Têm noites que não são para se dormir (Autor Ricardo de Faria Barros)

Como diz a canção, "uma noticia está chegando lá do interior".
Estamos a um mês do colapso total de abastecimento de água, numa cidade de mais de 400.000 habitantes, Campina Grande-PB, e que vive 4 dias de racionamento por semana.
Não sem razão, seu prefeito decretou ponto facultativo nas repartições municipais, hoje 12/4/2017 .
E, o que haverá de tão importante para tal medida?
O povo quer celebrar. E, celebrar é sempre uma ocasião importante, e tão desacostumada pela nossa gente sofrida.
Caravanas são formadas, vestidos confeccionados, bandas de músicas devidamente escaladas. E, muitas rezas, à beira daquelas águas, estão programadas. E, não é para menos, estamos só com 3% de água para os próximos dias, e já são as do volume morto.
Até a lua brindou esse encontro, tão sagrado, e previsto para essa noite. A noite em que um veio de água que sai lá dos fundões de Minas Gerais abraçará minha cidade natal.
Essa felicidade deve ter sido um pouco parecida com o frisson daquela manhã em Jerusalém, há dois mil anos atrás, quando o povo saiu às ruas para aguardar o Sr. Jesus chegar. Cada um catou algo para segurar nas mãos, abanando-as de felicidade, e vestiu-se com sua melhor roupa para receber o Cristo.
Água é vida, é renovo, é restauração, é esperança, é florescer.
Nas águas do São Francisco que chegam em minha cidade natal, e que aplacam a morte iminente, está o amor de Deus para conosco.
Ele é água, Água Viva. Que sara, liberta e transforma. Tal qual as novas águas no velho Boqueirão.
Que cuida de nós, que nos ama incondicionalmente, que nos acalma e acolhe.
Meu coração, nessa noite estará no leito daquele rio, sequioso rio, que recebe a vida.
Não será noite para se dormir.
Será noite para louvações, gratidões e eternos abraços, daqueles de quebrar os ossos de tão forte.
Abraços que ao dele nos separarmos, e olhamo-nos frente à frente, dizemos-nos, uns para os outros, conseguimos!
Vencemos a morte.
Afinal, "oh! morte, qual a tua vitória?"

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