luz

Um traço de luz invade um quarto misterioso,
e em penumbra.
Sons palpitam de seu interior,
E evocam banho.
Coração estremece.
Lentamente, uma sombra caminha.
Tufo de cores negras.
Saltam frente à vista estupefata.
Um veio de cor branca aparece,
em rebolados de carne tenra.
Canal leitoso, como riacho sequioso após chuvarada, se projeta num
monte onírico.
Com a vinda do eterno, tudo se faz êxtase.
Convida ao se lançar.
Convida ao descobrir.
Ao aninhar.
Um aroma canaliza sensações.
Tudo vai se fazendo em luz.
Em beleza.
Fantasia e sedução.
Olhares envergonhados, mas decididos.
Corpos se juntam.
Um frenesi, calafrios...
Calores agora em um único.
Uma luz invade as trevas da razão.
Num abraço desafiador de tudo quanto é lógico.
Um roçar de línguas, um amasso de corpos,
um toque, um carinho

Cenas que agora, por dois que são, se completam.
O futuro... que futuro?
O futuro é um agora de desejos realizados, de fantasias alcançadas.
A luz entreabre as frestas do coração.
A luz entreabre as frestas do coração.
Não há mais medo, saudade, melancolia.
Há um abraço que não desgruda.
Há o riso frouxo, de amores desnudos e puros.
Libertos.
Há vontade de encantar, de cuidar e de admirar.
Histórias repetidas a mil.
Mil vezes executadas.
Mil vezes admiradas.
Fichas se alternam.
Na fala aos borbotões.
De seres que se eternizam.
No afago.
No enlace de corações.
A luz invade os cubículos míticos de Eros.
Transcende a razão.
Eleva emoções.
Subima dificuldades.
Libera o fluxo da vida.
Um tufo de pelos negros.
Convida ao desconhecido.
Ao eterno.
Ao encontro.
Ao diálogo.
Do côncavo e convexo, na badalada canção romântica.
Mais que exercício de atletas.
Mais que um rito programado.
Ali não há roteiros.
Scripts.
Não há procedimentos padrão.
Há entrega.
Há caminhos.
Lentamente, seres fingem dormirem abraçados.
Seres se olham.
Se imaginam.
Agora sós.
Se tocam, com toques de fixação.
Se deleitam. Se degustam.
Num último adeus enganam Cronos.
Quando nos veremos?
Quando?
Numa noite feridos,
com vidas partidas,
encontram-se e alteram os rumos dos
vividos, nos destinos de seu ser.
Agora tudo será mudança!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é uma honra.

Crônicas Anteriores