O texto de hoje começa com o extrato de um email que recebi.
Não o divulgo para fazer auto-rasgação de cena. Depois de uma certa idade e trajetória, isso é o que menos interessa. Aprendi que tudo deve ser para honra e glória Dele, apenas.
Nem divulgo para ativar invejas ou projeções não trabalhadas.
Divulgo como um sinal de alerta, de para onde está caminhando a educação. Ler que um ex-aluno quis "entrar dentro de um buraco" por um tratamento rude que recebeu de alguém que jamais podia agir assim, na sua ética pedagógica, me dá um nó nas tripas. Veja:
Não o divulgo para fazer auto-rasgação de cena. Depois de uma certa idade e trajetória, isso é o que menos interessa. Aprendi que tudo deve ser para honra e glória Dele, apenas.
Nem divulgo para ativar invejas ou projeções não trabalhadas.
Divulgo como um sinal de alerta, de para onde está caminhando a educação. Ler que um ex-aluno quis "entrar dentro de um buraco" por um tratamento rude que recebeu de alguém que jamais podia agir assim, na sua ética pedagógica, me dá um nó nas tripas. Veja:
TER 17:58
"Olá Professor Ricardo.
Fui seu aluno na pós graduação.
Aprendi muito com o senhor, diria até, que foi o melhor professor que tive até hoje.
Hoje, estou fazendo outra pós, noutro centro de ensino do DF.
Hoje tínhamos aula de XXXXX, o professor desta matéria muito sábio, porém extremamente mal educado e agressivo.
Num momento eu fiz uma pergunta para a colega do lado, e ele virou e disse que eu estava atrapalhando a aula, eu respondi que era uma pergunta sobre a matéria dele. Ele me respondeu: fala comigo ou saia da sala.
Naquele momento eu me calei, baixei minha cabeça extremamente constrangido e me lembrei das suas aulas que eram nas sexta-feiras e eram as melhores aulas.
Queria que o mundo tivesse mais professores igual ao senhor... pq em todas as aulas eu sai edificado com desejo de me tornar uma pessoa melhor... mas hoje eu queria entrar dentro de um buraco.
Obrigada professor por ter sido uma luz!"
Fui seu aluno na pós graduação.
Aprendi muito com o senhor, diria até, que foi o melhor professor que tive até hoje.
Hoje, estou fazendo outra pós, noutro centro de ensino do DF.
Hoje tínhamos aula de XXXXX, o professor desta matéria muito sábio, porém extremamente mal educado e agressivo.
Num momento eu fiz uma pergunta para a colega do lado, e ele virou e disse que eu estava atrapalhando a aula, eu respondi que era uma pergunta sobre a matéria dele. Ele me respondeu: fala comigo ou saia da sala.
Naquele momento eu me calei, baixei minha cabeça extremamente constrangido e me lembrei das suas aulas que eram nas sexta-feiras e eram as melhores aulas.
Queria que o mundo tivesse mais professores igual ao senhor... pq em todas as aulas eu sai edificado com desejo de me tornar uma pessoa melhor... mas hoje eu queria entrar dentro de um buraco.
Obrigada professor por ter sido uma luz!"
Entenderam?
Como está faltando amorosidade na atividade e prática de sala de aula. Vejo isso desde o meu pequeno, cuja primeira reunião de pais e mestres a "tia" só falou de aspectos negativos do retorno das crianças às aulas, após as férias.
E do quanto ela iria "exigir" deles, com provas agora em todas as quartas feiras.
Não sou diferente de muitos colegas de sala de aula que educam com paixão, conheço vários. Um dia, ao ter aula com professores apaixonados, disse para mim mesmo como queria ser quando crescesse. E, ao ter aula com outros, do tipo do relato do aluno acima, disse a mim mesmo como não queria ser.
Meus alunos têm direito a estarem cansados, acessarem celular, rirem, ficarem dispersos, chegarem atrasados, saírem para desparecer, ou simplesmente cochilarem
Eu não tenho esse direito. Eu preciso construir um espaço de comunhão de saberes, dar o meu melhor para eles, tomar catuaba, guaraviton, dar salto soltos e piruetas para trazê-los com encanto até o objeto do conhecimento, que juntos passaremos a manusear e porque não dizer, "contemplar"
Entregar para eles a minha TXAI, a minha melhor porção.
Por isso acho que a sala de aula é um lugar de amar. De acolher o caminhar das crianças, jovens, adultos e idosos; mas sem forçar a relação.
Sem tirar o prazer, com prazer é sempre melhor.
Nunca esqueci de uma professora que lecionava uma disciplina terror na graduação de psicologia, Estatística Aplicada à Psicologia.
Saí da primeira aula em pânico. Não entendi nada de tantas fórmulas.
Fui ter a segunda aula esperando que o terror piorasse, afinal naquela época eu falava que "nada é tão ruim que não possa piorar". Hoje aboli essa frase. A conjugo no sentido inverso. Na segunda aula, ela pegou-nos pela mão e repetiu toda a aula passada, agora subindo mais um degrauzinho de onde paramos
Trouxe exemplos, casos reais, trouxe simulações. E, nos apaixonamos pelo uso da matemática, para auxiliar a análise de aspectos intangíveis do ser humano.
Na pós, lembro do professora Eda Campos e do Professor Paulo Calmon.
A primeira com uma disciplina chamada de Institucionalização da Cultura. Uma pedreira.
Ela falava com tanta paixão, tanto brilho nos olhos, de complexos conceitos antropológicos, sociológicos e culturais que era como se estivéssemos comendo à mesa, e uma comida gostosa. Saíamos maravilhados com Eda, e ela era exigente, ao extremo, e suas provas eram dificílimas. Mas, ela entregava valor na educação, entregava amorosidade e paixão, e nós voávamos nas suas asas.
Outro professor era o Calmon, de Políticas Públicas, ambos da UNB. Ele começava todas as aulas com uma pergunta. E forçava-nos a refletir sobre a vida, as relações sociais e políticas, nos fazendo amar aquela disciplina. Aprendemos que tudo é política, de de como ela pode fazer a diferença na construção de um mundo melhor e mais inclusivo, e que reduzi-la a um partido é um crime.
Nenhum de nós saíamos daquela aula querendo entrar num buraco.
Sinto quando pergunto ao JG sobre suas aulas e ele fala delas sem nenhuma tesão.
Lembro de um vídeo de uma professora Lorena, da rede pública, ensinando com música o uso dos porquês.
Garanto que ninguém sai da aula dela querendo entrar num buraco. Pelo contrário, sai feliz e querendo dançar.
Assim deveria ser a educação, algo com sabor, com cheiro de festa, com ritmo e pegada da vida.
Como gostaria que os professores do JG dançassem em sala de aula, para que o conhecimento fosse melhor trabalhado!
E a você, querido aluno, deixo-vos com poesia: "Eles passarão. Você, passarinho".
Continue se esforçando e dando o seu melhor. Releve a brutalidade dele. Ele pode ter tido um dia de fúria, ou já estar estourado por não saber lidar com barulho em sala de aula. E te pegou pra Cristo. Pode estar sendo mal pago, pode estar desanimado com a disciplina, a classe, pode estar sem melhores condições executar um bom trabalho, com turmas muito grandes. Pode estar cheio de afazeres, do emprego oficial, que rouba-lhe energia. Pode estar de TPM.
Todos nós que aceitamos a vocação de ensinar já sofremos, algum dia, das mesmas coisas acima. Mas, não nos deixamos morrer. Portanto, tenha misericórdia para com ele, no lugar de entrar num buraco, saia dele e o abrace. Devolva com amor, a agressão que recebeu, fruto da não compressão do que ocorria.
Exercite o perdão e a misericórdia.
Não se apequene ao pequeno. Pelo contrário, use a pequenez humana para crescer, doando-se em enormes atitudes. Aquelas que nos tornam melhores e mais sábios, apesar dos pesares.
E obrigado pelo reconhecimento. Só devolvo, e com gratidão, o que recebi dos mestres que marcaram minha vida positivamente.
Professora Lorena em ação, veja abaixo:
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