A falta de sentido de vidas tico-tico e chupins.



A natureza nos ensina muito com os pássaros. O Chupim (ou Godero), como este filhote preto da foto. E a sua mãe esta Tico-Tico.

Certo dia, no jardim aqui de casa, uma fêmea chupim, com preguiça de fazer ninho, invadiu o ninho de uma fêmea Tico-Tico, que saíra para as compras, e depositou seus ovos nele.
Quando ela voltou das compras, passou a chocar aqueles ovos e, agora aflita, tenta alimentar este grandalhão irado com fome. 

Temos pessoas chupins, que não assumem suas próprias responsabilidades e atos diante da vida. Sempre botando "seus ovos" no colo de outros para serem chocados.
Não assumem nada, o problema nunca é deles, e adoram terceirizar culpas, ou demandas a eles endereçados.
Temos muitos funcionários-chupins nas organizações, de qualquer tipo.
Gostam mesmo é de, uma vez crescido seu filhote, aparecerem com ele na foto de "formatura". Ralar, carregar piano, perder noites de sono, negociar, ensinar, levar bronca, sofrer, se esforçar e se comprometer nada. Mas adoram a foto!

Atitude-chupim é aquela que não se coloca como protagonista de seu viver e vive a vida sem envolver-se de fato com nada.
Vida vazia.

Outros são como esta mãe Tico-tico.

Não questionam nada. Não melhoram o processo. São tarefeiros ao extremo. Dizem de forma compungida e vitimizada: "Minha sina é construir ninhos, chocar ovos e alimentar filhotes, independente de serem meus..."

Vão tocando tudo com subserviência. Não reclamam, não apelam melhores condições, não questionam o status-quo, não modificam o ambiente onde inseridos. Temos muitos funcionários-pardais.
Atitude Tico-tico só repete o ditado, o enredo, a saga, o dito, sem modificar nada no ambiente ou influenciar mudanças.
Uma atitude irresponsável, a outra alienada. Ambas presentes em expectadores do do carrossel do seu viver.
Deixaram de cultivar a autonomia e o discernimento de saber a hora de mudar hábitos arraigados, ou de chutar o balde, ou de dizer não gostei!
Deixaram de ser atores de sua vida e o medo os imobilizou.
Medo de fazer seu próprio ninho e chocar suas crias, medo de não chocar os ovos que não lhe pertencem.
Escondem-se sob as normas, procedimentos, leis, regulamentos para não fazerem acontecer o novo!
Repetem: Lei é lei. Ordem e progresso. Ame-o ou deixe-o. Coisas deste tipo, de quem apenas reproduz o ambiente onde inserido, ou acomoda-se totalmente ao mesmo.
Sem questioná-lo, transcendê-lo e, no limite, transformar-se ou transformá-lo.
Nunca centram na dignidade da pessoa humano que o procura, condenando-lhe a pequenas mortes, desde que estejam no regulamento.
Nunca exprimem sua indignação com um: "E por que não?" Ou propõe novos decretos.
Estas posturas chupim e tico-tico fazem mal a todos, mas quando presentes em quem tem que decidir - potencializa seus danos, ao desconsiderar numa determinada ação as dimensões esquecidas da gestão - as humanas.
Já fui tico-tico, e algumas vezes chupim. Hoje menos.
Sinto-me mais gavião ou urubu.

Gavião por não perder a força de lutar pelo que acredita, com foco, energia e velocidade. E vez por outra parar para arrancar as próprias unhas, para que elas renasçam com esperança, e habilite-me a novos embates.

Urubu, por não ter medo de revirar-me nas impurezas humanas, sem perder de vista que preciso purificar-me nas camadas mais altas da atmosfera, com o ozônio (Deus), para que me sinta revigorado na luta contra todo tipo de podridão emocional, inclusive as minhas próprias.

Em tempo:
Na natureza os pardais e tico-tico sobrevivem, mesmo de maneira atabalhoada e expostos ao dawinismo natural.

Na sociedade, Humanos Tico-Ticos e Humanos Chupins morrem em vida, ou delegam a outros o seu viver.

2 comentários:

  1. Lindo texto! Também escrevi um sobre o assunto e compartilhei junto com o seu artigo no meu Facebook Viver Ubatuba. Parabéns, obrigado!
    Sebastião B. Castro
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