Cartas ao JG - Cultive o Amor (Autor Ricardo de Faria Barros, pai do JG - 7 anos).


Sabe filho, hoje quando voltávamos da escola, já na esquina de casa, avistamos uma nuvem-íris.
Paramos o carro para fotografá-la, de tão maravilhados com a cena que ficamos.
Ela estava lá, iluminando uma pequena faixa do céu, com seu raio de cor. Era uma nuvenzinha miúda, sem muita robustez.
Senti um apeto no coração das outras amigas dela não terem se juntado, para fazerem um bonito arco-íris.
Mas, ao mesmo tempo, senti uma tremenda alegria em tê-la conhecido.
Que nuvenzinha-íris mais bela!
Sozinha, mostrando que é possível ser diferente, cumprir o legado de se deixar penetrar pela luz do sol, para com ela fazer o milagre dos tons acontecer.
Ali, pertinho de nós, estava acontecendo um encontro do ar, da água e da luz. E, daquele encontro, saia uma luz diferente A luz da esperança
A nuvenzinha-íris continuou sua missão por uns 10 minutos, até desaparecer.
E, cumpriu seu papel de fazer a diferença.
Cumpra seu papel na vida, filho meu.
Não terceirize. Não culpe as outras nuvens por não terem se juntado a ti, formando aquele arco de luz, que conta a poesia que tem um pote de ouro no seu final.
Garanta seu pote de ouro. Entendeu?
Não podemos renunciar à nossa essência, sob pena de virarmos autômatos - sem qualquer ação sobe o destino de nossas vidas. Nossa essência é nosso pote de outro e nossa essência é boa, livre, corajosa companheira, amiga fiel, e artífice de colaboração.
Precisamos da coragem e ousadia daquela nuvenzinha-íris que independente de uma realidade que a negava, foi lá e debutou em luz, para encanto nosso e de todos que a veem agora, eternizada nessa fotografia.
Siga as veredas do amor, a luz maior que podemos almejar para o outro. Lembra quando me perguntou o porquê dos cordões que coloquei na coluna, perto daquela planta, e te respondi que era para ela crescer por ali, amarrando seus novelos de planta, suas gavinhas, no cordão e dirigindo-se ao alto da casa.
Esses cordões representam o impacto do amor em nossas vidas. O amor nos conduz, nos eleva, nos faz crescer.
O amor nos faz acender e iluminar horizontes, como nossa nuvenzinha-íris, mesmo que sejamos os únicos a assim proceder, como ela
Entendeu a metáfora?
Assim como os quatro cordões que botei para guiar a planta, assim como as quatro cores de nossa criança arco-íris, o amor, quando é dos bons, tem em seu conjunto quatro formas de se expressar, embricadas que se combinam sinergicamente Ou seja, não se pode isolar uma da outra. e uma melhora a força da outra.

Veja quais são e invista nelas, sempre que amar algo ou alguém.
A primeira delas é o apreço. Quem tem apreço por algo valoriza este algo. Tem estima, tem consideração. Sentir apreço amor de apreço é admirar a pessoa amada. Dizer ao outro que o aprecia, faz com que ele saiba que está o caminho certo, está correspondendo Nunca pense que ele já sabe. Diga, diga, diga!!! Mas, só sabe apreciar que se esvazia de si mesmo, que deixa de lado, numa gavetinha e com fome, o monstro do egoísmo, com seu fiel escudeiro chamada de individualidade narcisista. Não tenha pudor em apreciar, em cultivar apreços. Mesmo que não receba na mesma dose. Faça como a nuvenzinha
A segunda é apego. Não falo de dependência doentia. Falo de gostar de estar junto, de não querer perder, de cuidar. Quem tem apego tem zelo, sabe valorizar o amor e, periodicamente, dá uma lustrada nele, para ficar mais apegado ainda. Os relacionamentos amorosos: trabalhador e empresa, empresa e trabalhador, gerente e equipe, equipe e gerente, pais e filhos, filhos e pais, pastores e ovelhas, amigos e amigos, e aqueles de maior conotação erótica, precisam de “lustramentos.” Para não deixar formar crostas, perder o brilho, e não sentimos mais falta dele, ou seja, nos desapegarmos.
A terceira cordinha que apoia e faz crescer o amor, assim como a terceira luz de nossa querida nuvenzinha-íris é o amor de afeto. Afeto é uma emoção das boas, daquelas que pode ser resumida em carinho, ternura, cuidado e amizade. Cultivar afetos é expressar que gosta, que sente falta, que o outro é importante e merece um “cafuné”
A quarta cordinha é a atitude. Ter atitude é mover o destino para um lugar de possibilidades. Para crescer no amor é preciso atitude. O amor pede atitudes, gestos concretos, pede que se vá além dos corações grafados em muros, ou troncos de árvores. Pede comportamentos coerentes, pede iniciativas, pede quebra de rotinas, pede encantamentos sobre o nada. Atitude amorosa é de acolhimento do outro, de sintonia e simpatia ao mesmo. Atitude é um verbo de ação. Amores pedem atitudes para não perderem o viço. Não se envergonhe se todos ao teu lado não souberem mais expressar o amor, com atitudes. Faça-o. Não tema passar recibo de ridículo. Não tema parecer frágil, não tema as críticas do povo sério e sem vida solto por aí, que não causam mais nada, presos em suas modorrentas gaiolas. Tenha atitude, pegada. Não nivele seu querer ao que recebe, der por não saber ser diferente.
Já escrevi sobre apego, apreço e afeto, tempos atrás, e se gostou desse texto depois acesse por lá, em:
Apreço:
https://bodecomfarinha.blogspot.com.br/…/a-teia-da-sustenta…
Então, filho meu, cresça no amor. Não renuncie à sua essência.
E verás que esse amor se materializará em teu viver em várias formas, expressões, sentidos e situações. Mas, em todas elas, haverá para a situação amada as quatro cordinhas e as quatro cores de nossa nuvem: o apego, o apreço, o afeto e a atitude.
De um pai que tem por ti, e pelos outros três filhos, essa cordinhas e nuvem-íris bem lustrada, e todos os dias.

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