Os Setes Hábitos para Infelicidade - A Hiper-Reflexão


"Ninguém mais é amigo de ninguém".
"Todos os políticos são corrutos"
"O povo daqui é ruim."
O hábito para a infelicidade da hiper-reflexão torna a pessoas escravas de seu ego (consciência). Tornando-as muito observadoras de si mesmas, e perdendo a espontaneidade.
Esta excessiva atenção voltada para o eu (consciência) suscita espasmos de mal-estar generalizado.
Afinal, um pouco de ignorância, de não saber, é vital para a felicidade.
O excesso de reflexão-  a hiper-reflexão[*],  tem como uma das principais manifestações as profecias auto-realizadoras, por exemplo: "Não dou certo em relacionamentos." "Sei que vou travar na entrevista". "Todo chefe me persegue".
Além de ser expresso nas profecias auto-realizadoras, o hábito da hiper-reflexão também se faz presente em pessoas com uma overdose de certezas racionais sobre ela mesma, os outros e a vida - verdadeiros dogmas imutáveis, quase místicos.
Isto dificulta a abertura da pessoa a novas experiências, culturas e aprendizados.
A aura pseudo-intelectual de inteligência não-emocional vai tingindo a vida com tons fúnebres, pesados, sem espaço para o homo-demens e ludens: homem que fantasia e que brinca.
De tanto crerem que as coisas são assim mesmo, elas acabam moldando-se à sua percepção - como quem a lhes dar razão.
O hiper-reflexivo fica com a percepção seletiva, pronta a lhe dá razão, no elementos que filtra da realidade, vista como um bloco monolítico.
Não há espaços para nuances, para degradês.
Tudo é, ou não é.
A hiper-reflexão perde-se em si mesma, não havendo espaço para o irradiar de novas possibilidades que cada situação carrega em si.
De tanto dizer que ninguém presta, que não confia em ninguém, a realidade se moldará a essa crença.
Ninguém irá prestar mesmo.
Na hiper-reflexão, somos sempre vítimas. Nunca temos culpa ou responsabilidade. Depositamos no outro, na vida, nas circunstâncias a nossa felicidade, e passamos o dia a refletir sobre limites, escassez, riscos e falhas.
Um outro tipo de hábito, da mesma etiologia, é o de passar o dia hiper-refletindo sobre doenças físicas ou emocionais. Os sobre as coisas que não deram certo. É um hábito parecido com a ruminação, contudo mais abrangente. Não poupando nada a esse motor do pensamento. Técnicas de relaxamento, de meditação, podem ajudar. Caminhar, focar objetivamente noutras coisas, usando a própria razão para combater o excesso de razão é um caminho.
Perceber as exceções contidas na mesma realidade, será um bom antídoto à doença do excesso de reflexão. No limite, cultivar valores emocionais: a espiritualidade, a empatia, a compaixão, as artes, a o respeito à diversidade, a humildade, o brincar, o lazer, e um pouco de loucura santa de todo tipo de amor - que valha a pena.
Só a inteligência emocional (IE) conseguirá desligar o motor do pensamento auto-centrado, do ego inflado, do turbilhão de pensamentos sobre tudo e todos. Ela, a IE, com suas competências da capacidade de criar vínculos sociais, da esperança, do otimismo, da empatia, de se relacionar, de se auto-conhecer e do humor poderá resgatar em nós aquela criança que um dia soube fantasiar e brincar com a existência, sobrevivendo - não sem arranhões, às intempéries da vida.
Livre da hiper-reflexão, abriremos espaço para uma nova estética do pensar, um pensar liberto de doutrinações, conceitos petrificados e as prisões imaginárias da razão.
Diminua a hiper-reflexão, contrabalançando-a com a inteligência emocional.
Nota Explicativa: Reflexo vem do Latim RE: outra vez, novamente + FLEXUS, “dobrado, fletido”, do verbo FLECTERE, “dobrar”.
“Reflexão”, no processo mental, acontece quando nos voltamos ou “dobramos” nosso pensamentos para um assunto. HIPER, significa algo em excesso, designado para ampliar o termo "super".

8 comentários:

  1. Tudo o que sempre soube mais nunca tive habilidade ou conhecimento para expressar em palavras. Parabéns.

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  2. Que posso fazer a respeito disso? Q tipo de meditação? Já faço terapia e cheguei aqui pq meu analista disse esse termo hiper-reflexão. Realmente desde a infância tenho essa sensação de ficar estagnado pensando, mas é um pensamento vago, q ñ conclui nada, ñ chega a ser um raciocínio mas só um ciclo repetitivo. Por outro lado, tenho momentos de reflexão interna muito intensas também, gostava muito de matemática na escola, adorei Cálculo uma época que estudei e ultimamente trabalho com criatividade e até preciso ficar muito tempo elaborando. Daí meio que se "justifica" essa hiper-reflexão com esses momentos de reflexão realmente produtivos e necessários.

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  3. Creio que cultivar espaços de desconexão da enxurrada de pensamentos e reflexões seja um bom caminho. Artes manuais, hobbies, técnicas de relaxamento, pintura, escrita, jardinagem, criar um pequeno animal. Tudo isto nos leva a tirar o foco do pensamento que faz loops na mente.

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